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AGÊNCIA CBIC

26/11/2013

Reaproveitamento faz das cidades fornecedoras de recursos naturais

"Cbic"
26/11/2013

O Globo

Reaproveitamento faz das cidades fornecedoras de recursos naturais

Reciclagem de resíduos da construção e de demolição deve crescer de 3% para 20% nos próximos dez anos

Cláudio Motta

RIO – Onde há um prédio abandonado, a indústria da reciclagem começa a vislumbrar uma mina. Dela é possível extrair mármore, granito, madeira, brita e areia, além de vidros e telhas. De quebra, a atividade reduz a pressão sobre os recursos naturais e diminui a emissão de gases-estufa. Este reaproveitamento de materiais, indicam estimativas do pesquisador Francisco Mariano Lima, do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, deverá saltar dos atuais 3% para 20% nos próximos dez anos.

Com a reciclagem de resíduos de construção e demolição, que vem sendo chamada de mineração urbana, a tendência é que as cidades se consolidem como fornecedoras de recursos naturais, ressalta o especialista. Sua tese de doutorado, apresentada em 2013 na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), foi premiada em setembro deste ano como o melhor trabalho de Economia Mineral durante o Congresso Anual do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em Belo Horizonte.

— A mineração urbana é um novo setor da reciclagem que está se consolidando no país — afirma Mariano Lima. — Hoje, porém, pouquíssimo é reciclado. Em países como o Brasil, a indústria recicladora ainda emergente só aproveita os produtos de baixa qualidade, que só servem para a base e a sub-base de estradas ou aterros. Por outro lado, a indústria madura nos países desenvolvidos chega a 90% de material reciclado, produzindo agregados de qualidade semelhante aos produtos naturais.

A indústria brasileira da construção deve gerar 100 milhões de toneladas de entulho até o final de 2013, sendo que 90 milhões são resíduos de construção e demolição. Deste total, só 10% têm algum tipo de reaproveitamento. Além dos 3% de reciclagem, 7% deste material são usados sem passar por qualquer tipo de beneficiamento, geralmente para tapar buracos, e têm baixo valor agregado.

A chave para impulsionar a mineração urbana é a separação de materiais. Em vez de colocar um prédio abaixo de uma vez, os especialistas do setor precisam de tempo para recolher os produtos mais nobres. De acordo com Mariano Lima, primeiro são retirados os vidros, depois os mármores. Em seguida, as telhas e o madeirame são recolhidos, incluindo portas e o que houver de valor. Só então a demolição deve começar.

Quando este processo não é respeitado, tudo aquilo que estava no prédio e poderia ser reaproveitado praticamente se perde, virando um entulho de baixo valor comercial. Na melhor das hipóteses, este material vai para aterros e estradas, ou, clandestinamente, para rios e terrenos baldios.

— Só no prédio da Daslu, em São Paulo, R$ 3 milhões em mármore foram perdidos. Em geral, contratantes querem o terreno liberado rapidamente — lamenta o pesquisador. — A Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que determina a logística reversa (quem coloca um produto no mercado deve retirar seus resíduos), deve impulsionar a mineração urbana. O aumento do preço do agregado natural também dará viabilidade à reciclagem.

A tese de Lima analisou os casos das cidades de São Paulo, Maceió e Macaé. As três, segundo o pesquisador, têm diferenças que retratam a desigualdade de ocupação urbana no Brasil. Para a reciclagem, o que importa é a presença de concreto nos resíduos, capaz de gerar brita. Este percentual chega a 49% na capital paulista, 17% na cidade do Norte Fluminense e a apenas 4% na nordestina. Em cidades europeias e japonesas, a média é de 80%.
 



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