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AGÊNCIA CBIC

30/04/2015

Projetos já aprovados totalizam R$ 172 bilhões

Financiamento

Mercado de capitais será principal ferramenta de captação

Os projetos de infraestrutura já aprovados pelo governo para emissões futuras de debêntures somam R$ 172 bilhões em investimentos, informou na terça-feira o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, que participou do Encontro Internacional de Infraestrutura e PPPs, organizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Durante o evento, o secretário confirmou que o mercado de capitais será a principal ferramenta de captação de recursos para a próxima rodada de concessões.

Apesar de a lista de ativos e obras que serão leiloados ainda não ser totalmente conhecida, a principal dúvida que paira sobre as cabeças dos empresários do setor se concentra no modelo de financiamento que será oferecido. Antes um porto seguro para os empreendedores, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá participação bem mais discreta no programa, o que vai obrigar os empresários a tomar recursos por meio de emissão de debêntures de infraestrutura.

Para que os títulos possam ser emitidos e negociados, é necessária a aprovação dos projetos, motivo pelo qual o secretário-executivo celebrou as cifras atuais. Ele debateu com representantes de bancos e de construtoras o atual cenário do mercado brasileiro para essa categoria de financiamento. Mediador do debate, o sócio da BF Capital Renato Sicupira admitiu que o momento "é muito difícil".

"Hoje a restrição creditícia é muito grande. Vivemos uma situação difícil em termos de estruturação financeira e a perspectiva para este ano é muito baixa", disse ele aos interlocutores. Em seguida, Sicupira afirmou que a recente queda no valor dos ativos brasileiros os tornou mais atrativos para investimentos de empreendedores estrangeiros. O que falta, na sua avaliação, é um modelo de médio e longo prazo que proporcione maior previsibilidade para os investidores.

Durante o debate, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento reconheceu que os interessados em concessões de infraestrutura no Brasil ficaram muito dependentes do BNDES e que mudar essa cultura não será fácil. Em sua avaliação, o Brasil oferece aos estrangeiros uma situação bastante cômoda de boa rentabilidade e baixo risco nos investimentos em renda fixa. Para atrair esse dinheiro para os projetos de infraestrutura, será preciso muita criatividade.

"É o que mais nos preocupa neste momento. Nada vai funcionar se não tivermos um quadro adequado de financiamento de longo prazo desses projetos", disse Dyogo Oliveira. "Pela estruturação dos mercados no Brasil, o mercado ficou acostumado a muita liquidez, boa rentabilidade e prazos curtos. E isso não combina com infraestrutura", completou. Sem o mesmo peso do BNDES, segundo ele, tornou-se fundamental a criação de novos instrumentos. "Precisamos atrair a participação de investidores, estruturadores e construtores privados."

Apesar do grande volume de projetos aptos a emitir as debêntures de infraestrutura, preocupa o governo a liquidez desses papéis no mercado. Sem um mercado secundário minimamente ativo, os investidores tendem a evitar os títulos. Por essa razão, Dyogo Oliveira aproveitou o encontro para anunciar que está sendo avaliada a criação de um mecanismo para fomentar a liquidez, possivelmente um fundo "market making", que se compromete e comprar e vender diariamente uma cota de debêntures, a exemplo do que já existe no mercado de ações.

O chefe de project finance do francês BNP Paribas, Gaetan Quintard, disse que, apesar dos problemas, está crescendo a curiosidade dos investidores estrangeiros sobre os projetos de infraestrutura no Brasil. "O financiamento do BNDES é previsível, enquanto que o mercado de capitais é mais volátil", disse ele ao tratar do desafio do governo em viabilizar novas fontes de capital. Para o executivo, no entanto, os outros bancos federais também deveriam entrar no programa de concessões para complementar o leque de funding das empresas. "O mercado de capitais e a participação menor do BNDES podem não ser suficientes", opinou.

Questionado sobre a possibilidade de o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal participarem do financiamento das concessões, Dyogo Oliveira disse que não poderia responder pelas instituições, mas que acreditava que haverá interesse. O secretário também afirmou que o governo está trabalhando no desenvolvimento de ferramentas para aumentar as garantias das empresas no período de obras, que é onde estão os maiores riscos.

Sicupira foi duro nas críticas ao quadro da infraestrutura nacional. Segundo ele, a posição do Brasil no ranking nacional é "ridícula" se levado em conta que o país é a sétima economia do mundo. Ele também alertou que a adoção do mercado de dívida privada como substituto no BNDES não vai ser nada simples. "As debêntures devem ser cada vez mais incentivadas. Mas demora muito. Essa gangorra entre BNDES e mercado de capitais não se faz da noite para o dia, mas louvo a atitude do governo", disse.
 

Valor Econômico (Especial – Parceria Público-Privada)

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