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26/03/2013

Materiais 'verdes' são estratégias de fornecedores

"Cbic"
26/03/2013

Valor Econômico/BR

Materiais 'verdes' são estratégias de fornecedores

Guilherme Meirelles  
 Fornecedores de insumos para a construção civil têm se empenhado para reduzir a emissão de CO2. Essas boas práticas podem ser demonstradas tanto durante o processo de produção como no lançamento de produtos específicos que tenham maior vida útil e que proporcionem ganhos na economia de energia e melhor conforto térmico aos usuários. Embora não haja estatísticas específicas sobre o mercado dos chamados "materiais verdes", as empresas que decidiram investir nesse segmento estão otimistas com a boa aceitação e acreditam que nem mesmo um eventual baixo crescimento da economia será capaz de atrapalhar os negócios em 2013.
 Fundada em 2006, em Santo André (SP), a Nanotech do Brasil aposta nas vendas do isolante térmico acústico Nanothermic 1, uma resina à base de polímeros e microesferas cerâmicas para aplicações em coberturas (os chamados "telhados brancos"). O produto substitui insumos tradicionais, como lã de vidro e poliuretano. Segundo José Faria, presidente da empresa, trata-se de um conceito desenvovido na Nasa e fabricado no Brasil com matérias primas nacionais. "Investimos cerca de R$ 1 milhão por ano em P&D. Ainda estamos em estágio inicial, mas estamos crescendo", diz. Há um ano, a produção mensal era de 15 toneladas por mês e hoje atinge 30 toneladas, com capacidade de produção de até 300 toneladas por mês.
 Não é um produto barato – aplicação por metro quadrado tem custo médio de R$ 30 e por enquanto está restrita a grandes empresas e algumas obras públicas, como o Metrô do Rio, ou empresas que necessitam de depósitos climatizados. Em 2009, diz Faria, o Nanothermic 1 foi aplicado na cobertura de um depósito de medicamentos da GlaxoSmithKline, no Rio de Janeiro. "O local exigia temperatura de 24º C e para tal tinha quatro sistemas de ar-condicionado. Após a aplicação, passou a usar apenas três", afirma. Faria diz que o produto tem vida útil de 20 anos e oferece garantia de cinco anos.
 Em Cesário Lange (SP), a Cerâmica City conseguiu reduzir o desperdício na produção de blocos cerâmicos em apenas três anos, de 22% para 1%. "Investimos R$ 5 milhões ao ano na modernização de equipamentos visando mais eficiência por meio do aproveitamento de todos os resíduos", afirma Constantino Bueno Frollini, diretor administrativo.
 A queima nos fornos utiliza resíduos de madeira, o que resulta em economia de óleo e gás. Há também sistema de reúso da água e captação de água da chuva. "Há três anos, a produção era de 8 mil toneladas mensais e hoje é de 12 mil. E, nosso ganho de energia em relação ao bloco similar de cimento é de 50% no processo de produção. Nosso processo é sustentável em toda a cadeia", afirma Frollini.
 Para o engenheiro Vanderley John, professor da Escola Politécnica (USP) e conselheiro do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), alguns setores da construção possuem grau de excelência em redução de emissão de CO2. em seus processos produtivos. Porém, ele nota um paradoxo. "Setores como o de cimento, de aço, com empresas como Gerdau, Votorantim e Arcelor Mittal, ou de alumínio, contam com sistemas eficientes de baixo impacto ambiental, mas não divulgam suas práticas por não terem apelo de marketing junto ao público. Por outro lado, há empresas que produzem materiais de pouca durabilidade, principalmente telhas recicladas, e declaram à sociedade que seus produtos contribuem para o meio ambiente". O professor defende a tese de que a sustentabilidade de um produto se mede não apenas pelo impacto de emissão de CO2 em seu processo produtivo, mas sim pela sua vida útil.
 Em geral, diz, a relação entre o impacto gerado entre um produto fabricado dentro das normas internacionais e um similar inferior é de 1 para 4, ou seja, o produto fora das normas polui 4 vezes mais.
 No caso do cimento, a indústria nacional foi considerada a de menor emissão específica de CO2. entre mais de 900 unidades fabris de 46 países no mundo, segundo levantamento da entidade Cement Sustainability Initiative (CSI).
 Nos últimos 15 anos, a indústria cimenteira investiu em técnicas de coprocessamento de resíduos (como pneus usados, tintas e solventes) em fornos de cimento, contribuindo para a redução de lixões nas áreas urbanas. Segundo Yushiro Kihara, gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a indústria nacional produz 8 tipos distintos de cimento. Dois se destacam na aplicação de grandes obras, caso do cimento aditivado com 70% de escória (resíduo siderúrgico) e aditivado de pozolana (com argila queimada). "Podemos dizer que são os 'cimentos verdes' de mais durabilidade e usados em obras como a ponte Rio-Niterói, barragens e usinas", afirma.
 Tais iniciativas, porém, ainda não geraram centros urbanos ou redes sustentáveis de ecoeficiência energética. Segundo o arquiteto e urbanista Carlos Leite, autor do livro "Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes", há projetos em andamento, como a Cidade da Copa, próximo a Recife (PE) e a Cidade Pedra Branca, em Palhoça (SC). "Há no Brasil uma desproporção entre marketing verde e produtos e materiais pertencentes a uma cadeia de produção dos mesmos que seja efetivamente mais sustentável."
 

 
"Cbic"

 

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