Correio Braziliense/BR
Indústria limita expansão
Com a inflação em disparada e com o mercado de trabalho dando sinais de esgotamento, o pessimismo passou a ser uma sensação comum entre os industriais. A frustração já aparece, inclusive, nos números da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade revisou ontem para pior as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) e do desempenho fabril no ano. A expectativa de expansão da economia caiu de 3,2%, em abril, para 2%, e da produção do setor recuou de 2,6% para 1%. Além do cenário doméstico, as condições internacionais sobretudo a desaceleração da China dão ainda mais peso para o desalento dos empresários.
As novas previsões da CNI indicam ainda alta de 1,5% para a indústria de transformação, queda de 1,3% na extrativa e avanço de 1% na construção civil, segmento que, apesar de ainda estar no azul, não descarta uma estagnação. Para Flávio Castello Branco, gerente executivo de Política Econômica da entidade, as medidas adotadas pelo governo como estímulo à indústria, a exemplo da desoneração da folha de pagamentos e da redução de tributos para os consumidores, foram insuficientes.
As medidas não foram potentes o suficiente para reverter o quadro de dificuldade competitiva, justificou. Elas foram adequadas em termos de diagnóstico, mas precisam de mais intensidade ou celeridade, defendeu. Apesar da frustração com o desempenho do setor e do país, a CNI projeta uma melhora dos níveis de investimento: alta de 5,1%, ante a expectativa de 4% apresentada em abril.
O consumo das famílias, tido como um dos mais importantes motores da atividade deve passar de um crescimento de 3,5% para 2,3% no ano, segundo o estudo da confederação. Castello Branco explicou ainda que o volume de compras dos brasileiros possivelmente recuará em função do menor dinamismo do mercado de trabalho e do maior comprometimento da renda com o pagamento de dívidas.
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