Comissão de Indústria Imobiliária da CBIC debate avanços para o setor

Financiamento imobiliário, estoque de funding e Reforma Tributária foram temas destacados durante a Rodada de Negócios do Mercado Imobiliário, promovida pela Câmara Brasileira na Indústria da Construção (CBIC), nesta quinta-feira (17).

Com temas que buscam o avanço do setor imobiliário no Brasil, o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da entidade, Ely Wertheim, destacou a intenção de promover encontros recorrentes com conteúdos de impacto no dia a dia das empresas.

Durante o evento, o economista e assessor do Secovi-SP, Luis Fernando Mendes, destacou a estrutura de funding que, entre 2021 e 2023 contou com aumento de 16%. O valor, composto pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Letra Imobiliária Garantida (LIG), Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Fundo de Investimento Imobiliário (FII), chegou a R$ 2,06 trilhões em 2023. 

Mendes destacou principalmente o crescimento do CRI que estava em R$ 99 bi, chegou a R$ 198 bi este ano e do LCI, que passou de R$ 116 bi para R$ 301 bi. “Esse crescimento, ao longo dos anos, pode ser justificado pelas  mudanças de legislações que aconteceram em 2018”, disse. 

Já os recursos do SBPE têm apresentado queda, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A expectativa é que os novos financiamentos tenham queda de 13% em 2023, passando para R$ 156 bi. “Esta queda supera a estimativa do Bradesco BBI de R$ 100 bi de capacidade de execução do SBPE nas condições atuais. Ou seja, para atender o mercado com financiamento adicional, será necessária a emissão de títulos e instrumentos financeiros”, apontou Mendes. 

Para o economista, mesmo com uma eventual redução da taxa básica de juros nos próximos meses, não deve ser percebido alívio significativo na seletividade de clientes e nas taxas de juros praticadas no SBPE este ano, já que os bancos permanecerão super aplicados. 

Em relação ao financiamento do FGTS, em 2023 está prevista a contratação de R$ 97 bi. Segundo o economista, o Fundo continua pressionado pela incerteza da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e por projetos legislativos que buscam novas modalidades de saque e atendimento de faixas de renda média-alta diante da elevação dos custos e limitações do SBPE. “Apesar da aparente saúde financeira, as mudanças regulatórias e os novos saques podem afetar instantaneamente sua sustentabilidade financeira e atuarial”, apontou. 

“Apesar de todos os esforços das entidades para melhorar o sistema, algumas estruturas legais não podem ser alteradas, e podem acabar afetando o caixa das empresas”, complementou Ely Wertheim.

Outro tema debatido durante a reunião, foi a Reforma Tributária. O presidente do Conselho Jurídico (Conjur) da CBIC, Fernando Guedes, destacou que, até o momento, o setor está bem posicionado em relação à Reforma. “Estamos tendo tratamento diferenciado devido à especificidade do setor setor imobiliário por sua característica de consumo. É um bem fixo, com durabilidade de muitos anos”, disse. Segundo ele, a batalha será maior quando for trabalhada a regulamentação. “Precisamos muito da união do setor”, disse Guedes. 

A pauta da Reforma Tributária segue em tramitação no Senado e de acordo com o advogado e membro do conselho jurídico do Secovi-SP, Rodrigo Dias, o setor precisa estar atento para que seja mantido o que foi aprovado na Câmara dos Deputados. “Em paralelo a isso, será preciso trabalhar, desde já, a lei complementar porque ela trará consequências específicas”, alertou. 

A CBIC tem sido ponto focal do setor na Reforma e tem trabalhado intensamente junto aos parlamentares, apontou o assessor legislativo da CBIC, Luis Henrique Cidade. 

“A CBIC tem sido uma entidade aglutinadora, que conseguiu mobilizar toda a cadeia imobiliária, consolidando o posicionamento do setor e mostrando o seu reconhecimento”, complementou o assessor legislativo do Secovi- SP, Pedro Krahenbuhl. 

O evento também contou com a participação do economista-chefe do Secovi-SP e ex-presidente da CII, Celso Petrucci, e do diretor de produtos imobiliários da B3, Marcos Caielli. O sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, Fabio Tadeu Araújo, ainda destacou os principais dados do mercado nacional sobre lançamento, vendas e ofertas, extraído de 217 cidades. Os apontamentos serão aprofundados durante coletiva de imprensa no dia 28 de agosto, fique por dentro!

 

O evento tem interface com o projeto “Melhorias para o Mercado Imobiliário”, da CII/CHIS da CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).