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AGÊNCIA CBIC

18/05/2015

A poupança secou

16 de maio

O aumento dos juros e do desemprego leva a retiradas recordes das cadernetas, diminuindo a principal fonte de recursos para o financiamento de imóveis no país

O setor imobiliário é um dos termômetros mais sensíveis para avaliar a confiança em uma economia. No caso dos empreendimentos residenciais, as famílias apenas se animam a contratar um financiamento quando conseguem poupar pelo menos parte dos recursos necessários e acreditam que terão condições de pagar, por muitos meses, as prestações da dívida – que será quitada em até trinta anos, muitas vezes. O mercado de imóveis viveu dias promissores entre 2008 e 2012, impulsionado pelo aumento do emprego e dos salários, além da expansão da oferta de crédito. O volume de empréstimos chegou a crescer 42% em 2011. Desde então, entretanto, o ritmo arrefeceu. Em São Paulo, o número de imóveis vendidos, considerando-se os novos e os usados, caiu 35% em 2014. O lançamento de novas unidades recuou 7%.

Trata-se de uma notícia negativa, em um país onde o déficit habitacional ainda é imenso. Com o aumento do desemprego e a elevação dos juros, o setor deverá se manter em ritmo lento nos próximos meses. Para completar, outra dificuldade já começa a afetar a liberação de crédito para a compra da casa própria: a falta de recursos. A grande fonte de dinheiro para os financiamentos são os depósitos nas cadernetas de poupança. De todo o volume de recursos guardado nessas aplicações, 65% deve ser usado, obrigatoriamente, no crédito imobiliário. Mas a caderneta deixou de ser uma aplicação vantajosa por causa do aumento da inflação e dos juros, fazendo com que muitos poupadores transfiram seus recursos para outros investimentos, como os fundos DL Além disso, várias pessoas precisaram sacar seus depósitos para pagar dívidas. Como resultado, desde o início do ano os saques superam os depósitos. No atual ritmo de retirada, os especialistas do setor calculam que, até meados do próximo ano, não haverá mais recursos da poupança para bancar o financiamento imobiliário. Restariam apenas as linhas subsidiadas, para a baixa renda, ou financiamentos com recursos próprios dos bancos, com juros ainda mais altos.

Entre janeiro e abril deste ano, o Banco Central registrou retirada de 23,7 bilhões de reais da poupança, o pior saldo da série histórica desse indicador. Estima-se que 70% desse valor tenha sido reaplicado em investimentos mais rentáveis. Os outros 30% tiveram como destino o pagamento de contas. "Se esse ritmo de retirada continuar, deveremos fechar o ano com uma saída líquida de recursos da poupança 74 bilhões de reais", diz Octavio de Lazari Jr., presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

A Caixa Econômica Federal, o banco responsável por 70% dos financiamentos, já restringiu drasticamente a concessão de novos empréstimos. Além de aumentar duas vezes os juros em menos de seis meses, anunciou que financiará no máximo 50% do valor de imóveis usados, e não mais 80%. A Caixa, presidida pela ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior, tem dito que as mudanças fazem parte de uma estratégia de privilegiar a habitação para famílias mais pobres, financiada pelos recursos do FGTS, e os imóveis do Minha Casa, Minha Vida. O crédito com os recursos do Fundo de Garantia pode ser obtido por pessoas com renda de até 5400 reais, para imóveis de até 190 000 reais. Os bancos tentam negociar o aumento desse teto, para até 300000 reais.

Atualmente, 8 a cada 10 reais de empréstimos imobiliários concedidos pelos bancos privados valem-se dos recursos da poupança. Por isso, o emagrecimento no saldo das cadernetas preocupa os empresários do setor, que já lidam com a dificuldade da retração na economia. Uma proposta apresentada pelas construtoras é a liberação de parte dos depósitos compulsórios, que não podem ser emprestados – 30% do saldo fica retido pelo Banco Central. Dessa forma haveria mais recursos disponíveis. Entretanto, o BC é contrário a essa ideia, porque aumentaria a circulação de dinheiro na economia em um momento de aperto na liquidez monetária como maneira de combater a inflação. O setor só voltará a ter dias mais favoráveis, portanto, quando a inflação ceder e os juros diminuírem. Assim o crédito começará a fluir novamente, e as famílias voltarão a ter confiança no futuro da economia./ Revista Veja

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