Jornal Brasil Econômico/RJ| /10/12/2010
A economia e a educação
Cláudio Conz
Não tenho dúvidas de que a qualidade da educação é um dos pilares do crescimento sustentado. Avaliando nosso cenário e as perspectivas econômicas e sociais do País, alguns especialistas temem pela falta de mão-de-obra qualificada, situação que já é realidade para alguns setores da economia, como o da construção civil, do qual sou membro.
No último dia 12 de agosto, pude participar do Colóquio Educação Profissional e Inovação, no auditório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília. O evento foi organizado pelo Observatório da Equidade do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão da Presidência da República. Participaram do encontro empresários, representantes dos Ministérios de Ciência e Tecnologia e da Educação além de diretores de associações setoriais. E o principal objetivo deste encontro foi justamente o de aprofundar as discussões sobre os rumos da educação profissional, técnica e tecnológica no Brasil, com foco nos desafios para a formação de trabalhadores para a sociedade do conhecimento e para a inovação.
O Observatório da Equidade do CDES identifica as desigualdades no ensino e formula propostas para melhorar o nível de escolaridade e o desempenho do sistema educacional. Para o Conselho da República, do qual faço parte, precisamos criar uma política de formação profissional para deixar de ser um país exportador de produtos primários e podermos desenvolver produção de maior valor agregado, fortalecendo a capacidade de inovação das empresas.
Não temos dúvidas de que a formação profissional precisa estar atenta à inovação e aos avanços tecnológicos. Precisamos sim formar engenheiros e pesquisadores que vão desenvolver novas tecnologias,mas não podemos nos esquecer do pessoal na outra ponta da cadeia: os profissionais de chão de fábrica e os operários. Para o nosso setor da construção, um dos campeões em acidentes de trabalho, qualificar este profissional é fundamental.
No dia a dia, vivenciamos a falta de mão de obra qualificada, que acaba acarretando diversos problemas. Muitas vezes, o que vemos é o aluno sair da escola sem condições de entrar para o mercado de trabalho.O ensino básico é insuficiente, precisamos preparar melhor nossos jovens, para gerar emprego e renda. Existem vagas que acabam não sendo preenchidas por falta de qualificação. É necessário promover cursos de capacitação verdadeiramente alinhados às demandas do mercado, para todos os níveis de profissionalização.
Assim, é fundamental aprofundarmos o debate sobre a importância do fortalecimento e de uma maior articulação das políticas públicas e privadas de formação de trabalhadores. Quem identifica as necessidades de qualificar é a empresa. Nos anos 1980, havia uma lei (Lei 6.542), que estabelecia o abatimento do gasto em qualificação de seu imposto de renda. Neste período, demos saltos extraordinários na formação do número de mestres e doutores, assim como profissionais para todos os fins. Precisamos resgatar este mecanismo, pois quem vai ganhar com isso é o brasileiro. Temos um grande desafio pela frente, e acredito que agora é a hora de darmos as mãos para realizar este trabalho. —– É necessário promover cursos de capacitação verdadeiramente alinhados às demandas do mercado, para todos os níveis de profissionalização —– Cláudio Conz / Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)
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