Casas Olé surgem como caso de sucesso

Fundada há seis anos, a construtora do engenheiro André Montenegro trabalha uma técnica de foco na agilidade do prazo de construção, no barateamento dos custos e na baixa exigência de mão de obra especializada, além de não gerar resíduos sólidos. São as chamadas Casas Olé. No entanto, segundo ele revelou, apesar de todos estes quesitos, a empresa só veio ganhar impulso com o lançamento do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) do governo federal, lançado em 2010, quando saltou de 200 construções anuais para cinco mil.

 "Chegou um momento que se precisava de grande produtividade a partir de mão de obra pouco capacitada e nós atacamos de frente os dois problemas", contou o engenheiro. Ele lembrou de uma demanda jamais experimentada pelo setor no Brasil para a produção de residências para as camadas mais baixas da população e em um nicho no qual ele poderia conquistar mais participação no mercado nacional.

 Montenegro declarou ainda que, para investir nos programas habitacionais, "não basta ter dinheiro se não tiver tecnologia", pois o lucro adquirido com eles "ainda é muito baixo". De acordo com ele, as Casas Olé só puderam ser produzidas para o MCMV por que a construtora já possuia as técnicas e não teve de gastar mais dinheiro com o desenvolvimento de estudos e práticas de construção. "Para ganhar dinheiro com a baixa renda você tem que ter mais tecnologia para baixar seus custos", argumentou.

 Menos especialização

 Entre as vantagens do projeto desempenhado pela empresa, Montenegro ressaltou também como diferencial positivo a redução de até 75% na mão de obra especializada.

 "Eu não estou sofrendo mesmo com a escassez de mão de obra. Eu consigo, em três dias, treinar uma pessoa para trabalhar nas casas olé", afirmou, contando que a maioria dos funcionários são serventes e "não tem um pedreiro trabalhando no canteiro de obras".

 Atualmente, a estratégia montada por ele rendeu à sua construtora mais três fábricas além da primeira, em Brasília, localizadas em Itaitinga e Pacajus, no Ceará, e outra em Alagoas. Todas três inauguradas a partir do ´boom´ da habitação no ano passado.

 Sustentável e rápido

 Os outros pontos positivos da tecnologia usada na construtora, destacados pelo engenheiro, também tratam da otimização da produção. Uma casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, distribuídos em uma área de 40 metros quadrados, leva três dias para ser construída com a técnica empregada nas Casas Olé. Para contemplar o conceito dos novos tempos, é acrescentado à rapidez da produção, a ausência da produção de entulhos nos canteiros. "Praticamente eu não tenho desperdício de material. É zero resíduo sólido gerado", garantiu.

 Montenegro argumentou que a montagem dos blocos sem apresentar as características de uma obra convencional, onde há sobras de cimentos, areia, entre outros, proporciona baixo impacto ambiental. "E a casa que eu faço é toda de alvenaria, o que evita a rejeição cultural da população, pois a casa é toda de tijolo", ressaltou.

 Para Montenegro, as Casas Olé poderão pleitear até 10% de todas unidades estimadas pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE) e da Caixa para o ano de 2012. "Esse número já está de bom tamanho para a gente", afirmou o empresário. (AOL)

 Economia 75% é até quanto pode ser reduzida a quantidade de mão de obra especializada durante a construção com o método.