Logo da CBIC

AGÊNCIA CBIC

29/08/2011

Selic deve ser mantida em 12,5%

"Cbic"
29/08/2011 :: Edição 167

 

Jornal do Commercio RJ/RJ 29/08/2011
 

Selic deve ser mantida em 12,5%

JUROS – Especialistas avaliam que reunião do Comitê de Política Monetária deverá abandonar temporariamente a política de aperto monetário e interromper sequência de altas, em função das incertezas decorrentes da crise no EUA e zona do euro
 
  Em virtude das incertezas decorrentes do recente agravamento da crise de liquidez nos Estados Unidos e da deterioração fiscal na zona do euro, os 26 economistas consultados pelo Jornal do Commercio e pela agência internacional de notícias Bloomberg avaliam que o Comitê de Política Monetária (Copom) optará por abandonar, pelo menos por enquanto, o ciclo de aperto monetário ao final da reunião que começará amanhã e terminará na quartafeira. A decisão significaria interromper a sequência de cinco altas consecutivas, que levaram a taxa básica de juros da economia, a Selic, aos atuais 12,5%.
 Há meses, as elevações têm sido o principal instrumento do Banco Central (BC) para desaquecer o consumo e enxugar o crédito no mercado interno, com o objetivo combater a disparada da inflação que, apesar dos esforços da autoridade monetária, já atingiu 7,1%, estourando o teto da meta do governo (6,5%), como indicou a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo para o mês de agosto (IPCA-15). Em vista da conjuntura econômica externa, analistas se perguntam se uma mudança de direção, com o início de um período de alívio monetário no futuro próximo, seria a melhor saída para se evitar que a crise derrube o mercado interno.
 Apesar de considerar que a taxa de juros será mantida após a reunião desta semana, o ex-diretor do BC e economistachefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Carlos Thadeu, afirma que há razões para se iniciar a sequência de cortes na Selic. Segundo ele, o momento é propício para que o BC deixe de lado – sem abandonar completamente – a preocupação em combater a alta de preços e concentre suas forças em evitar que a crise nos países desenvolvidos abale significativamente as bases da economia interna.
 "A desaceleração econômica, que será provocada pelos problemas externos será suficiente para fazer a inflação ceder e convergir para o centro da meta do governo (4,5%) no ano que vem", ressalta, salientando que nada leva a crer que a recuperação do cenário externo ocorrerá no curto e médio prazos.
 INFLAÇÃO.
 O economista concorda que a inflação em 12 meses está alta, mas frisa que seria imprudente sustentar o aperto monetário no quanto os preços subiram no período.
 "Isso nos prenderia no passado em um momento em que precisamos olhar para a frente e nos ater às condições que definirão esse futuro." O ex-diretor do BC diz acreditar que o comitê não deverá derrubar a taxa já na reunião desta semana, por seguir uma espécie de tradição cujo objetivo final é não "pegar o mercado de surpresa". "A autoridade tem por costume preparar o terreno antes de anunciar que rumo dará à política monetária", afirma. "Assim, para cortar os juros agora teria que ter indicado algo neste sentido em comunicados anteriores", acrescentou.
 Segundo Thadeu, os sinais emitidos pelo comitê até o momento apontam simplesmente para a estagnação dos juros, sem qualquer indicação para cortes no curto prazo. De fato, em sua última ata, o Copom substituiu a expressão "suficientemente prolongado", que dimensionava a expectativa da autoridade quanto ao tempo de duração do aperto monetário e passou a ser interpretada pelo mercado como prenúncio de subsequentes aumentos nos juros, pelo termo "sem viés", que foi visto por especialistas como um sinalizador claro do fim do ciclo de elevações.
 INDICADORES.
 Na avaliação do economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovini, o BC brasileiro seguirá os movimentos de outros BCs do mundo e aguardará a divulgação de indicadores internos e externos, antes de definir qual será sua estratégia. O economista avalia a manobra como acertada e afirma que autoridade deveria ter a cautela de esperar pelo menos até o fim do ano, para ter uma ideia clara sobre quais serão os efeitos da atual crise. "Não acredito, contudo, que haverá ruptura na economia mundial, com a quebradeira de bancos na zona do euro e os mercados enfrentando uma aguda crise de confiança", afirma.
 Entre os dados aos quais o BC deverá estar atento, o economista destaca a taxa de desemprego dos Estados Unidos que, segundo ele, é importante termômetro para as expectativas de empresários e trabalhadores para o crescimento daquele país. Outra informação importante, salienta, é o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), cujo relatório para o segundo semestre será divulgado na sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 "Os números deste levantamento, contudo, ainda não refletirão os efeitos da crise, que só deverão começar a aparecer no próximo", diz.
 A economistasócia da Galanto Consultoria e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PucRio), Mônica Baumgarten De Bolle também considera que as incertezas na conjuntura econômica global justificam a interrupção do ciclo monetário, já que esta seria uma parada estratégica para se avaliar os possíveis impactos da crise.
 Ela, no entanto, acredita que seria precipitado partir para um ciclo de cortes de juro.
 "Estamos muito longe de uma ruptura e a inflação segue pressionada e, isso sim é preocupante", argumenta. A economista ressalta que as recentes quedas observadas no comportamento dos preços medido pelo IPCA ficaram aquém da sazonalidade esperada para o índice e projeta que o indicador fechará 2011 na casa dos 6%, mesmo sob o impacto da crise no mercado interno.
 PRIORIDADES. Mônica avalia que o governo tem pecado ao tentar combater a inflação de forma "inconsistente". "O que se vê é o governo tentando combinar uma política monetária restritiva com uma política creditícia relaxada, que acaba por aquecer a demanda", explica. Na opinião da economista, o quadro atual não traz indícios de que este seria o momento certo para interromper o ciclo de elevações na Selic, que, segundo ela, deveria encerrar o ano em 13% para garantir a conversão do índice de preços ao centro da meta. "Precisamos estabelecer prioridades", recomenda.
 A professora alega que o relaxamento na luta contra a inflação implicaria em abrir mão de um crescimento econômico sustentável, o que poderia prejudicar seriamente o País no futuro. "Seria melhor crescer menos, com estabilidade de preços". Mônica ressalta, contudo, que o aperto monetário surtirá os efeitos desejados mais rapidamente se for conjugada com rígidas políticas de contenção de crédito e gastos públicos.
"Cbic"

 

COMPARTILHE!

Maio/2024

Parceiros e Afiliações

Associados

 
AELO
Sinduscon-AM
Sinduscon-Brusque
Sinduscon-Norte/PR
Sinduscom-SL
Ademi – MA
Sinduscon-Pelotas
Sinduscon-PR
Sinduscon-PE
SINDUSCON – SUL
Sinduscon-RIO
Sinduscon-SM
 

Clique Aqui e conheça nossos parceiros

Afiliações

 
CICA
CNI
FIIC
 

Parceiros

 
Multiplike
Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea