
AGÊNCIA CBIC
Práticas ESG mudam as relações entre as empresas e com os colaboradores

A adoção das práticas de gestão com base nos preceitos do ESG tem sido benéfica para as relações entre as empresas do setor de construção, tanto construtoras e incorporadoras como todas as companhias fornecedoras, e também delas com seus colaboradores. E isso pode ser percebido, cada vez mais facilmente, com dados e informações divulgadas nos balanços oficiais das companhias. Ao integrar práticas sustentáveis, socialmente responsáveis e pautadas pela ética em seus projetos e operações, as empresas têm sido melhor avaliadas pelos consumidores, têm acesso a créditos especiais, e mais em conta, em bancos e entidades de financiamento, e inclusive chamam mais atenção de colaboradores em busca de oportunidades no mercado.
O assunto foi discutido no painel Desafios e Oportunidades ESG na Engenharia do Futuro, durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da quarta-feira (09/04). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo até 11 de abril.
Para a mediadora do debate, Ana Cláudia Gomes, vice-presidente de Responsabilidade Social da CBIC, o ESG é uma agenda necessária para o futuro das próximas gerações. E as novas gerações já entenderam a relevância disso, e procuram empresas que usam das melhores práticas. “A engenharia do futuro vai usar de toda a tecnologia possível para continuar gerando valor, mas também tem a preocupação em diminuir os impactos gerados para a sociedade”, afirma.
O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
Conselheiro do Serviço Social da Construção Civil (Seconci Brasil), Antonio Carlos Salgueiro avalia que a atuação conjunta entre entidades, governos e empresas tem trazido benefícios para colaboradores e todos os envolvidos no setor da construção. “Essa é uma parceria que vem trazendo mudanças significativas na maneira de atuação das empresas, com ótimos resultados para todos”, conta. Para a gerente executiva do Seconci Brasil, Denise de Carvalho Noleto Silva, o setor está muito bem estruturado com as normas e práticas recomendadas sobre ESG. Mas o mais importante são os avanços no foco em direitos humanos e cidadania, especialmente no ambiente de trabalho. “O nosso compromisso está em promover o desenvolvimento humano e a cidadania, trazendo mais saúde e segurança nos canteiros de obras, apoiando cada vez mais as discussões e campanhas sobre estes assuntos”, afirma.
Braço social e ativo – O Seconci, que reúne empresas com o intuito de oferecer qualidade de vida aos trabalhadores do setor, assumiu como ponto importante o compromisso de ser um instrumento de melhoria social, para o atendimento direto ao trabalhador pela condução de diversas campanhas associadas a temas relacionados ao ESG nas obras e auxilia as empresas a cumprirem as normas.
Para os trabalhadores são oferecidos diversos serviços gratuitos, pois tudo é custeado pelas empresas, mediante uma taxa mensal. “O nosso objetivo principal é ser o braço social do setor de construção, com ações específicas focadas na saúde e bem-estar, atendendo pontos importantes com metas em relação ao cuidado com crianças, prevenção e tratamento do uso de álcool e drogas em obras, e fornecer acesso a serviços de saúde essenciais e de qualidade aos trabalhadores do setor”, conta Denise.
Para Vinicius Benevides, vice-presidente do Sinduscon-RJ e diretor de Operação da Dimensional Engenharia, um dos desafios é mostrar que a agenda ambiental e social não está restrita às grandes empresas. Para o executivo, o setor da construção possui responsabilidade social há mais de 60 anos, empregando e cuidando de trabalhadores em todo o Brasil. Mas, com o surgimento da expressão ESG, passou a ser essencial as empresas se adequarem a um modelo responsável, com ações bem definidas, mas sempre deixando claro que elas também buscam o retorno financeiro e de reputação. “A busca das empresas por oportunidades de serem sustentáveis, dentro dos padrões atuais do ESG, representa a mudança de mentalidade de companhias super focadas nos resultados imediatos, para aquelas que pensam também a longo prazo e estão preocupadas em entregar melhores práticas para a sociedade”, opina Vinícius.
Na opinião de José Luiz Esteves, gestor executivo de Sustentabilidade e Relações Institucionais na MRV, as ações de sustentabilidade buscam diminuir os desafios da engenharia do futuro. A empresa produz estudos e análises sobre inovações e novos materiais e formas de construção, com o objetivo de utilizar técnicas e maneiras melhores de construir, diminuindo as emissões e o impacto na biodiversidade, por exemplo. “Fazemos desde a análise de vulnerabilidade climática até a adoção de um compromisso de medir os impactos das obras, com a meta de baixar os principais índices de governança do ESG no Brasil. Isso exige muitas adaptações, inclusive regionais, como na gestão de resíduos, na qual diversos municípios criam normas específicas sobre o assunto”, finaliza.
Premissa que gera relevância – Segundo os participantes do painel, o ESG está ligado ao compliance e à mitigação de riscos. É sempre muito importante estar em conformidade com as leis e as normas para as melhores práticas do setor. E, para isso, o pilar da governança se torna essencial, pois permite a criação de índices e a mensuração de dados, importante para pautar ações para todos os públicos envolvidos. “Fazer ESG não é fazer filantropia, mas é essencial para o bom andamento do trabalho das pessoas, e do negócio das empresas. Ao manter a sua força de trabalho em conformidade com normas, as empresas promovem o bem estar de seus colaboradores e colaboram com a sociedade em geral”, afirma Vinícius Benevides, do Sinduscon-RJ.
Ao aderir aos conceitos ESG as empresas criam impacto positivo, estão alinhadas às políticas públicas e aos anseios da sociedade, podem conseguir capital mais acessível, utilizando as linhas de crédito com condições melhores para este fim, e se mantém relevantes em um mercado que cada vez mais se atualiza e abraça as novidades.
O tema tem interface com o projeto “ESG no Setor da Construção”, da Comissão de Responsabilidade Social (CRS/CBIC), com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).