AGÊNCIA CBIC
Os desafios para a capacitação do trabalhador da construção
A capacitação dos trabalhadores da construção tem sido tema cada vez mais debatido dentro da engenharia civil. Visando o debate sobre o assunto, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) promoveu debate durante o 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), com especialistas no tema para discutir as questões fundamentais sobre o perfil dos profissionais e os desafios enfrentados nesse segmento.
Para o presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT), Fernando Guedes, a origem básica das questões que envolvem o setor é a carência de capacitação. Durante sua fala, ele afirmou que mesmo com todos os avanços do setor, ainda se tem muitos processos produtivos feitos de forma artesanal.
“No entanto, chegamos a um impasse, pois, para mudar esse paradigma e adotar um processo mais industrializado, é necessário enfrentar esse problema desde a sua origem. Precisamos contar com trabalhadores capacitados para essa transformação”, destacou Guedes.
Com o objetivo de identificar esses gargalos em torno da capacitação desses profissionais, o Sinduscon-GO realizou uma pesquisa entre setembro e outubro de 2022, sob a ótica do trabalhador e no que ele pensa diante desses desafios.
“De acordo com a pesquisa, 73% desses trabalhadores que atuam no setor da construção têm interesse em se qualificar”, mostrou o presidente do Sinduscon-GO, Cezar Mortari, presente no debate.
Além disso, ele trouxe possíveis caminhos para auxiliar nessa qualificação. “Um dos temas que está em destaque e que pode auxiliar no processo de industrialização do nosso setor é trazer capacitações voltadas para isso e também para a produtividade voltada para a construção 4.0”, afirmou. Ele completou citando os treinamentos oferecidos pelo Senai, além de trabalhar temas como a inovação tecnológica.
Outro ponto a ser trabalhado, de acordo com o engenheiro, é a questão da inclusão da mulher nos canteiros, além de trazer um olhar para dentro da empresa. “É preciso também olhar para o endomarketing da empresa e para a comunicação com a sociedade, e em como ela está olhando para o setor”, disse Mortari.
Presente no debate, a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, também trouxe alguns dados que podem auxiliar na identificação desse perfil do trabalhador. “A partir disso nós conseguimos entender muita coisa da capacitação e o potencial dela para a mão de obra do setor”, afirmou.
De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2021, dos 2,3 milhões de trabalhadores do setor, mais de 1,2 milhão têm o ensino médio completo. “Essa informação é importante para mostrar que isso é capaz de influenciar nessa capacidade de absorção e na capacitação do trabalhador. Ele está apto a receber um treinamento para a gente evoluir nos processos construtivos”, disse Ieda, ao completar que o estudo mostra que o avanço na questão da escolaridade comprova a mudança no perfil da mão de obra.
Destacando o ponto de vista do empresário, o arquiteto e urbanista Ricardo Michelon, avaliou os dados como positivos e enfatizou que pode guiar o empresariado para qualificar o profissional do setor. “Esse olhar detalhado é o que vai nos trazer a possibilidade de ter algumas ações práticas, no sentido de buscar o que a gente quer, que é a produtividade, e de melhores condições de forma geral”, destacou.
Finalizando o debate, a economista Ieda apontou o trabalho de valorização do trabalhador feito pela CBIC e destacou que esse profissional precisa sentir também que é valorizado. “A atividade dele está ajudando não só a construção, mas também a construir o futuro do país. Nenhum desenvolvimento econômico sustentável acontece sem passar pela construção civil”, finalizou Ieda.
O tema tem interface com o projeto “Segurança e Saúde no Trabalho e Relações Trabalhistas na Indústria da Construção”, da Comissão de Políticas e Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).
O 96º Enic é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), conta com a parceria da FEICON; o apoio do Sesi e do Senai; e tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal, Sebrae, Mútua, Zigurat, Totvs, Mais Controle, CV, Sienge, Orçafascio, Kone, PhD Engenharia, Alto QI, Acate, Brain e Ingevity.