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AGÊNCIA CBIC

24/07/2013

Obras em ritmo lento e emprego mais difícil

"Cbic"
24/07/2013

Correio Braziliense

Obras em ritmo lento e emprego mais difícil

SIMONE KAFRUNI
A construção civil, que já foi uma das principais responsáveis pelo crescimento da economia em anos recentes, ao lado da agropecuária, passa por um momento difícil, e não vê perspectiva de recuperação tão cedo. Em junho, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o segmento voltou a reduzir o nível de atividade, que já vinha apresentando queda acentuada. E o esfriamento dos negócios tem diminuído a oferta de mão de obra no setor, que emprega mais de 3 milhões de trabalhadores: desde abril de 2012, as construtoras não expandem o quadro de funcionários.
De acordo com a Sondagem Indústria da Construção, divulgada ontem pela CNI, o indicador que mede a evolução da atividade caiu de 46,9 para 44,3 pontos no mês passado. Pela metodologia da pesquisa, os números variam de 0 a 100 e, quando ficam abaixo de 50, indicam retração. Mas construtoras e incorporadoras não estão apenas reduzindo o ritmo das obras e dos lançamentos imobiliários. Elas também estão operando muito abaixo da capacidade. O índice que avalia o nível de atividade em relação ao usual para o setor recuou para 42,3 pontos, o patamar mais baixo da série estatística, que começou a ser construída em dezembro de 2009.
"O desaquecimento é comum a empresas de todos os portes", informou o economista da CNI Danilo Garcia. Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, o primeiro semestre foi um período muito ruim para o setor. "A construção civil, em geral, acompanha o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que está deixando a desejar. Ainda não temos os números consolidados, mas, neste ano, os primeiros seis meses foram de retração no segmento", lamentou. "E, seguramente, 2013 não vai ser um ano bom", destacou. O empresário observa que o setor contribui com 7% da formação do PIB. Se for considerada toda a cadeia produtiva, a participação sobe para 10%.
Demissões
Realizado com 522 empresas na primeira quinzena de julho, o trabalho da CNI mostra que o esfriamento dos negócios tem afetado o nível de emprego. O indicador que acompanha a evolução do número de empregados passou de 47,4 pontos, em maio, para 45,5, em junho. Um dos motivos do enfraquecimento da atividade foi a finalização de muitas obras voltadas para a Copa das Confederações, realizada neste ano, e para o Campeonato Mundial de Futebol, que vai ocorrer em 2014. Em Brasília, por exemplo, a conclusão do Estádio Nacional Mané Garrincha fechou 5,5 mil vagas, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliários de Brasília (STICMA), Edgard de Paula Viana.
"Nós tivemos um período em que faltava mão de obra para atender a demanda. Hoje, não falta mais. O mercado de trabalho está apenas razoável", disse o sindicalista. O problema só não é maior, segundo ele, porque grande parte do pessoal que estava empregado no canteiro de obras do Mané Garrincha era de fora e optou por voltar para as cidades de origem. "O trabalhador na construção civil é meio nômade", explicou.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Julio Cesar Peres, o ramo de incorporação foi o que teve maior desaceleração em 2012 e 2013. No ano passado, segundo ele, 40 empreendimentos foram lançados no Distrito Federal. Este ano, apenas 10.
Na avaliação do vice-presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi/DF), Eduardo Aroeira Almeida, entre 2010 e 2011, o setor chegou a ter dificuldade de conseguir mão de obra porque, desde 2009, estava crescendo a taxas recordes de 20% ao ano, o que não acontece mais. "Hoje em dia, o mercado está mais estabilizado e não há mais pressão por conta da escassez de trabalhadores", avaliou.
A situação se repete pelo país afora. Segundo Rogério Cizeski, presidente da Criciúma Construções, a maior incorporadora da Região Sul do Brasil, 2012 já foi um ano de desaceleração, e o primeiro semestre de 2013, também. "Apesar de parecer que uma lenta recuperação está começando, não estamos contratando empregados. Na minha empresa, saíram 100 funcionários e não precisei recolocar ninguém", explicou.
Na sala de espera do STICMA, não há nenhuma dificuldade para encontrar profissionais assinando a rescisão de contratos de trabalho. Francisco Pereira de Souza, de 43 anos, 22 deles dedicados à construção civil, foi dispensado pela empresa assim que terminou o serviço como ajudante de hidráulica no canteiro de obras. "Eu estava emendando um trabalho em outro. Agora, tive que sair", contou, lamentando a demissão. Laílson Silva Carvalho ficou sete meses como auxiliar elétrico em uma incorporadora e também foi demitido. "A empresa está dispensando trabalhadores. Só na minha área, já saíram mais de 10", revelou.
A redução no contingente de empregados nas grandes empresas do setor melhora o quadro para os serviços especializados, ao mesmo tempo em que retira a pressão sobre os salários. O presidente do STICMA, Edgard de Paula Viana, observou que, antes, estava muito difícil conseguir mão de obra para fazer uma reforma ou algum pequeno trabalho de construção. "O pedreiro autônomo estava cobrando até R$ 150 por dia para trabalhar", disse.
Entraves
Outros fatores, além do enfraquecimento da economia, colocam entraves ao crescimento da indústria da construção civil no país. Na avaliação de Almeida, da Ademi-DF, o governo não faz a parte dele. "As dificuldades para aprovação de projetos são enormes, é muita burocracia e insegurança jurídica. Temos um projeto pronto que está esperando pela ligação da energia elétrica há seis meses. Outro aguarda há um ano e meio por aprovação. São gargalos que também atrapalham o setor", afirmou.
Julio Cesar Peres, do Sinduscon-DF, concorda. "Tivemos que adiar um projeto por 30 dias por falta de eletricidade. A empresa teve que fazer, por conta própria, uma subestação para colocar a energia em uma obra, quando isso é infraestrutura que deveria ser garantida pelo governo. Essas dificuldades emperram o crescimento mais veloz do setor", ressaltou.
Se a situação já não está boa, não há perspectivas de melhora à vista. Segundo a pesquisa da CNI, os empresários mostram pouca confiança com as possibilidades de negócios nos próximos meses. O indicador de expectativa sobre o nível de atividade ficou em 54,6 pontos em julho, acima da linha dos 50 (o que significa expectativa positiva), mas 5,6 pontos abaixo da média histórica.
"As empresas não vislumbram uma recuperação mais forte do segmento ainda neste ano", avaliou o economista Danilo Garcia. Apesar disso, a esperança é de que, neste segundo semestre, as construtoras e incorporadoras consigam reduzir os estoques de imóveis, já que os lançamentos estão desaquecidos. A desova poderá regularizar um pouco os preços, que andavam supervalorizados.
"Mesmo no auge da produção, o setor não conseguiu atender o crescimento demográfico, o que ainda assegura uma margem de demanda por imóveis", explicou Almeida, da Ademi-DF. Ele considera que, apesar de estar alto, o endividamento das famílias não é um grande problema para o mercado imobiliário. "Para comprar uma casa ou um apartamento, o cidadão só precisa ter o nome limpo e capacidade de pagamento. Além do mais, a inadimplência do setor é uma das mais baixas. Na Caixa (Econômica Federal) é de apenas 0,4%", disse.
Para Cizeski, da Criciúma Construções, as vendas estão boas na faixa de apartamentos de até R$ 200 mil e de terrenos. Os grandes imóveis ou apartamentos com preços milionários são os que estão emperrados. "Esses não têm mais saída, porque os preços estão muito elevados, mesmo já tendo sofrido uma queda de 20%", explicou. Para Peres, do Sinduscon-DF, a geração de obras públicas, prometida para o segundo semestre, é uma esperança para reaquecer o setor.
 

 



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