
AGÊNCIA CBIC
No ENIC, especialistas apostam na inovação aberta para digitalização da construção

O desenvolvimento de tecnologias digitais de forma colaborativa e aberta pode ser o caminho para escalar a transformação digital do setor da construção. O BIM, Modelagem de Informação de Construção em tradução da sigla em inglês, mostra-se vantajoso a corporações que aderiram a projetos digitais em que custos, plantas, obras, terrenos e análise de métodos são acompanhados em detalhes, com imagens de 3D e outros apelos visuais produtivos. Esse cenário foi discutido em painel do Encontro Internacional a Indústria da Construção (ENIC), na tarde da quinta-feira (10/04), na cidade de São Paulo. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo até 11 de abril.
Tiago Lopes Silva, membro do grupo de jovens lideranças da construção CBIC Jovem, expôs uma das principais causas do receio de muitas empresas em abraçar a tecnologia. “O mercado acaba atrasando o processo porque não temos tecnologias mais amigáveis. Precisamos achar uma forma de atender a esta dor”, destacou.
O ENIC é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
Durante o painel, Erik Santos, gerente de Engenharia Sênior da Construtora Andrade Gutierrez, um dos líderes da implantação de inovações tecnológicas da empresa, disse que não existe “receita de bolo”. Segundo ele, a implantação de tecnologia depende da cultura de cada empresa. “É preciso ver qual é a trilha de cada um”, comentou. Na experiência da AG, apontou, o caminho encontrado foi se concentrar na necessidade criada a cada obra, desenvolvendo soluções com o apoio de uma start up de tecnologia.
Mudança de mentalidade – Santos mencionou que o meio de chegar a este processo de criação foi identificar as pessoas mais abertas a estas novidades em diferentes níveis. “Há os que se interessam pela inovação, e sabem mandar com ela, e há os que se interessam em fazer e trabalhar com ela.”
Esta forma de mudança da cultura corporativa foi corroborada por outro dos convidados do painel. Felipe Lima, CEO e Founder da Inbuilt, empresa desenvolvedora de projetos 3D para construções, com experiência em aplicativos para moradores residenciais, marketing e engenharia de construtoras, afirma que esta inserção ajuda a quebrar a resistência do centro do comando, que não tem às vezes como ou porquê se preocupar com esta decisão.
De acordo com Lima, muitas vezes o projeto do empreendimento não está preparado para a implantação da inovação, o que exige a aproximação e o processo como explicado por Santos. “A dor da arquitetura é diferente da do marketing, que é diferente da necessidade da fachada. Sempre há o retrabalho. Qual a solução mais maravilhosa? A gente vai fazendo o possível. É resiliência, perseverança e seguir a vida”, disse o CEO da Inbuilt.
A experiência na implantação aberta de inovações digitais, segundo os expositores, mostrou que não se pode ter pressa no retorno financeiro, seja em custos ou produtividade. O melhor para cada processo, reforçaram, vai se descobrindo ao longo do caminho. Se o modelo aberto engatinha nos empreendimentos residenciais, ainda praticamente inexiste nas obras de infraestrutura, embora, em parte, esteja começando a escalar.
Estímulo e colaboração – “Levantamento topográfico em ferrovia é possível fazer em algumas horas, antes eram em alguns dias. Não dá pra não usar mais certas tecnologias hoje”, disse o executivo da AG, cujo empenho atualmente é integrar de forma pontual o BIM nos projetos. Iniciativas como estas adotadas por grandes empresas estão nivelando o mercado e criando padrões, servem de exemplo para os pequenos, de acordo com Felipe Lima.
Os participantes foram unânimes na avaliação de que, ainda que mais lentamente do que o desejado, a digitalização avança no setor da construção. A forma de desenvolvimento aberto, na opinião de Dara Silveira, também membro da CBIC Jovem, tem se mostrado a rota mais eficaz para acelerar o processo. “Vai ser muito rápido se a gente usar a colaboração. Sozinho, os gastos e os tropeços serão maiores. Se você soma esforços com parceiros, e juntos criam um ponto de ação, uma inovação aberta, vão ficar apenas tropeços, pequenos erros. Não comecem sozinhos, é o que digo.”
O tema tem interface com o projeto “ESG no Setor da Construção”, da Comissão de Responsabilidade Social (CRS/CBIC), com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).