AGÊNCIA CBIC
Ministério pretende medir impacto da Lava-Jato na redução do emprego formal
19/03/2015 |
Valor Econômico – 19 de março Ministério pretende medir impacto da Lava-Jato na redução do emprego formal Por Edna Simão, Eduardo Campos e Camilla Veras Mota | De Brasília e São Paulo O ministro do Trabalho, Manoel Dias, anunciou ontem que o governo está tentando medir o impacto da Lava-Jato na redução do número de vagas com carteira assinada no país e avaliar como a Petrobras pode fazer uma reserva de caixa para pagamento de dívidas trabalhistas. A construção civil, que sofre com o menor ritmo de execução de obras desde a deflagração da operação, tem perdido vagas de maneira significativa neste início de ano. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o setor fechou 33,3 mil postos em janeiro e fevereiro. "Neste primeiro momento, a questão da Lava-Jato influenciou em redução de emprego. A Petrobras pediu que procuremos os sindicatos, para ver o alcance que teve", frisou Dias. Ele ressaltou que as demissões no setor de petróleo influenciaram o desempenho do Rio de Janeiro, que liderou a lista de cortes. O Estado fechou 11,1 mil vagas em fevereiro e foi seguido por Pernambuco (-10,6 mil), Bahia (-6,8 mil), Rio do Grande do Norte (-4 mil), Espírito Santo (-3 mil) e Maranhão (-2,3 mil). O ritmo de demissões na construção civil tem surpreendido economistas que acompanham o mercado de trabalho. No ano passado, o setor já teve um desempenho bastante negativo, ressalta José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, com o fechamento de 145,3 mil empregos com carteira, de acordo com a série sem ajuste. Em fevereiro, foram 25,8 mil postos a menos; se incluído janeiro, as perdas sobem para 33,3 mil. Parte dessa piora, afirma o economista, pode estar relacionada à Operação Lava-Jato, que tem afetado o caixa e os negócios das maiores empresas do setor. Fabio Romão, da LCA Consultores, acrescenta a perda de fôlego nas vendas de novos imóveis, decorrente, por sua vez, da desaceleração da alta dos salários e do maior comprometimento da renda das famílias, e a dinâmica típica dos períodos pós-eleições – já que nos meses anteriores ao pleito o governo geralmente gasta mais com investimentos em infraestutura. Segundo o economista, o cenário para o setor nos próximos meses, ao contrário das expectativas do ministro do Trabalho, deve incluir novas demissões. A projeção de queda para o PIB da indústria neste ano, ressalta Romão, é ainda pior do que para o ano passado. Em 2015, o indicador deve cair 7,1%, de acordo com as contas da LCA, contra retração de 5,2% prevista para o ano passado.
Edna Simão, De Brasilia e São Paulo |
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