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Inflação torna-se a principal preocupação de empresários
Por De São Paulo
A inflação voltou ao topo das preocupações dos executivos brasileiros. Em uma lista de seis problemas imediatos – inflação, câmbio, mão de obra, inadimplência, custo do crédito e demanda fraca -, o aumento dos preços recebeu notas de oito a dez para a maioria dos 23 premiados na 13ª edição do "Executivo de Valor", durante evento realizado ontem à noite, em São Paulo. O prêmio é concedido aos melhores executivos em 23 setores da economia.
"Tudo o que a indústria tenta ganhar em produtividade para ser mais competitiva perde na inflação. Essa escalada inflacionária é uma grande ameaça", diz Fábio Venturelli, presidente do grupo sucroalcooleiro São Martinho. "A inflação reduz a capacidade de compra das pessoas e quem mais sofre são os que têm os menores salários", diz Márcio Utsch, presidente da Alpargatas.
Se a inflação é o principal entrave de curto prazo ao crescimento, fatores de mais longo prazo também foram apontados. A qualificação da mão de obra – temor número um em 2012 – ficou em segundo lugar neste ano, acompanhada de perto pelo câmbio. A receita dos executivos para um Produto Interno Bruto (PIB) mais vigoroso e sustentável nos próximos anos passa pelo aumento da competitividade.
Demanda fraca e o câmbio valorizado estão entre as maiores inquietações de Harry Schmelzer, presidente da fabricante de motores elétricos WEG. "A indústria passa por um momento difícil, o que pode ser percebido pela perda gradual de dinamismo e de participação do setor na economia", diz. Para ele, as medidas adotadas pelo governo – como redução do custo do crédito e desoneração da folha de pagamento – ajudam a mitigar o problema. Mas a retomada do crescimento envolve mais investimentos em infraestrutura e logística.
O Brasil deveria primeiro estimular o investimento privado, diz o presidente da Microsoft, Michel Levy, e para isso é necessário rever a política industrial. "Existe forte movimento para aquecer a demanda, mas é preciso se preocupar com o incentivo à produção", diz. Os investimentos em inovação precisam ganhar força, segundo Carlos Fadigas, presidente da petroquímica Braskem. "O baixo crescimento nos últimos anos deixou claro que não se pode prescindir da expansão da indústria".
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