Logo da CBIC

AGÊNCIA CBIC

02/01/2013

INDÚSTRIA DEVE TER 'FOLGA' DE CUSTOS DE 20% EM 2013

"Cbic"
02/01/2013

Valor Econômico/BR

INDÚSTRIA DEVE TER 'FOLGA' DE CUSTOS DE 20% EM 2013

Menos competitiva, indústria fica mais 'pobre' Compartilhar: Por Denise Neumann | De São Paulo Júlio Gomes de Almeida: "Você não afeta decisões de investimento com medidas que duram três ou quatro meses" A indústria brasileira passou por profundas alterações desde a crise de 2008. O saldo das mudanças é um setor menos competitivo (pelo aumento de custos) e mais "pobre". Desde a crise, segmentos intensivos em tecnologia, e que exportavam bens de consumo duráveis, perderam espaço, enquanto fabricantes de bens commodities avançaram, embora na média quase todos tenham desempenho medíocre desde então. Por isso, dizem economistas, a estagnação do setor em 2011 e 2012 vai muito além de uma demanda fraca e indica problemas estruturais a serem resolvidos. No terceiro trimestre de2012, a produção que saiu das fábricas de materiais eletrônicos e de comunicações foi 32% menor do que a registrada no mesmo período de 2008, logo antes da crise mundial. Esse não foi o único setor que viu a produção encolher brutalmente no pós-crise: entre os 27 setores pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12 produzem menos hoje do que há quatro anos. Em cinco deles, a produção caiu mais de 15%. Na média, a indústria de transformação produziu, no terceiro trimestre do ano passado, 3% menos do que em igual período de 2008. Na mesma comparação, o volume de mercadorias vendidas no varejo foi 35% maior. Nos mesmos quatro anos, o que realmente cresceu no país, acompanhando o aumento da população e da renda, foi a produção de bebidas, remédios e perfumaria, únicos setores a registrar aumento de produção superior a 10%, sempre na comparação entre os terceiros trimestres de2008 e 2012. Um estudo dos economistas Cristina Reis e Daniel Keller, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), mostra a mudança de cara da indústria ao vasculhar os dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA-2010). O trabalho mostra que, entre 2007 e 2010, o aumento real com os gastos de pessoal foi de 26,7%, crescimento superior ao dos ganhos de produtividade, que foram de 23,7% na mesma comparação. O trabalho não avança para 2011 e 2012, mas os dados de produção industrial do IBGE indicam que o movimento continuou. No acumulado desses dois anos, os salários pagos na indústria subiram 7% acima da inflação, sem nenhum ganho de produtividade. O avanço do custo dos salários muito acima do da produtividade é um dos elementos que explicam a perda de competitividade da indústria brasileira frente aos seus competidores, seja no exterior, seja no mercado interno, aponta o trabalho. O estudo mostra, contudo, que a indústria não ficou parada vendo os custos subirem. Para compensar esse aumento, recorreu à importação de insumos. Como consequência, os custos em operações (que incluem despesas com matéria-prima) perderam peso no valor bruto da produção, passando de 57,5% em 2007 para 54,4% em 2010. No mesmo período, o peso dos salários e encargos passou de13,7% para 15,2% do valor da produção industrial. Essa "troca", argumentam os economistas, permitiu ao setor sobreviver ao longo desses quatro anos. A sobrevivência, contudo, não foi uniforme. Em 2008, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões em telefones celulares, número que caiu constantemente até fechar 2011 em US$ 682 milhões. No mesmo período, as importações aumentaram de US$ 362 milhões para US$ 1 bilhão. Para Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica, a indústria não perdeu competitividade entre 2007 e 2012. "Ela já tinha perdido", diz ele. "O que acontece é que, com a crise, a máscara caiu, os estrangeiros vieram com mais força disputar o nosso mercado e o excesso de capacidade mundial se direcionou para os mercados que cresciam, como o Brasil. " Para Gomes de Almeida, a maior parte dos custos que afetaram a indústria "veio de fora", como a energia cara, o câmbio apreciado e os salários altos. "Os reajustes pagos pela indústria foram provocados pela concorrência que o setor de serviços provocou no mercado de trabalho", diz. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, acrescenta outra preocupação. Enquanto os custos domésticos cresciam, a indústria do resto do mundo ficou mais competitiva. Para ele, não é o custo de energia um pouco menor que vai resolver os problemas domésticos. E o câmbio atual, mais desvalorizado, é quase um problema, diz, porque encarece justamente as importações feitas pela indústria – 80% da importação é de bens de capital e intermediários. Vale observa que anúncios recentes – alguns já oficiais outros ainda na forma de intenção – apontam bons caminhos, como a perspectiva de uma flexibilização nas leis que regulam a presença de mão de obra estrangeira e uma forte ênfase à inovação. "Essas são duas boas notícias, mas o cenário para 2013 e 2014 ainda é de uma indústria sem capacidade de investimento, sem escala e com crescimento fraco. Pacotes pontuais não resolvem o problema", diz. Para Vale, uma das principais questões é que a orientação econômica mudou, e o maior intervencionismo que ela sugere afetou a confiança dos agentes econômicos. "O governo trocou o tripé pela dupla juros baixos e câmbio mais competitivo, mas precisa mais do que isso para recuperar a confiança." Na avaliação de Vale, as medidas recentes do governo (na área de energia e outros segmentos de concessões) indicam que ele quer controlar o investimento privado, "e isso cria uma perspectiva negativa para o investidor". Gomes de Almeida acredita que a palavra fundamental para a indústria agora se chama "produtividade". E ganhar produtividade, diz, depende de um aumento dos investimentos em inovação. Para impulsionar esses projetos, contudo, é necessário um incentivo maior, especial. "O governo está focando sua política pelo custo do investimento, mas precisa aumentar a ajuda fiscal para isso", diz ele. Entre as medidas que precisam "voltar", está a depreciação acelerada para bens de capital, cujo prazo terminou no fim de 2012, depois de ter entrado em vigor em agosto. "Você não afeta decisões de investimento com medidas que duram três ou quatro meses", argumenta o ex-secretário de Política Econômica.

 

 

 
"Cbic"

 

COMPARTILHE!

Maio/2024

Parceiros e Afiliações

Associados

 
Ademi – RJ
Ademi – PR
Sinduscon-Mossoró
SECOVI- PB
Sinduscon-ES
Sinduscon – Lagos
Sinduscon-Pelotas
Sinduscon-AC
Sinduscon-PE
Ademi – MA
APEOP-PR
AEERJ – Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro
 

Clique Aqui e conheça nossos parceiros

Afiliações

 
CICA
CNI
FIIC
 

Parceiros

 
Multiplike
Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea