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AGÊNCIA CBIC

13/11/2014

Guinada Inevitável

"Cbic"
13/11/2014

Estadao de S Paulo

Guinada Inevitável

Raul Velloso

Dilma deve estar convencida de que seu modelo pró-consumo, pró-indústria, pró-modicidade tarifária excessiva é inconsistente e já teve seus principais fatores de impulsão esgotados. Os gastos públicos correntes estão contidos pelo atual nó fiscal. O crédito já explodiu tudo o que podia. Os salários já estão crescendo acima da produtividade.

Dificilmente a presidente reconhecerá isso de público, mas a mudança para uma política econômica voltada para a expansão do investimento privado em infraestrutura, crucial para o PIB crescer mais, é inevitável. Quando pressionado são limite, mesmo os piores governos acabam mudando de rumo para tentar se manter no poder.

É assim que interpreto a recente movimentação de Lula em Brasília e os alertas contidos nos artigos instigantes que o atual conselheiro-mor, ex-ministro Delfim Netto, tem veiculado na mídia nos últimos dias. Delfim ousou dizer que o governo destruiu a indústria. Não é bem assim. A indústria é a prioridade setorial máxima do governo, bastando ver as políticas compensatórias que foram definidas nos últimos anos e as pressões do ministro da Fazenda sobre o Banco Central para forçar a subida da taxa de câmbio. O problema é que a segunda perna do modelo não se harmoniza com a primeira.

Ou seja, uma receita excessivamente voltada para o consumo (ou contra a poupança) produz apreciação real da taxa de câmbio como parte de sua própria operação. Essa é a forma como a economia de mercado reage para produzir os redirecionamentos de recursos requeridos, exatamente o contrário do que ocorre na China, por exemplo, onde o modelo é voltado para o investimento e onde a indústria é prioritária de fato.

Aqui, os salários e os preços dos serviços sobem, de um lado. Na indústria, contida como é pela competição externa, só se evita o encolhimento se houver aumento de produtividade, de outro, algo difícil a curto prazo. Como se viu até agora, as políticas compensatórias têm mostrado efeito limitado para se contrapor à tendência natural. Assim, não foi Dilma, em si, que destruiu deliberadamente a indústria, mas o modelo vigente.

O último capítulo dessa história é o viés antiprivado da política de concessões privadas, uma contradição em termos. Com o fervor estatizante nas veias e a busca de novos  atores para impulsionar o consumo, o governo adotou uma política de modicidade tarifária a qualquer custo. Nas concessões de rodovias, levou um susto quando deu vazio num  leilão crítico em 2013, por falta de atratividade para o investidor privado.

Diante disso, a estratégia começou a mudar, e os leilões acabaram acontecendo. Só que o viés pró-modicidade excessiva ainda persiste na gestão dos contratos respectivos. Ou seja, é preciso avançar mais na direção de criar as condições para os investimentos explodirem, pois há recursos de sobra e as carências em infraestrutura são a maior obviedade do País.

No setor elétrico, estamos à beira de novo racionamento, pois, soboviésanti-investimento privado que lá também impera, e diante de tarifas excessivamente baixas, tem prevalecido um enorme descompasso entre a evolução da demanda e da oferta interna.

Assim, mais do que escolher um ministro da Fazenda que agrade a A ou B, o governo precisa repensar suas políticas e jogar o foco sobre a infraestrutura, onde o investimento tem a vantagem extra de disseminar ganhos de produtividade sobre toda a economia – inclusive a indústria.

Caminho mais eficiente para deflagrar um novo ciclo de crescimento, passa a ser também crucial para garantir aquilo que só uma expansão mais rápida do PIB viabilizará a partir de agora: um ajuste fiscal menos cruento – pois permitirá maior crescimento da receita sem manobras ou novos tributos – e a preservação dos próprios ganhos da área social, tão apregoados pelo governo. A partir daí, um maestro com a tarimba de um Henrique Meirelles faria, obviamente, toda a diferença, ajudando, inclusive, a evitar a tragédia da perda do certificado de “bom pagador” que o Brasil havia adquirido nas agências de risco.

 


"Cbic"

 

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