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Governo deve limitar corte no orçamento de 2013 a R$ 15 bi
Agências contas públicas
SÃO PAULO
Objetivo é de reafirmar o compromisso com a responsabilidade fiscal, mas economistas desconfiam de cumprimento da meta este ano.
O governo planeja fazer um corte adicional de menos de R$ 15 bilhões neste ano para reafirmar seu compromisso com a responsabilidade fiscal, disse ontem uma autoridade do governo.
No início desta semana, outras autoridades do governo haviam dito que a administração da presidente Dilma Rousseff planejava cortes entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, segundo a agência de notícia Reuters.
O governo acredita agora que um corte adicional inferior a R$ 15 bilhões é mais viável, mas admite a possibilidade de realizar um novo contingenciamento durante o ano caso necessário para atingir a principal meta fiscal. "Nós planejamos cortar a grande parte dos gastos atuais e manter o investimento inalterado", disse a fonte do governo. "Não há planos de elevar impostos.".
O governo espera que os cortes de orçamento irão convencer os investidores que está decidido a controlar os gastos em um momento no qual a inflação está acima da meta oficial e pode ter atingido o maior valor em 20 meses em junho.
O Banco Central (BC) deve elevar as taxas novamente em 10 de julho. O mercado, no entanto, está dividido sobre se o ritmo de aperto monetário será acelerado para conter a alta nos preços.
O governo da presidente Dilma prometeu restringir os gastos para alcançar uma meta de superávit primário já reduzido, equivalente a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Originalmente, o governo havia estabelecido meta de 3,1% do PIB.
No entanto, para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, é ingenuidade alguém acreditar que o governo entregará um superávit primário na estatura de 2,3% do PIB neste ano.
De acordo com ele, o primário que o governo deverá entregar em 2013 não ultrapassará a marca de 1,6% do PIB. "Podem ligar, mandar e-mails me cobrando se o superávit ficar acima de 1,6%", provocou o economista.
Lima Gonçalves disse também ser um equívoco o governo prometer algo que não vai conseguir entregar a não ser que repita neste ano o "ajuste contábil" realizado em 2012. "No ano passado, teria sido mais honesto se o governo tivesse falado que não ia conseguir atingir a meta de superávit primário", observou o economista do Banco Fator.
Lima Gonçalves comentou que o governo não conseguirá cortar os gastos à razão de R$ 28 bilhões, conforme anunciou recentemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em primeiro lugar, disse o especialista, o ano já está na metade e não há tempo hábil para um corte de gastos desta magnitude. Em segundo lugar, de acordo com o economista do banco, não há de onde cortar todo este valor porque uma parte do próprio governo não vai permitir os cortes prometidos.
O governo, de acordo com Lima Gonçalves, até tem boas intenções, "mas o mundo não é movido só por vontades". Na esteira do que prevê para as contas fiscais do governo, o economista do Banco Fator entende que as notícias futuras sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal não serão as melhores.
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