Logo da CBIC

AGÊNCIA CBIC

08/05/2015

Fuga da caderneta pode semear crise imobiliária?

Os sinais dados pelos números da caderneta de poupança e as consequências já evidentes dessa escassez de funding sobre o crédito imobiliário no país ligaram um sinal de alerta. Um experiente banqueiro, com conhecimento do mercado de crédito local e internacional, se mostra bastante preocupado.

A despeito da escalada do preço dos imóveis no Brasil nos últimos anos, a maior parte dos analistas considera que não se formou uma bolha imobiliária no país, como aconteceu nos Estados Unidos, na China ou na Espanha no passado recente. Mas a escassez do crédito poderá criar um problema onde hoje não existe, diz esse banqueiro. Para ele, corre-se o risco de jogar o setor imobiliário do país no atoleiro, com sérias consequências para os mutuários dos financiamentos imobiliários, os bancos e as construtoras e incorporadoras. Se isso for verdade, tudo isso levaria a desemprego e pesaria sobre a já fraca economia.

Com a Selic a 13,25% ao ano e possibilidade de subir ainda mais, como indica a ata do Copom divulgada ontem, a tendência é que a caderneta, com retorno menos atraente que outros ativos de renda fixa, continue a registrar saques. Números publicados também ontem mostram que o resgate líquido no mês passado foi de R$ 5,85 bilhões, o maior para meses de abril da série histórica, iniciada em 1995. No ano, os saques líquidos chegam a R$ 29 bilhões. O estoque da caderneta está em R$ 648 bilhões.

Sem funding, a Caixa, responsável por 70% do crédito imobiliário no país, apertou as condições de financiamento. Limitou a no máximo 50% a fatia do imóvel usado que pode ser financiada com recursos da caderneta de poupança e, conforme reportagem de Chiara Quintão e Felipe Marques na edição impressa do Valor de ontem, o banco estatal já informou a incorporadores que deixará de financiar a construção de novos empreendimentos com recursos da caderneta (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, SBPE), o funding mais barato que existe para a modalidade. A Caixa vem também reajustando para cima as taxas que cobra dos clientes nos empréstimos, para acomodar um mix de funding mais caro.

Num primeiro momento, o recuo da Caixa pode deixar espaço no mercado para os bancos privados. E durante um tempo, mediante taxas maiores, eles poderão suprir a demanda. Todos os bancos já realinharam seus preços e o movimento deve prosseguir. Ontem o Banco do Brasil promoveu nova rodada de realinhamento de taxas. No entanto, BB, Santander, HSBC e outros menores já enfrentam o mesmo problema de falta de recursos da caderneta para financiar imóveis. Hoje, só Bradesco e Itaú têm folga para emprestar com dinheiro da caderneta, com destaque para o segundo. Com a exigibilidade de aplicar 65% dos recursos da poupança no financiamento imobiliário já cumprida, a rigor os dois bancos podem, inclusive, realizar bons ganhos de tesouraria atualmente, tirando partido das altas taxas de juro no mercado.

Mantida a tendência de resgates na poupança, o problema de funding dos demais bancos também tende a se agravar e é aí que entra a preocupação do banqueiro. A falta de crédito que começa a se materializar, e que não se sabe até onde chegará, deve derrubar o preço dos imóveis usados e novos. Dependendo da magnitude do tombo, as consequências podem ser bastante sérias. As incorporadoras terão seus estoques de imóveis depreciados. Os mutuários terão seu patrimônio desvalorizado e, no entanto, ainda terão dívidas elevadas a pagar, criando uma situação de desincentivo para o pagamento das prestações. O problema logo bateria nos bancos, que ficariam com garantias inferiores aos valores de seus contratos e o efeito dominó estaria dado. Ainda é cedo, entretanto, para medir a extensão do problema.

Até recentemente, o Banco Central e o governo não haviam se sensibilizado com o tema. Não foi bem recebida, por exemplo, uma proposta feita por bancos de permitir que as instituições financeiras façam uso do compulsório sobre a poupança que repousa no BC. A alíquota de recolhimento é de 20% sobre o saldo da caderneta, o que representa hoje cerca de R$ 120 bilhões. É um dinheiro que poderia dar fôlego adicional ao setor, embora não resolvesse o problema de forma estrutural. O BC até agora avaliou que a medida vai na contramão da política de aperto monetário. Os bancos que a defendem pensam que seria uma liquidez direcionada para um setor, obedecendo a regras estritas de aplicação. / Valor Online

COMPARTILHE!

Março/2024

Parceiros e Afiliações

Associados

 
SECOVI-SP
APEOP-PR
ADEMI-AM
Sinduscon – Grande Florianópolis
Sinduscon-MT
Sinduscon-GO
Ademi – AL
APEMEC
SINDUSCON SUL CATARINENSE
Ademi – SE
Sinduscon-MS
Sinduscon-ES
 

Clique Aqui e conheça nossos parceiros

Afiliações

 
CICA
CNI
FIIC
 

Parceiros

 
Multiplike
Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea