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AGÊNCIA CBIC

05/03/2012

Saneamento :Uma dívida social

"Cbic"
05/03/2012 :: Edição 279

 

Jornal do Commercio PE e Gazeta do Povo/BR 04/03/2012
 

Saneamento :Uma dívida social

BELÉM A pequena Isabel dos Santos Lopes tem 5 anos. Brinca com irmãos e primos em ruas de terra batida às margens do Igarapé do Tucunduba, um dos 148 cursos de água que cortam Belém do Pará. A favela que se ergueu em torno do canal há mais de 40 anos é formada, na sua maioria, por casas e palafitas de madeira. Semsaneamento básico, todo o esgoto e lixo de 4.800 famílias que vivem ali são jogados diretamente no igarapé. A água é escura, cheira mal e em muitos trechos acumula montes de sacos plásticos, embalagens, garrafas pet e até restos de comida.
Na casa de Isabel, a água de torneira chega por canos de PVC que passam dentro do córrego. Muitos deles furados ou mal instalados. Há um ano, a água encanada misturada à do córrego contaminado deixaram Isabel doente. Teve diarreia intensa, depois vômitos constantes. Passou três semanas internada no Hospital das Clínicas de Belém. Tive pavor que ela fosse morrer , conta a mãe, Maria Rita dos Santos. Dois anos atrás perdi um filho, Davi Salomão. Ele teve dengue hemorrágica. Morreu no mesmo dia em que chegou no hospital.
Maria Rita, Isabel e as famílias que moram às margens do Igarapé do Tucunduba fazem parte dos 105 milhões de brasileiros sem coleta de esgoto e dos 35 milhões que não recebem água tratada em casa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 30% dos municípios brasileiros não têm qualquer serviço de saneamento básico. A falta de acesso a água de boa qualidade e a convivência com esgoto a céu aberto levam à proliferação de doenças como diarreias, esquistossomose, dengue e leptospirose. Só essas enfermidades causaram 61 mil mortes, em todo o Brasil, nos últimos dez anos.
Estima-se que a falta de saneamento esteja diretamente ligada a 65% das internações em hospitais no país. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (Unicef), para cada real investido no setor, economizam-se quatro em serviços hospitalares. Saneamento é uma das maiores formas de prevenção em saúde , disse a presidente Dilma Rousseff ao assinar contratos para obras de água e esgoto em cidades com menos de 50 mil habitantes, no fim do ano passado. É uma obra escondida, que desaparece sob o chão depois que você faz, mas o resultado aparece nos dados de saúde , afirmou. Não podemos mais ter crianças brincando junto ao esgoto".
Para mostrar essa realidade, a série de reportagens que tem início hoje percorreu dez cidades brasileiras que enfrentam diferentes desafios com relação às condições sanitárias oferecidas à população. Encontramos um país que avançou no combate à miséria, mas só agora despertou para um problema ambiental e de saúde pública que passa em frente à casa de milhões de pessoas.
No Rio de Janeiro, a Bacia da Guanabara é contaminada pelos dejetos que vêm principalmente da zona norte da cidade. No Recife, os canais que cruzam os principais bairros exalam mau cheiro. No Rio Grande do Sul, muitos municípios estão com seus mananciais e açudes contaminados porque não há qualquer tipo de coleta de esgoto. Em São Luís, no Maranhão, todas as praias da cidade apresentam alto índice de coliformes fecais. São problemas que se agravaram nos últimos 50 anos, com a migração maciça de pessoas do campo para as zonas urbanas. Décadas de descaso só aumentaram o déficit e o tamanho do trabalho a ser feito. Hoje, o governo federal calcula que seja necessário aplicar R$ 420 bilhões no setor durante os próximos 20 anos.
Além dos investimentos, o Brasil também precisa melhorar a gestão dos serviços. Mais da metade das companhias estaduais de saneamento opera no vermelho, gastando mais do que arrecada. A ineficiência também se revela na água que é desperdiçada: das 27 unidades da federação, 19 perdem mais de 30% do volume tratado em vazamentos e ligações clandestinas.
Trata-se de uma situação muito complexa porque se deixou acumular um passivo muito alto , diz a urbanista Fátima Furtado, da Universidade Federal de Pernambuco. Esse é um dos problemas mais sérios do país .

"Cbic"

 

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