Enic: Transformação digital exige engajamento das lideranças das empresas

Debatedores do painel alertaram que não há digitalização sem envolvimento dos altos gestores

Por mais que o investimento em tecnologia seja necessário para a transformação digital das empresas, o maior desafio é a liderança e a cultura das organizações. Sem um direcionamento para a experimentação, para a decisão baseada em dados e o apadrinhamento da alta gestão, as chances de insucesso são grandes, avaliaram os debatedores do painel Sua empresa está mesmo digitalizada?, realizado nesta quarta-feira (20), no 93º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic).

O debate foi coordenado pela vice-presidente de Responsabilidade Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ana Claudia Gomes. Para ela, “as empresas do setor devem fazer seu benchmark para a transformação digital com organizações de outros setores também”.

Cultura da transformação

Para Fabricio Schveitzer, diretor do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) de Florianópolis (SC) e chief strategy officer da Sienge, o tema deixou de ser secundário e as empresas já estão incluindo a digitalização nos seus orçamentos. “Está se formando um caldo cultural que vai permitir que a cadeia da construção passe por uma mudança acelerada nos próximos quatro anos”, afirmou.

No entanto, destacou Schveitzer, “as construtoras devem deixar de ser empresas de construção para serem empresas de tecnologia que constroem”. Para isso, alertou, a mudança precisa ser adotada pela alta direção. “Proprietários e gestores precisam se engajar no processo, devem ser seus os principais usuários e patrocinadores”, alertou.

A cultura organizacional também foi o principal item abordado por Ricardo Mendonça, head de Consultoria Estratégica em Inovação e Transformação Digital do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). “Se a alta cúpula não colocar isso embaixo do braço, a chance de o projeto prosperar é muito baixa”, ressaltou.

Experimentação

“Se não há um ambiente propício à experimentação, as pessoas ficam retraídas”, disse Ana Claudia sobre a necessidade de as empresas internalizarem a mentalidade da experimentação. Schveitzer também apontou que as empresas devem aproveitar os colaboradores inconformados para catalisar as mudanças. “Eles podem ser agentes do processo”, disse. “Os rebeldes devem ser cooptados para a causa. Eles têm energia e querem desafiar o status quo. São os agentes de transformação”, complementou Mendonça.

O estudante de Engenharia e integrante do Grupo CBIC Jovem, Matheus Alves Martins, acrescentou ao debate que o currículo das faculdades também deve ser atualizado. “Não tenho uma disciplina de tecnologia no meu curso”, observou. “Além de tecnologia, deveriam incluir disciplinas de empreendedorismo. Impressionante como estamos em 2021, com todos os avanços que observamos, e as faculdades de engenharia não evoluíram na mesma velocidade”, completou Mendonça, que é formado em engenharia eletrônica. O CBIC Jovem é um projeto da CRS, que integra a parceria da entidade com o Sesi Nacional.

O 93º Enic é uma realização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional) e de entidades do setor, com patrocínio do Sebrae, OrçaFascio, Konstroi, Agilean, Brain Inteligência Estratégica, Mútua e Predialize.

A transformação digital das empresas da construção é uma das pautas da CBIC. O tema tem interface com os projetos “Melhorias para o mercado imobiliário”, na Comissão da Indústria Imobiliária (CII), em correalização com Senai Nacional, e com o projeto “Desenvolvimento de Lideranças”, da Comissão de Responsabilidade Social (CRS), em correalização com o Sesi Nacional.