
AGÊNCIA CBIC
Setor produtivo quer ver para crer nas novas metas para 2014
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21/02/2014 |
Brasil Econômico Setor produtivo quer ver para crer nas novas metas para 2014 AJUSTE 2014 Há um consenso de que a comunicação foi positiva. Indústria ainda demonstra ceticismo e comércio comemora Fernanda Nunes Bom, mas nem tanto. O anúncio do governo do que seriam metas macroeconômicas mais factíveis para o país em 2014 foi recebido com ceticismo pelo setor produtivo, sobretudo na indústria. Há um consenso de que apenas a sinalização de uma política econômica sob controle é por si só um fator positivo. Mas diferentes instituições e economistas responderam, ontem, de formas distintas as palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ceticismo é proporcional ao desempenho dos setores nos últimos anos. Assim, comércio e serviços comemoraram a notícia do que seria uma política fiscal mais austera, capaz de contribuir com a atuação do Banco Central e permitir que a taxa básica de juros não alcance patamares tão elevados. "Tudo leva a crer que o Banco Centrai vai aumentar a Selic até 10,75% em 2014 (a projeção anterior era de 11% , com continuidade de alta em 2015). Junto com a queda das taxas futuras, podemos esperar uma atividade melhor", aposta o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas. Esta não é, contudo, a percepção homogênea do setor produtivo. A indústria, por exemplo, a mais castigada nos últimos anos, gostou da comunicação feita à sociedade e aos agentes de mercado de que a política fiscal é importante – destacou o Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi). Mas a entidade duvida da capacidade de o Produto Interno Bruto (PIB) crescer 2,5% neste ano, como previu o governo, devido às dificuldades enfrentadas pela própria indústria. "É possível que fique mais próximo de 2%", projetou o economista-chefe do Iedi, Rogério César de Souza, ressaltando a permanência de efeitos negativos da importação sobre segmentos mais tradicionais, como o têxtil e de calçados, ainda que o câmbio tenha desvalorizado. Igualmente, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) concorda que o corte do orçamento é bem-vindo, mas questiona a capacidade do governo de cumprir as metas propostas para este ano, com o argumento de que o descumprimento tem sido uma prática recorrente ano a ano. A Fiesp, de São Paulo, não se pronunciou. Na construção civil.nem mesmo cortes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) chegou a desanimar o vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. Ele afirma que as obras decorrentes das concessões e dos projetos de parceria público-privada (PPP) serão suficientes para compensar as baixas. O nó da questão, em sua opinião, está nos gastos públicos de custeio, em detrimento do investimento. "É claro que tinha que ser feito algo, um corte inteligente. Foi menor do que o mercado esperava, mas foi factível", avaliou. O grande mérito de anúncios como os de ontem está na sinalização de solidez conferida ao país, com capacidade de alterar a confiança dos investidores, acredita a economista Monica de Bolle, da PUC- Rio e sócia – diretora da Galanto Consultoria. Ela vê como insuficiente a meta de superávit primário de 1,9% do PIB, que já não foi cumprida no ano passado. De qualquer forma, diz, mais do que os números, o importante são as indicações, "que fazem parte do jogo". "O investidor estava doido para ter uma desculpa para trazer o dinheiro de volta ao Brasil", afirmou Monica. — Foi supervalorizada a notícia de que o Brasil estaria à beira de uma catástrofe fiscal. As análises de mercado têm sido muito em cima disso, mostrando um cenário que, de fato, não é muito real" Rogério César de Souza Economista-chefe do Iedi —- Tudo leva a crer que o BC vai aumentar a Selic até 10,75% em 2014 (a projeção anterior era de 11 %). Junto com a queda das taxas futuras, podemos esperar uma atividade melhor" Carlos Thadeu de Freitas Economista-chefe da CNC —- PREVISÃO DECRESCENTE DA VARIAÇÃO DO PIB PARA 2014 4,5% Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). 4,0% Proposta de orçamento. 3,8% Relatório de receita do orçamento sancionado. 2,5% Anunciado ontem por Mantega. |
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