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AGÊNCIA CBIC

03/06/2014

Investimentos caem e dificultam retomada

"Cbic"
03/06/2014

O Globo

Investimentos caem e dificultam retomada

As faces do PIB

Aportes para ampliar capacidade produtiva do país recuam para 17,7%, menor patamar desde 2009

Nice de Paula, Cássia Almeida e Henrique Gomes Batista

A taxa de investimento terminou o primeiro trimestre em 17,7% do Produto Interno Bruto (PIB), menor patamar desde o início de 2009, quando o país vivia o pior momento da crise financeira global. Já a taxa de poupança registrou o quarto recuo seguido e ficou em 12,7% do PIB, a menor para um primeiro trimestre de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2000. Os números preocupam porque dez entre dez especialistas apontam o investimento como o caminho para o país voltar a crescer, e a taxa de poupança (toda renda gerada e não consumida) é a principal fonte para financiar os investimentos.

– A poupança doméstica vem caindo e isso gera déficit em contas externas (com o resto do mundo). Se a poupança foi de 12,7% do PIB e o investimento foi de 17,7%, de onde vem essa diferença? Da poupança externa – explica Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios.

Essa dependência é ruim, porque além de caro, esse dinheiro pode faltar, se, por exemplo, os juros subirem nos Estados Unidos, explica o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas. Para garantir essa poupança externa, o governo precisa dos juros altos que, para o economista, são hoje o ralo que absorve o dinheiro que saiu do consumo e não foi para a poupança:

– As famílias estão mais endividadas e comprometendo parcela maior do orçamento com a dívida. Chega a um ponto em que não podem nem poupar, nem consumir muito. O governo também economiza menos, porque os juros estão aumentando desde o ano passado. O Tesouro paga mais pelos títulos atrelados à Selic e as famílias, pelo cheque especial.

A cabeleireira Mareia Frazão Carvalho, de 55 anos, ajuda a entender os números: sacou as economias do banco para dar o pontapé na reforma do seu salão.

– Sou poupadora, só utilizo o dinheiro em caso de necessidade, como agora.

Ela conta que pretende fazer a obra aos poucos na tentativa de atrair a clientela, que minguou no início do ano, o que é atípico. Mas diz que não vai investir muito no momento. Como ela, grandes empresas também estão temerosas.

– O investimento é muito volátil e sensível às incertezas e ao cenário macroeconômico, que este ano está indo muito mal. Só a recuperação do investimento tem condição de fazer o país crescer em 2015, mas vai depender do que o próximo presidente anunciar. Por ora, o cenário é de incertezas – diz Fernando Ribeiro, coordenador do Grupo de Conjuntura do Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

QUEDA NA INFRAESTRUTURA

Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, vê na falta de investimentos o mal da economia nacional:

– Essa é a raiz do problema: a falta de investimento está freando a economia do Brasil. O governo, em vez de investir, apenas gasta muito e atrapalha ao mudar as regras do jogo, gerando problemas como os do setor elétrico.

Vinícius Botelho, da FGV, lembra que os empresários estão com o menor índice de confiança em anos, como mostram as últimas pesquisas.

– É o esgotamento dos incentivos ao consumo, que anteciparam consumo e não geraram investimentos. Isso fez o Brasil crescer menos hoje e fará o crescimento ser menor amanhã, também.

O setor de infraestrutura, que deveria puxar os investimentos, fez a construção civil cair 2,3% no começo deste ano em relação ao fim de 2013. A construção responde por quase metade do investimento. É a terceira queda seguida e a maior desde o primeiro trimestre de 2009.

– A infraestrutura levou a esta queda, não foi a construção residencial – disse Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.

Apesar das grandes obras que se espalham pelo país, os dados setoriais confirmam a queda, diz Frischtak:

– O setor de portos não deslanchou. Telecomunicação caiu muito ano passado e este ano vai ser pior. Energia teve um primeiro trimestre ruim e, nos transportes, só as obras de rodovia andaram. Nos aeroportos, nos dois novos, que são Galeão e Confins, as obras ainda não começaram e nos outros, o investimento maior ocorreu no ano passado – explica.

José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, diz que as notícias econômicas menos favoráveis acabaram segurando a demanda. Ele também atribuiu o desempenho ruim ao setor de infraestrutura:

– Como o Estado não tem capacidade de investir, fez concessões. Houve um período grande de discussão sobre taxas de retorno, marco regulatório. As licitações eram para 2012 e só aconteceram no fim de 2013. No segundo semestre e no início de 2015, deve melhorar.

(Colaborou Luciano Abreu)

"Só a recuperação do investimento tem condição de fazer o país crescer em 2015"

Fernando Ribeiro

Economista do Ipea

 


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