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AGÊNCIA CBIC

27/08/2013

Economia 'de lado' estimula reestruturação nas empresas

"Cbic"
27/08/2013

Jornal do Commercio RJ

Economia 'de lado' estimula reestruturação nas empresas

APERTO DE CINTOS

Inflação perto do teto da meta e dólar em alta estão afetando o planejamento das organizações. Melhoria de processos deve ser foco para quem quer arrumar a casa

MAX MILLIANO MELO

Uma economia "de lado". É assim que muitos especialistas definem o momento econômico brasileiro. Embora o País não enfrente recessão e ainda ostente bons índices de consumo e desemprego, o otimismo dos mercados está longe de sua melhor fase. A inflação em crescimento, a persistente alta do dólar – que na semana passada chegou a sua máxima desde 2008, cotado a R$ 2,45, na quarta-feira -, criaram um desafio a mais para os executivos. Como crescer e manter a produção em um cenário cada vez mais incerto é uma das perguntas que rondam as mentes das lideranças de grandes empresas.

Aos desajustes do câmbio e da inflação, que corre o risco de fechar 2013 acima da meta estabelecida pelo governo, somam-se outros problemas como a diminuição na oferta de crédito. Com planejamento, contudo, esse pode ser um bom momento para muitas empresas se reestruturarem, eliminarem excessos e fecharem o ano mais enxutas e rentáveis.

Para o diretor da Corporate Consulting, Luis Paiva, não existe fórmula para atravessar o momento de instabilidade. "As empresas precisarão olhar para a própria casa e arrumá-la. Encontrar espaços para cortes e melhoria de processos."

Os setores que mais devem sofrer são aqueles dependentes de importações, bem como os mais vulneráveis à diminuição da oferta de crédito e às flutuações do câmbio. "Bens de consumo e o setor têxtil estão entre os mais afetados", avalia o economista. "A indústria de alumínio também. O País não é autossuficiente e as poucas empresas nacionais diminuíram a produção pela metade, de modo que o setor vem sendo abastecido pelo exterior", conta Paiva.

O panorama instável se reflete no nível de confiança do empresariado, que está entre os mais baixos dos últimos anos, conforme pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) atingiu 53,2 pontos no levantamento divulgado dia 16, leve recuperação em relação a julho, quando o indicador foi 2,6 pontos inferior, atingindo a mínima desde 2009, quando a economia brasileira sofria com os efeitos da crise dos subprimes nos Estados Unidos (EUA). O ICEI varia de 0 a 100 e números acima de 50 indicam empresários com expectativa otimista. Ou seja, os números brasileiros estão bem próximos do limite.

Oportunidade

Já para a construção civil, as turbulências vividas pela economia marcam o fim de um ciclo de crescimento vigoroso. "O momento exuberante já passou. A taxa de liquidez vivida nos últimos sete anos chegou ao fim e, a partir de agora, viveremos em um mercado mais cuidadoso", afirma o diretor Nacional de Negócios da João Fortes, Luiz Henrique Rimes.

No setor, a terceirização de praticamente todas as áreas que não fazem parte do core business das empresas é uma realidade, o que torna as reestruturações mais complexas. "No nosso caso, sempre fomos uma empresa enxuta, já pensando que esse período de liquidez chegaria ao fim. Mesmo assim, estamos há cerca de seis meses revendo processos. A excessiva burocratização é o nosso principal problema", reconhece Rimes.

O executivo explica que muitas empresas do setor abriram capital nos últimos anos e, por isso, passaram a ter estruturas excessivamente grandes. Agora, terão que "queimar gordura extra" para manterem as contas equilibradas. "Nossa meta é simplificar processos, desburocratizar. Estamos revendo a estrutura administrativa. O objetivo é melhorar a produtividade", afirma.

No setor imobiliário, graças a abundância na oferta de crédito, a turbulência não deve ser sentida de forma tão intensa. "Embora haja uma diminuição na oferta de financiamentos, o crédito imobiliário deve continuar farto", afirma o diretor financeiro e de relações com investidores da Brasil Brokers, Sílvio Almeida. "Os bancos estão investindo no crédito imobiliário, já que ele cria uma relação de médio e longo prazo com o cliente, além de dar espaço para uma série de outros produtos e serviços."

Mesmo assim, a empresa, que não pretende demitir, vem adotando mais cautela em suas ações. "Hoje, o cliente tem um senso de urgência menor. Estamos investindo na melhoria e na eficiência dos processos. Essa é uma preocupação constante, que se acentua no cenário atual", diz Almeida.

A ideia de produzir mais com a mesma estrutura também é aplicada nas incorporações feitas pela empresa. "Estamos mais cautelosos. Isso é bom, porque em um cenário de otimismo você acaba sendo mais indisciplinado. A melhoria na eficiência de processos aplicadas agora deixam a empresa mais azeitada", ressalta.

Lições do exterior

Lições valiosas podem ser aprendidas com os Estados Unidos e Europa, que tentam se recuperar após anos de dificuldades – no segundo caso, elas ainda persistem. "Em momentos como esse, economias baseadas em commodities e empresas de regiões politicamente instáveis tendem a ser as mais afetadas", explica o professor da Harvard Business School, dos EUA, Joseph Lassiter. "Há apenas três grupos que se mantém sem riscos: empresas isoladas da concorrência internacional, setores com preços politicamente protegidos ou quem investem em inovação", completa,

Na opinião de Lassiter, não existe fórmula única para fugir da crise. O segredo é avaliar onde estão as oportunidades e mirá-las. "Tanto outsourcing, como insourcing, podem ser valiosos. Tudo depende de como os preços variam", exemplifica. "A tendência nos EUA é de que os postos de trabalho deixarem a China e voltarem para a América."

A capacitação será outra forma de fortalecimento em meio a um cenário de incertezas. "O Brasil tem um custo de contratação altíssimo. Ao mesmo tempo, há carência de mão de obra. As empresas brasileiras pararam de investir em qualificação, mas isso vai mudar", diz Luis Paiva. "A produtividade nacional é baixa, principalmente porque a mão de obra disponível não é qualificada."

Segundo ele, a pressão de custos fará com que muitas empresas diminuam as contratações e melhorem processos, principalmente no que tange a capacitação de funcionários. "A terceirização já é uma realidade. Agora, as mudanças afetarão o core business das empresas", afirma Paiva.

 



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