Construção civil oferece salários atraentes em Manaus

Portal A Crítica/BR – 22/05/2011

construção civil oferece salários atraentes em manaus

Para atrair e
manter profissionais qualificados no canteiro de obras, empresas da construção
civil estão “gastando” mais.

Cimone Barros

João Carlos,
mais conhecido como Colômbia, uma referência ao seu país de origem,
naturalizou-se brasileiro há 21 anos e hoje é um conceituado pedreiro (Bruno
Kelly)

O
crescimento da construção civil em Manaus e a concorrência entre as
construtoras para atrair e reter trabalhadores nos canteiros tem proporcionado
rendimentos mais altos, principalmente para profissionais especializados. Tem
pedreiros de bloco estruturado e azulejista ganhando quase R$ 4 mil por mês.

Para
compensar o “apagão” de talentos no segmento – a cada ano os jovens se
interessam mais por áreas tecnológicas – e atender à pressão do mercado para
entregar as obras cada vez mais rápidas e dentro dos prazos, algumas empresas
passaram a oferecer benefícios como produtividade, Participação no Lucro e
Resultados (PLR), Plano de Saúde e cesta básica.A partir de julho, a cesta
básica será item obrigatório.

“Quando
se tem pouco trabalhador e o mercado precisa, as empresas têm de pagar valores
mais altos, benefícios. Se a empresa não fizer isso, com a oferta que temos
hoje, o cara pula de galho em galho”, disse o vice-presidente da Indústria da
Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM), Frank Souza.

O
pedreiro João Carlos Ramos, 37, há seis meses foi classificado como azulejista
na Aliança e viu o salário dar um salto; à custa de muito suor também. Em 12
anos, ele aprendeu a trabalhar com cerâmica, granito, porcelanato e pastilha de
fachada.

“O
trabalho é mais puxado, pendurado na balança, pegando sol, passando às vezes um
pouco do horário para cumprir a meta, mas vale a pena”, disse João Carlos, mais
conhecido Colômbia, uma referência ao país de origem do pedreiro naturalizado
brasileiro há 21 anos.

Na
carteira, Colômbia ganha R$ 1.018. Mas pelo desempenho obtido através da
habilidade e agilidade que ganhou, conjugado com a necessidade da frente de
trabalho, mês passado ele conseguiu tirar mais de R$ 3,5 mil. O extra veio com
o reforço da produtividade com a colocação de 341 m2 de pastilha. Cada m2 custa
R$ 7. “Quando a gente tem como fazer esse valor é bom, mas às vezes não tem
frente de serviço, que depende da fase da obra”.

De
acordo com o presidente da Aliança, Flauber Santos, a empresa tem 600
funcionários em dez obras.A construtora oferece ainda plano de saúde, cesta
básica e a oportunidade de ascensão profissional: servente é treinado para ser
pedreiro, pedreiro é treinado para serviços especializados, e assim por diante.
“A falta de mão de obra é grande. E o funcionário que produz mais, ganha mais.
Muitos dobram o salário”.

De
acordo com o vice-presidente do sindicato laboral da categoria
(Sintracomec-AM), Cícero Custódio, as empresas ainda são muito resistentes a
darem melhores condições de trabalho e benefícios, mas nas que oferecem há uma
“corrida”.

“Um
grande problema é que a gente tem quase 70% dos trabalhadores na informalidade,
sem carteira assinada, FGTS”. No Amazonas atuam cerca de 500 construtoras e 121
mil funcionários, sendo 69% no mercado informal -sem carteira ou por conta
própria, de acordo com o Sinduscon e Rais/ 2009.

Mesmo
com os avanços das negociações e do setor (10% no Amazonas), isso influenciou
pouco nas relações de trabalho e nas condições de trabalho, segundo a
supervisora técnica do Dieese-Am, Alessadra Cadamuro. Ainda tem muito acidente,
pisos baixos (R$ 834 pedreiro/ AM), alta rotativade.