Alta da indústria em março frustra a CNI

Correio Braziliense/BR

Alta da indústria em março frustra a CNI

SÍLVIO RIBAS
Piora das condições financeiras pode levar empresas a adiarem decisões de investimento, tornando incerta a recuperação da economia.  
 A produção industrial registrou crescimento em março sobre janeiro, mas o avanço ficou aquém das expectativas e foi inferior ao observado no mesmo período nos dois últimos anos, conforme apontou índice divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador mostrou evolução de 46,1 para 52,9 pontos, dentro de uma escala que vai de 0 a 100. Pela metodologia de cálculo, resultados abaixo de 50 pontos indicam queda; acima desse valor, alta.
 O uso da capacidade instalada do setor, por sua vez, ficou estável. Em relação ao nível tido como normal para os meses de março, ela atingiu 44,4 pontos, pouco acima dos 43,5 de fevereiro. O mesmo levantamento apontou uma piora nas condições financeiras das empresas em virtude da elevação de custos, particularmente de matérias-primas.
 Um sinal dessa pressão foi dado pelo reajuste, no mês passado, nas tabelas de carro zero quilômetro, de 1,5% em média. Conforme a pesquisa AutoInforme Molicar, foi a maior correção dos últimos 10 meses, superado apenas pela alta de 2,6% em maio de 2012. Com isso, o segmento acumula elevação de preços de 2,3% este ano. Fiat, GM e Volkswagen lideram os aumentos, com 3,66%, 2,14% e 2,05%, respectivamente.
 Insatisfeitas com a rentabilidade menor, a tendência é que as empresas adiem decisões de investimentos, que são hoje a mola propulsora do crescimento do país , comentou Flávio Castello Branco, gerente executivo de Política Econômica da CNI. Foi com base nas suas análises internas que a entidade se posicionou contrária à subida da taxa básica de juros (Selic), anunciada pelo Banco Central (BC) na última quarta-feira, em resposta ao descontrole da inflação.
 Nossa posição é de que o aperto monetário é só uma das formas de conter a elevação dos preços, e a menos recomendável no momento, dado seus efeitos negativos sobre a demanda e as cotações do dólar, retirando condições de competitividade da indústria , observou Castelo Branco. A entidade estima que a elevação da Selic para 7,5% ao ano, sinaliza um ciclo de alta com horizonte ainda incerto.
 O melhor para o país, ressaltou o economista, seria o governo conter o afrouxamento cada vez maior de sua política fiscal.  A maioria dos reajustes de preços, em torno de 8% ao ano, tem se verificado no setor de serviços e na mão de obra, que são menos sensíveis aos juros. A indústria, por sua vez, é a que mais sofre com a subida dos juros , acrescentou.
 Incertezas
 Segundo Castelo Branco, a oscilação nos números da atividade fabril no primeiro trimestre foi frustrante, sobretudo em março, mês que normalmente registra reações gerais mais intensas. Para ele, ficou claro que faltou aceleração do consumo e sobraram perdas de competitividade dos produtos nacionais frente aos importados.  Nesse contexto, a expectativa de recuperação este ano continua, mas ainda não há clareza nessa trajetória , sublinhou.
 Multa à Ford por propaganda enganosa
 A Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça (Senacon/MJ), decidiu multar a Ford em R$ 165,3 mil por propaganda enganosa. A punição foi publicada no Diário Oficial da União de hoje. A companhia é acusada de omitir a necessidade de o condutor possuir Carteira Nacional de Habilitação na categoria C para dirigir o veículo Ford F-250 Super Duty. O documento é o que permite a condução de caminhões.  A informação correta e precisa é fator fundamental para garantir a transparência nas relações de consumo e assegurar o direito de informação dos consumidores, explicou Amaury Oliva, diretor do DPDC.