AGÊNCIA CBIC
Agenda ESG será pauta obrigatória para empresas brasileiras nos próximos anos, apontam especialistas
Empresas brasileiras que planejarem vida longa e competitividade à altura no mercado serão obrigadas, daqui a uns anos, a desenvolver uma agenda ESG forte e consistente. Essa foi a conclusão da oficina “ESG – Como estamos e para onde vamos” ministrada, nesta terça-feira (21), por especialistas do tema durante o 94º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), o 94º Enic | Engenharia & Negócios, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e que vai até esta quinta-feira (23). Segundo os debatedores, a exigência por uma política de governança sustentável está se tornando uma demanda não só do ramo imobiliário como de diferentes setores do país.
As siglas ESG vêm do inglês (environmental, social and governance) e referem-se aos temas ambientais, sociais e governança que, embora não sejam tão novos assim, chamaram a atenção dos setores públicos e privados brasileiros nos últimos anos. Trata-se de uma resposta das empresas frente aos desafios da sociedade contemporânea relacionados, em especial, à integração da geração de valor econômico aliado à preocupação com o meio ambiente, a questão social e a governança corporativa. Em resumo, é uma forma de mostrar responsabilidade e comprometimento em um mercado formado por consumidores, fornecedores, colaboradores e investidores.
“A denominação ESG surgiu em 2004 e trata-se de uma mudança de mindset, de pensamentos da empresa que antes tinha um hiperfoco nos acionistas para uma empresa orientada por todas as partes interessadas: empresário, consumidor, sociedade”, explicou o diretor da Dimensional Engenharia e vice-presidente do Sinduscon-Rio, Vinícius Benevides. De acordo com ele, o empreendimento interessado em implantar uma agenda ESG deve ter uma governança corporativa assertiva, com um portal de transparência acessível e um sistema de integridade.
Além disso, Benevides acredita que se hoje o ESG é uma opção para o meio empresarial, em poucos anos ele será uma obrigação, seja por imposição de lei ou do mercado. “Nosso mercado já está caminhando nessa agenda. Grande parte das empresas já não está no que chamamos de indicador de ESG zero. Pelo contrário, já estão caminhando em relação ao tema. E, para isso, tem que ter organização, criação de metas, entender que desenvolvimento econômico e preservação ambiental não são excludentes, Enfim, quando se fala de ESG, tem todos os requisitos legais a serem superados”, explicou.
Um dos mentores do debate, o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA/CBIC), Nilson Sarti, afirmou que é preciso desmistificar o tema diante das empresas que, muitas vezes, já cumprem uma série de medidas pró-ambientais e sociais, mas não sabem como implantar todo o processo ESG. “Essa pauta é fundamental para a desmistificação sobre o tema. Várias empresas já fazem muita coisa ambiental, social e de governança, mas como colocar isso de forma clara, prática e auditável? Esse é o desafio que nós temos e que, no fundo, trará maior governança para nossas empresas”.
A presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS/CBIC), Ana Cláudia Gomes, também mentora da oficina, frisou que a CBIC já está trabalhando para chamar a atenção das empresas sobre as questões ambientais, sociais e de governança corporativa. “Precisamos pensar no nosso negócio, na nossa empresa dentro de um processo que abarque os interesses de todos: do empresário, do consumidor, da sociedade, ou seja, de todas as partes. E a CBIC já está trabalhando nessa agenda de chamar a atenção das empresas para a importância do ESG.
ESG x Sustentabilidade
Pesquisador, consultor e especialista em sustentabilidade, responsabilidade social e consumo sustentável, o diretor da ABC Associados, Aron Belinky, disse que é preciso entender que sustentabilidade e ESG não são sinônimos e, portanto, não podem ser tratados sob o mesmo prisma. “A sustentabilidade surgiu para que tenhamos uma sociedade com condições de prover as necessidades da população atual e futura, preservando o meio ambiente. Já o ESG é o comportamento de uma empresa em relação às questões ambientais, sociais e de governança”, enfatizou.
Para o estudioso, a agenda ESG veio para ficar por trazer ganhos tangíveis para ambos os lados: consumidor e empresa. Consumidor porque a tendência é de que ele procure e apoie corporações que tenham uma política social e ambiental alinhada com as necessidades do país. Já as empresas perceberão que a política em si traz ganhos, tais como sinais de eficiência, reputação e posicionamento. “Além disso, as empresas possuem fornecedores e consumidores que exigem isso delas e elas também poderão exigir de seus fornecedores qualidades do ponto de vista do ESG”, acrescentou Belinky.
O tema tratado durante a palestra tem interface com o projeto “Desenvolvimento de Lideranças”, realizado pela Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).
O tema do Painel do Enic tem interface com o projeto “Incentivo à Sustentabilidade na Indústria da Construção”, da Comissão de Meio Ambiente (CMA) da CBIC, com a correalização do Senai Nacional.
O 94º Enic é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com a correalização do Sesi, Senai e patrocínio do Sebrae, Confea, Mútua, AltoQI, SoftwareONE, CV, Sienge e Caixa Econômica Federal.