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AGÊNCIA CBIC

31/10/2011

A caminho do selo verde

"Cbic"
31/10/2011:: Edição 208

Jornal Correio Braziliense – 29/10/2011

 

A caminho do selo verde

COPA DO MUNDO 

  Obras do Estádio Nacional seguem modelo de construção sustentável. Segundo a engenheira ambiental do empreendimento, mais de duas mil toneladas de resíduos foram recicladas desde o início dos trabalhos. Quando pronta, a arena vai otimizar o uso de energia e de água  
 
 O Estádio Nacional de Brasília está cada vez mais perto de receber o certificado máximo de sustentabilidade, o selo Leed Platinum. Na última terça-feira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi homenageado na categoria Poder Público do prêmio Liderança em Ação, concedido pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil) em São Paulo. O órgão é responsável por fiscalizar e incentivar a execução de construções sustentáveis em todo o mundo. A obra da ecoarena, como o estádio tem sido chamado, deve ficar pronta em dezembro de 2012 e custará R$ 671 milhões.
 Para garantir o selo, o Estádio Nacional passará por uma vistoria final no mês previsto para a entrega da obra. Mas o conceito de sustentabilidade está presente desde o início dos trabalhos. A engenheira ambiental do empreendimento, Priscilla Mesquita Matos, indica que a empresa já segue a linha das construções verdes e teve o cuidado de elaborar uma gestão dos resíduos sólidos. "Todos os trabalhadores foram treinados para separar os materiais destinados à reciclagem. Eles são colocados em baias até terem o destino correto", explicou. O concreto da arquibancada do antigo Mané Garrincha não precisou ser descartado. O produto foi britado e reaproveitado para pavimentar o espaço do lado de fora do estádio.
 De acordo com a engenheira ambiental, mais de duas mil toneladas de resíduos tiveram como destino a reciclagem e deixaram de ir para o aterro desde o início das obras. "A partir da demolição do Mané Garrincha, a gente tem o cuidado de pesar todo o resíduo que sai da obra e dar a destinação correta", garantiu. Quanto aos resíduos orgânicos, foi aberto um pátio de compostagem no canteiro para receber os restos do café da manhã e do almoço servidos para os trabalhadores. O adubo gerado é usado na horta, plantada ao lado do refeitório dos operários, e tudo o que é produzido no local auxilia na alimentação dos funcionários.
 Economia
 Algumas medidas simples como a captação de água da chuva e a colocação de placas solares no teto da edificação contribuem para que o Estádio Nacional de Brasília receba o título de obra sustentável. O projeto prevê a instalação de tanques embaixo do campo de futebol a fim de armazenar a água da chuva e usá-la para irrigar o gramado e lavar a construção. Com a captação de energia solar, também serão produzidos 2,5 megawatts. Essa quantidade corresponde ao abastecimento de mil residências por dia e é suficiente para alimentar a ecoarena. "Nosso objetivo é economizar água e energia e proporcionar um ambiente mais arejado e iluminado de uma maneira sustentável", disse Priscilla Mesquita.
 Até mesmo a posição do Estádio Nacional de Brasília em relação ao Plano Piloto foi pensada para aproveitar melhor a iluminação natural e a direção dos ventos. Segundo o arquiteto e coautor do projeto, Vicente Castro Mello, a fachada composta de colunas permite a entrada de luz, mas a cobertura da ecoarena cria sombra e evita também a exposição exagerada dos visitantes ao sol. Assim, os idealizadores do projeto pretendem evitar o desperdício de energia decorrente do uso constante de aparelho de ar condicionado.
 Empenho 
 Vicente reconheceu a homenagem ao governador do DF como um esforço de todos que se propuseram a buscar o selo de sustentabilidade. "Quem está envolvido nesse trabalho sabe da dificuldade que é fazer uma obra como essa. Quem toma essa frente, se expõe e assume que está indo para esse caminho merece reconhecimento. São pessoas que estão puxando o carro das grandes mudanças no Brasil e no mundo", avaliou o arquiteto. Para ele, a implementação de um conceito verde em uma obra para usufruto da população poderá trazer benefícios. "O visitante aprenderá sobre reciclagem de lixo, reaproveitamento da água da chuva e captação de energia solar. Isso contribuirá para a criação de uma semente de transformação da sociedade", sugeriu.
 Para o governador do Distrito Federal, o reconhecimento da GBC Brasil reflete o compromisso do GDF em pensar Brasília para os próximos 50 anos. "Os investimentos que estamos fazendo hoje deixarão um legado imensurável. Iremos, de fato, fazer uma Copa verde na qual as pessoas se deslocarão a pé dos hotéis para o estádio, sem contar as melhorias em andamento na área de mobilidade urbana. E mais do que isso, serviremos de exemplo pela iniciativa de focar nossas ações na sustentabilidade", afirmou Agnelo.
 Na última semana, a Fifa confirmou que o Estádio Nacional de Brasília receberá a abertura da Copa das Confederações de 2013, além de sete jogos da Copa do Mundo de 2014. De acordo com informações do Governo do Distrito Federal (GDF), 40% da obra do Estádio Nacional de Brasília foram concluídos. Os trabalhadores já finalizaram 96% da escavação e 96,8% da fundação. A concretagem da arquibancada inferior tem 60% do trabalho executados. Cerca de três mil operários trabalham no canteiro, inclusive no período noturno.
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  Três perguntas para 
  Vicente Castro Mello, arquiteto e coautor do projeto do Estádio Nacional de Brasília 
 Como foi idealizado o estádio e qual a sua inspiração?
 A cada quatro anos, um país se transforma para receber esses grandes eventos esportivos e os grandes cartões postais são, normalmente, as instalações esportivas. Após longa pesquisa, buscamos criar um conceito de arquitetura que pudesse ser adotado por outras cidades e países com referência de arquitetura de futuro e servir como semente para transformar a cidade de maneira geral. O estádio é um indutor de transformação na cidade. Quando bem planejado e executado, pode trazer grande mudança na sociedade, como ela vive e interage com o meio ambiente. Há um estudo que diz que as construções são a maneira mais rápida de combater os efeitos da emissão de gases poluentes. Baseado nisso, desenvolvemos um estudo bioclimático que analisa as condições climáticas ao longo de vários anos em Brasília. Assim, vamos transformando a arquitetura e conseguimos, por exemplo, aproveitar os ventos predominantes para refrigerar os ambientes do estádio e evitar o uso de ar condicionado; privilegiar a iluminação natural e evitar o gasto de energia elétrica; e reaproveitar os recursos naturais como a água da chuva. Tudo isso delineou o desenho final do estádio que, claro, atende a um caderno de encargos e requisitos de um estádio do nível da Fifa. Ao contrário do que muita gente faz, incorporamos esses recursos considerados verdes no edifício.
 Realizar uma obra dessas é mais caro e demanda mais tempo?
 Hoje em dia, por conta da demanda que está aumentando, a tendência é de que o custo inicial diminua ao longo dos próximos anos. Hoje fica em torno de 3% a 5% mais caro construir um prédio verde, mas o retorno do investimento é muito mais rápido e, de sete a 10 anos, o dinheiro que foi investido volta. O edifício verde deixa de comprar energia, por exemplo, e, como reaproveita a água da chuva, não há custo para se comprar a água tratada. Com essas várias reduções de custo ao longo da vida útil de operação, você obtém retorno total sobre o investimento e, a partir do 11º ano até o 50º, vida média de uma obra como essa, você passa a ter receita. Todas essas questões justificam o pequeno investimento maior que se faz hoje.
 Há uma tendência para essas construções ou ainda existe uma certa resistência?
 Sem dúvida, essa situação está mudando e a tendência é mudar cada vez mais rápido. É impossível pensar em fazer uma obra sem eficiência energética e na questão ambiental. Não é só uma questão de preservar, é uma questão econômica. 
"Cbic"

 

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