
AGÊNCIA CBIC
Os ricos entram em campo
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09/12/2013 |
Revista IstoÉ Dinheiro Os ricos entram em campo Recuperação dos países desenvolvidos e investimentos em infraestrutura ajudam o Brasil a disputar um lugar de destaque no campeonato do crescimento Por Denize BACOCCINA Acostumados a comandar equipes de primeira linha e a ocupar lugar de destaque nas seleções, nos últimos anos os países ricos andaram ausentes do campeonato mundial do crescimento econômico. Em 2014, eles voltam com força à primeira divisão. Bom para a economia brasileira, que pode contar com a ajuda de estrelas como os Estados Unidos — país que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), vai crescer 2,6% no próximo ano. A economia mundial terá um desempenho ainda melhor, de 3,6% — o melhor em três anos, apesar de a zona do euro ainda ocupar um lugar tímido, com uma expansão de apenas 1%. Doha, no Qatar: futura sede da copa de 2022 quer fazer o evento no verão. A Fifa, no inverno A volta dos países ricos aos gramados é uma excelente notícia, mas são os emergentes que continuam ocupando os primeiros lugares na tabela. Em média, eles devem crescer 5,1%, puxados pela alta de 7,3% na China, a líder dessa chave. O Brasil, depois do ciclo de crescimento puxado pelo consumo, vai celebrar a Copa com uma expansão dos investimentos. Economistas consultados pelo Banco Central (BC) estimam uma expansão de 2,1% em 2014, abaixo dos 2,5% previstos para este ano. Mas, apesar disso, analistas, empresários e o governo avaliam que estão sendo plantadas as bases para melhorar a infraestrutura do País, baixando custos e elevando a competitividade. "O motor da economia é o investimento, mas o consumo continuará importante", diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega (leia entrevista AQUI). Otimista, ele prevê um crescimento de 3% a 4% no ano que vem. Os novos projetos abrangem todos os setores. Concentrado na infraestrutura, o investimento estrangeiro direto deve se manter em US$ 60 bilhões, com preferência pelo setor de óleo de gás. A concessão do Campo de Libra, leiloada em outubro, vai movimentar a indústria nacional, estimulando novos negócios. "Essas concessões vão gerar muitas encomendas para a indústria", diz o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. A alta do dólar nos últimos meses já vem ajudando a indústria nacional, cuja produção cresceu 1,6% até outubro. Para 2014, a CNI espera uma expansão de 1,5% a 2%. O presidente da fabricante de materiais de construção Saint-Gobain, Benoit d’Iribarne, também é otimista. "O ano eleitoral normalmente aquece o mercado da construção, e as concessões, embora atrasadas, vão impulsionar a economia", diz. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção espera um crescimento de 3% a 4%. "Espero que 2014 seja ainda melhor que este ano", diz Marcelo Odebrecht, presidente do Grupo Odebrecht. Nas últimas semanas, a empresa adquiriu duas concessões, a do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e a da rodovia BR-163, em Mato Grosso. "Temos os nossos desafios, mas o importante é que o Brasil tomou consciência deles e já estamos atuando", diz Odebrecht. Enquanto a bola não rola nas cidades-sede da Copa, a construção dos estádios e as obras para melhorar o trânsito e modernizar os aeroportos já movimentam os negócios. O torneio também deve ajudar o comércio. ————— ————————– O ano começa com uma taxa básica de juros mais elevada, de volta aos dois dígitos. Mas a alta da Selic deve ser compensada pela redução da inadimplência e do endividamento do consumidor, o que abre espaço para novas compras. Além disso, o desemprego em 5,2%, o menor nível histórico, dá mais segurança aos bancos na hora de conceder o crédito. "O nível de emprego está elevado e não vejo nada no horizonte que possa mudar drasticamente isso", diz Marcelo Noronha, diretor-executivo do Bradesco. O que ainda preocupa é a inflação. O índice deve ficar próximo de 6%, acima do centro da meta de 4,5% pelo quinto ano consecutivo. "Estamos fazendo um grande esforço para manter a inflação sob controle, e esse esforço se manterá em 2014", diz Mantega. A balança comercial, que pode fechar no vermelho neste ano, deve voltar ao superávit em 2014. O dólar subiu de R$ 2,10, em janeiro, para perto de R$ 2,40, no início de dezembro, e o mercado externo ficou mais aquecido. "Acho que o câmbio vai depreciar e isso é bom para os exportadores brasileiros, porque vai melhorar nossa competitividade", diz Joesley Batista, presidente do J&F. Se ele estiver certo, é só marcar o gol nos portos e correr para o abraço. Colaboraram: Luís Artur Nogueira, Ana Paula Ribeiro, Geovana Pagel e Marcio Juliboni |
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