Capacitação no canteiro de obras é destaque no Quintas da CBIC: programa gratuito busca qualificar trabalhadores e enfrentar escassez de mão de obra 

A falta de mão de obra qualificada e a baixa produtividade da construção civil foram temas centrais da edição do Quintas da CBIC realizada nesta quinta-feira (15). O evento explicou como funciona o Programa Nacional de Capacitação da Construção Civil no Canteiro de Obras, uma iniciativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A proposta é oferecer formação gratuita e prática para trabalhadores de baixa renda diretamente nos canteiros de obras, aproximando qualificação profissional a realidade do setor. 

“Esse espaço de conteúdo e debate é fundamental para tratarmos de um tema central para o futuro da construção: a mão de obra e a produtividade”, afirmou Eduardo Aroeira, vice-presidente financeiro da CBIC. “Apesar da retomada do crescimento e da geração de empregos, o setor enfrenta uma grave crise de escassez de trabalhadores qualificados. Mais de 70% das empresas têm dificuldade para contratar e quase 40% relatam muita dificuldade”, completou. 

O programa faz parte do Plano Nacional de Capacitação da Construção Civil e utiliza a metodologia “Aprendendo a Construir”, que combina videoaulas, livros didáticos e atividades práticas supervisionadas no próprio ambiente de trabalho. Inicialmente, os cursos oferecidos são para as funções mais demandadas: pedreiro de alvenaria, pedreiro de acabamento, carpinteiro e armador. 

Além da ação com o SENAI, a CBIC firmou em março deste ano um convênio com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) para aproximar as vagas do setor da construção das pessoas inscritas no Cadastro Único do Governo Federal. Empresas interessadas podem acessar o formulário de adesão por meio do link: https://bit.ly/4kNFksw. 

“O tema da escassez de mão de obra é antigo, mas se agravou nos últimos anos. A falta de atratividade da construção civil apareceu em praticamente todas as pesquisas que realizamos em 2024. Com esse programa, queremos mudar esse cenário com ações práticas”, explicou Ricardo Michelon, vice-presidente de Política de Relações Trabalhistas da CBIC. 

Michelon também reforçou que a adesão das empresas é essencial para o sucesso da iniciativa. “Ficou muito claro para nós que o nosso setor precisa evoluir como um todo, e essa evolução parte da tomada de decisão dos empresários. É nosso dever, enquanto entidade representativa, sensibilizar o empresário. É com ele que está o poder de decisão para fazer o setor evoluir e superar obstáculos como a escassez de mão de obra”, completou. 

Durante o evento, o superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI Nacional, Felipe Morgado, apresentou dados que reforçam a urgência da iniciativa: 94% das construtoras enfrentam escassez de mão de obra, 76% revisam prazos de obras por falta de trabalhadores e 60% dos profissionais nunca fizeram cursos de qualificação formal. Ainda assim, 72% das empresas citam a falta de qualificação como principal barreira — e menos da metade investe em formação. 

“Com o ‘Aprendendo a Construir’, levamos os cursos para dentro do canteiro, com aulas práticas no local de trabalho e sem necessidade de deslocamento. O SENAI oferece a estrutura pedagógica, os materiais e a formação de multiplicadores, enquanto as empresas organizam o ambiente e selecionam os participantes”, explicou Morgado. 

A jornada de capacitação prevê que 50% do curso aconteça durante o expediente, com participação voluntária dos trabalhadores no contraturno. Empresas com mais de 20 trabalhadores em um mesmo canteiro poderão contar com instrutor do próprio SENAI. 

A inclusão de mulheres na construção civil também foi tema do debate. Eduardo Aroeira destacou a importância de ampliar a diversidade no setor por meio de cursos em áreas mais acessíveis fisicamente, como pintura e instalações elétricas. 

“Precisamos desenvolver excelentes profissionais femininas. Isso é necessário tanto como sociedade quanto como segmento produtivo. Nossa expectativa é que em 2026 esses cursos estejam implementados e ampliem a participação das mulheres no canteiro”, afirmou. 

A partir de 2026, o programa deve expandir seu portfólio com formações em drywall, instalações prediais, eletricidade e novas tecnologias construtivas. A ação, segundo os organizadores, depende da adesão das empresas e do engajamento com o processo de qualificação. 

“O setor da construção oferece oportunidades reais de crescimento profissional. Nosso objetivo é que os trabalhadores se qualifiquem onde atuam e que as empresas encontrem profissionais prontos para produzir com mais eficiência”, concluiu Morgado. 

Para participar do novo programa de capacitação no canteiro de obras, basta inscrever-se pelo link: CBIC | CPRT | Programa Nacional de Capacitação da Construção Civil no Canteiro de Obra 

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