Logo da CBIC
17/05/2019

91º ENIC: Especialistas discutem uso da tecnologia no mercado imobiliário no futuro

Economista Fábio Tadeu, sócio-diretor da Brain apresenta estudo durante o painel ‘O mercado imobiliário no futuro’. Foto: Ricardo Cassiano/CBIC

Os hábitos comportamentais e de consumo da sociedade brasileira estão em transformação e impactando o mercado imobiliário. A diminuição do tamanho das famílias, o envelhecimento da população, a expansão do uso de ferramentas tecnológicas, a busca por empreendimentos que ofereçam moradia, trabalho e lazer em um só lugar e imóveis pequenos (de até dois quartos), com serviços compartilhados e áreas de conveniência, são algumas das mudanças.

Confira a galeria de fotos do painel

As informações estão na pesquisa apresentada, nesta sexta-feira (17), pelo economista Fábio Tadeu, sócio-diretor da Brain – Bureau de Inteligência Corporativa, no painel conjunto ‘O mercado imobiliário no futuro’, realizado pelas comissões de Indústria Imobiliária (CII) e de Habitação e Interesse Social (CHIS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) durante o 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC).

O estudo da empresa de inteligência estratégica ouviu 1,2 mil pessoas em dois meses (abril e maio deste ano), em todo o Brasil, e elenca uma série de tendências no mercado imobiliário. “Os novos hábitos culturais e de consumo indicam moradia, trabalho e lazer em só lugar. A nova necessidade é compartilhar. Uma necessidade básica ainda não mudou, a moradia. Se a essência não mudou, mudaram e mudarão as formas de viver e conviver. Hoje, por exemplo, ter um smartphone é mais importante que ter um plano de saúde”, ressaltou Fábio Tadeu.

Ainda de acordo com ele, uma das tendências mais fortes detectadas pela pesquisa é a busca por imóveis com serviços de compartilhamento e de conectividade. O economista destacou um case de sucesso. “Os imóveis estão mudando de tamanho e estilo. Os menores, por exemplo, são especialmente fortes em São Paulo. Em Belo Horizonte, o Selfie Appartaments, com 160 unidades de 44 a 82 metros quadrados e esses serviços compartilhados, foi entregue 100% vendido”, pontua Tadeu.

Outra transformação em curso na sociedade, de acordo com o estudo, diz respeito à posse de automóveis. “Esse número está caindo. Houve uma época em que vagas para carros era um diferencial no mercado imobiliário, e em alguns casos continua sendo, mas é um fator que já está menos em xeque. Houve uma queda de 30% na emissão de carteiras de habilitação nesta década. As garagens vão diminuir e sumir”, comenta Tadeu.

Estão os agentes do mercado imobiliário preparados para todas essas mudanças? “A mudança pode começar entendendo o mercado no qual estão inseridos”, pontuou.

O painel contou com a abertura do vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC e presidente da CII/CBIC, Celso Petrucci, e com a moderação de Marcello Gomes, presidente do Conselho Consultivo de Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE).

Celso Petrucci, Sérgio Langer, Francisco Toledo, Fabio Tadeu Araujo e Marcello Gomes. Foto: Ricardo Cassiano/CBIC

Novas ferramentas tecnológicas

O mercado imobiliário está passando por transformação digital. Ferramentas tecnológicas estão sendo cada vez mais usadas na comercialização de imóveis e revolucionando o setor. Tour virtual em 3D, drones e óculos de realidade virtual são algumas dessas ferramentas, que têm ampliado as possibilidades de escolha do imóvel pretendido e ajudado a aprimorar o processo da compra.

Sem precisar se deslocar, o cliente, com o uso daquele tipo de óculos, pode passear virtualmente pelo imóvel em 3D, usando também controle e sensores remotos. Os drones também já estão sendo disponibilizados em estandes e sites de construtoras e imobiliárias. O que antes era feito por helicópteros, com custo diversas vezes maior, hoje é feito por drone, que capta, por exemplo, imagens do canteiro de obras, o trajeto que o potencial comprador fará até o imóvel, vistas das dependências do futuro imóvel, entre outros.

A plataforma que integra visualizações em 3D, fotografias 360 graus e vídeos, por exemplo, vai além da visualização de imóveis, prontos ou na planta. Permite uma experiência digital que faz com que as pessoas se sintam dentro do imóvel. A ferramenta reproduz em detalhes as características do local e transmite confiança para o interessado na compra ou locação.

O fundador e diretor executivo da Iteleport, Francisco Toledo, empresa especializada em tecnologias 3D para o mercado imobiliário, afirma que a transformação digital do setor imobiliário produz ganhos efetivos de produtividade e lucratividade, além de proporcionar economia de tempo e assertividade na tomada de decisão.

“As construtoras e incorporadoras já identificaram, por exemplo, a oportunidade de antecipar lançamentos imobiliários usando o tour virtual 3D como ferramenta de venda. Já caiu por terra a necessidade de decorado físico para ter um lançamento bem sucedido. Os clientes têm chegado ao estande de venda já sabendo o que querem, mais qualificados, com dúvidas muito mais específicas, como qual a cor e o modelo do rodapé”.

Toledo afirma que os meios tradicionais de intermediação de imóveis ainda são os mais usados, mas a tendência é mudar, principalmente sob o ponto de vista do cliente, e  destaca que a tecnologia potencializa os resultados da comercialização dos imóveis. “A tecnologia é um acelerador de processos, e tem impacto sobre a redução do ciclo comercial, quando você tem um bom produto. Com isso, conseguimos vender mais unidades em menos tempo. Dessa forma, as incorporadoras conseguem antecipar o fluxo de caixa e, assim lançar mais empreendimentos”.

O principal protagonista no processo, no entanto, deve ser o cliente. As incorporadoras ainda estão focadas no produto.  Estamos entrando em uma era em que personalização é o que mais vai gerar valor. “Precisamos levar o máximo de tecnologia para a personalização”.

Apesar dos avanços tecnológicos, o CEO da Iteleport ressalta que a comercialização de imóveis ainda precisa da participação e interação do comprador. “O estande de venda está deixando de ser um PDV (ponto de venda) para ser um PDX (ponto de experiência), onde o cliente vai para ter a sensação do empreendimento pronto, com toda a segurança e confiança de que ele de fato vai receber aquilo que está vendo e vivenciando.

O uso da tecnologia no mercado imobiliário

Canais digitais na venda de imóveis e outras tecnologias também foram temas debatidos no painel. Blockchain, realidade virtual, bigdata, internet das coisas (IoT, internet of things) e inteligência artificial são as cinco tecnologias que irão transformar a intermediação imobiliária nos próximos anos.

Fazer uma visita a um imóvel por intermédio da realidade aumentada e pagar por ele usando criptomoedas, como bitcoins, por exemplo, já são realidade no mercado imobiliário. A afirmação é de Sérgio Langer, especialista em estratégia e vendas utilizando os canais digitais para o mercado imobiliário, sócio-fundador da Hosher, agência digital especializada no mercado imobiliário.

Ainda de acordo com ele, a tecnologia vai mudar a forma de comprar um imóvel. “As inovações tecnológicas vão ajudar a concretizar mais vendas e atender melhor o público. Atualmente, a tecnologia não é decisiva na compra de um imóvel no Brasil, mas a tendência é isso acontecer daqui a cinco, dez anos. O blockchain (tecnologia de registro distribuído que visa à descentralização como medida de segurança), por exemplo, vai mudar radicalmente a forma como nos relacionamos.

Diante dessas mudanças, qual será o papel do corretor? Segundo Sérgio Langer, há uma mudança em curso no perfil desse profissional, e haverá uma redução do número de corretores no mercado, mas a profissão não acabará. “Cada vez mais, a tecnologia vai ajudar o bom corretor a trabalhar melhor. Os meios tradicionais ainda são os mais usados, mas a tendência é mudar, principalmente devido ao perfil dos novos consumidores. Os incorporadores têm que entender que a tecnologia não vai substituir o corretor, ela veio para ajudar no processo”, ressaltou.

Trocando em miúdos

  • Blockchain – Tecnologia usada para criptomoedas e contratos inteligentes. Dá suporte ao bitcoin (moeda digital), ou seja, registra transações e a entrada da contabilidade financeira, como se fosse um grande livro contábil que registra vários tipos de transações e possui seus registros espalhados por vários computadores.
  • Realidade virtual – Novos dispositivos tecnológicos, como visitas virtuais sem deslocamento até o local, estão mudando a experiência na compra de imóveis.
  • Bigdata – É um conceito que descreve o grande volume de dados estruturados e não estruturados que são gerados a cada segundo. Seu uso no setor imobiliário permite identificar desejos, tendências, necessidades e até mesmo o interesse dos usuários.
  • A internet das coisas (internet of things, IoT) – Permite que diferentes objetos, de todos os tipos, compartilhem dados e informações para concluir determinadas tarefas, por meio de sensores e dispositivos.
  • Inteligência artificial – É um ramo da ciência da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões e resolver problemas. Dá às máquinas o poder de aprender, raciocinar, perceber, deliberar e decidir de forma racional e inteligente.

Promovido pela CBIC, o 91º ENIC é uma realização do Sindicato da Indústria da Construção no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e conta com a correalização da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-Rio), Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Seconci-Rio) e Senai Nacional.

O programa de trabalho da CII e da CHIS no 91º ENIC envolve temas tratados nos projetos realizados pela CBIC com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Nacional).

COMPARTILHE!

Abril/2024

Parceiros e Afiliações

Associados

 
Sinduson – GV
Sinduscon-PLA
Sinduscon-DF
Sinduscon-AM
Sinduscon-Norte/PR
Sinduscon Anápolis
Ademi – MA
Sinduscon Sul – MT
Sinduscon-Joinville
Sinduscon-Oeste/PR
Sinduscon-AC
Sicepot-PR
 

Clique Aqui e conheça nossos parceiros

Afiliações

 
CICA
CNI
FIIC
 

Parceiros

 
Multiplike
Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea