
AGÊNCIA CBIC
27/03/2012
Vidas em construção
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27/03/2011 :: Edição 285 |
Estado de Minas/MG 27/03/2012
Vidas em construção
Márcio Moutinho da Cunha Patrício, de 33 anos, vivia levando tinta. Literalmente! Não que ele não gostasse da profissão de pintor. Mas ele sonhava em se aperfeiçoar e ampliar o leque de atuação no segmento da construção civil. "Até pintava direitinho, mas não tinha a técnica necessária para oferecer um trabalho diferente, da atualidade", diz o pintor e agora também pedreiro de acabamento.
Moutinho viu sua vida mudar quando ingressou no curso de oficial da construção civil oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte, uma das estratégias de geração de emprego e renda dentro do projeto Família cidadã – BH sem miséria. O pintor recebeu o certificado dia 19, mas antes mesmo de terminar o curso já estava trabalhando com acabamentos em duas obras: uma em Contagem, na região metropolitana, e outra no Bairro Alto Vera Cruz, Região Leste da capital, onde mora. "Faço pinturas com texturização e assento cerâmicas, coisas que nem imaginava ser capaz de fazer. Estou muito satisfeito com a oportunidade que o aprendizado me deu. Inclusive, minha situação financeira já melhorou", comemora.
Como Márcio, outros 70 jovens e adultos receberam o certificado este mês e quase todos já estão trabalhando. "E muito bem empregados", afirma a coordenadora de Qualificação Profissional da Secretaria Municipal Adjunta de Trabalho e Emprego, Luciana de Freitas Lima. Segundo ela, os parceiros são os maiores aliados do projeto: as construtoras e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-MG), que acompanham o andamento do curso e recrutam os formandos para trabalhar. "Tem aluno que até virou mestre de obra de uma delas", revela.
Luciana explica que o projeto é desenvolvido com as famílias que vivem em estado de vulnerabilidade social na capital. "É feito um atendimento integral e intersetorial, organizado por meio da convergência da oferta de ações governamentais e não governamentais para a promoção dos direitos e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários." São sete territórios em quatro regionais, numa ação que envolve as secretarias municipais de Políticas Sociais, de Educação e as adjuntas do Trabalho e Emprego, de Assistência Social e de Segurança Alimentar e Nutricional, além dos institutos Yara Tupynambá e São Vicente de Paulo. "O objetivo do curso é intervir em cinco áreas – saúde, renda, educação, cidadania e moradia. Os alunos são recrutados dentro dessas regiões vulneráveis, prioritariamente de famílias atendidas pelos programas assistenciais. E quando chega a hora da prática, se exercitam nas moradias dessas regiões.
Antes disso, segundo o coordenador do Programa BH Cidadania, Marcelo Mourão, da Secretaria de Políticas Sociais, os alunos são estruturados socialmente, com conteúdos de relações humanas, ética, cidadania e ainda os específicos, que abordam desde a matemática aplicada à construção civil até alvenaria, acabamento, elétrica, hidráulica, pintura, carpintaria e segurança no trabalho. Ao todo, são 504 horas-aulas, distribuídas em oito horas diárias, de segunda a sexta-feira. Para passar o dia inteiro no Instituto Yara Tupynambá, responsável pela execução do projeto, os alunos recebem bolsa-auxílio de R$ 300/mês, almoço, lanche, vale-transporte e todo o material necessário para a formação.
PRÁTICA Dos quatro meses de aulas, mais da metade corresponde ao trabalho em campo. Os estudantes são divididos em grupos e encaminhados para uma reforma completa nas casas indicadas. Não é construção e sim pequenos consertos que visam à melhoria da qualidade de vida. "São feitas intervenções nas moradias da população atendida pelo Família cidadã. As casas são indicadas pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel). Ao todo, oito unidades – duas em cada território – recebem a ação dos aprendizes", diz Luciana. As casas são pintadas, ganham pias de cozinha, ligações de rede de esgoto, elétrica e hidráulica. Enfim, tudo o que estiver precisando. "Por isso é tão importante a junção das secretarias e outros órgãos. O Instituto São Vicente de Paulo, por exemplo, dá apoio com o material de construção, as secretarias entram com dinheiro, emprego, alimentação e salas de aula, o Instituto Yara Tupynambá oferece os professores e a Urbel dá o aval para as reformas. Todos com o mesmo objetivo, que é promover a segurança e melhorar a qualidade de vida da população."
Bom para Márcio, que mal acabou de se formar e já pensa em fazer faculdade de design de interiores – "quero ir mais longe". Bom para tantos outros que já fizeram ou ainda vão fazer o curso. A turma que terminou foi a segunda de 100 alunos cada a se formar.
Serviço O próximo curso ainda está sem data marcada, mas o interessado pode ligar para o 156 e deixar seus dados. Para participar, o candidato deve ter 18 anos completos, ter feito até a 4ª ou 5ª séries e ser morador de BH.
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