Varejo tem alta de 0,9%

Correio Braziliense

Varejo tem alta de 0,9%

» SIMONE KAFRUNI
» ANA CAROLINA DINARDO

As vendas no comércio varejista reagiram em agosto, quando o setor registrou crescimento de 0,9% sobre julho, um desempenho acima do esperado pelo mercado. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o aumento, de 6,2%, surpreendeu os especialistas. Para os comerciantes, a reação do varejo só foi possível graças ao arrefecimento da inflação, que deu uma trégua nos últimos meses.

O governo, contudo, foi leniente por tempo demais. A carestia só cedeu depois que a presidente Dilma Rousseff, percebendo que a alta dos preços vinha reduzindo o consumo das famílias e travando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), deu sinal verde ao Banco Central (BC) para elevar os juros. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24% em agosto, após a estabilidade de 0,03% em julho.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto, as vendas avançaram pelo sexto mês seguido e a taxa de 0,9% foi a melhor para o mês desde 2010, quando ficou em 2,4%. Oito das 10 atividades pesquisadas tiveram resultado positivo na comparação mensal.

Setores da economia mais ligados a investimentos de longo prazo, como indústria e construção civil, continuam patinando no trimestre encerrado em setembro. A produção de veículos, por exemplo, caiu 2,5% em relação ao trimestre anterior e as vendas de máquinas e equipamentos — um indicativo dos investimentos — ficaram praticamente estáveis em julho e agosto na comparação com o bimestre anterior. Na construção civil, o desempenho frustrante da primeira metade do ano se manteve entre julho e setembro.

Otimismo

Com a aproximação do Natal, o comércio é um dos poucos setores com algo a comemorar. O gerente da Fnac, Renato Parente Costa, diz que as vendas aumentaram 22% na semana passada sobre a anterior, em função do Dia das Crianças. "E a perspectiva para o fim do ano é de um acréscimo de 10% sobre o ano passado", disse.

Dono de uma loja de calçados, Aldo Nascimento, comemorou o crescimento das vendas. "As promoções chamaram a atenção e conseguimos avançar 20% nesse mês", relatou. Ele acredita que a tendência de crescimento deve se esticar até o fim do ano. "Em novembro devemos ter outro pico, pois é o período de pagamento da primeira parcela do 13º salário", analisou.

José Roberto Mota, dono de uma loja de brinquedos contou que, só nos primeiros 15 dias de outubro, as vendas dispararam 40% em relação ao mês anterior. Ele atribui os resultados ao Dia das Crianças e à maior estabilidade dos preços. "Acho que a inflação deu uma aliviada. Então, senti que os clientes estão mais dispostos a consumir", disse.