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12/12/2011

Tentar retomada rápida trará um repique inflacionário

"Cbic"
12/12/2011 :: Edição 234

 

Jornal Valor Econômico/BR 12/12/2011
 

Tentar retomada rápida trará um repique inflacionário

As incertezas do cenário internacional recomendam, antes de mais nada, prudência. Nesse cenário de baixa previsibilidade, em que a quebra de um banco ou o calote de um governo podem tornar a crise ainda mais dramática, nada mais inadequado do que o governo reagir de forma precipitada aos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o comportamento da economia no terceiro trimestre deste ano. Os dados mostraram uma forte desaceleração da atividade econômica, pois não houve crescimento em relação ao trimestre anterior.
 É preciso entender, no entanto, o que aconteceu. A economia brasileira estava em velocidade excessiva, com crescimento de 7,5% em 2010, indiscutivelmente acima da capacidade produtiva do país. Além disso, no fim do ano passado, o Brasil foi afetado por um choque dos preços internacionais das commodities. Essa combinação de economia em ritmo acelerado e choque de preços pressionou fortemente a inflação interna. De janeiro a março deste ano, o IPCA já estava em 2,4%, mais da metade de toda a meta fixada para o ano.
 O governo decidiu agir para colocar a inflação sob controle. Era preciso esfriar a economia. O Banco Central (BC) iniciou uma política de elevação de juros e impôs uma série de medidas macroprudenciais ao sistema financeiro, o que encareceu o custo do dinheiro e reduziu a expansão do crédito. Além disso, o governo anunciou a sua decisão de cumprir a meta "cheia" de superávit primário nas contas públicas, sem descontar os investimentos do PAC.
 Essa combinação de medidas produziu o resultado esperado pelo governo. A economia desaqueceu. Mas em agosto deste ano, o Banco Central mudou a trajetória de sua política monetária. Ele decidiu reduzir a taxa de juros e desmontar algumas medidas macroprudenciais que haviam sido impostas ao mercado financeiro.
 A mudança de rota resultou na percepção do BC de que a desaceleração da economia brasileira já estava em curso. Pelo que se pode deduzir das atas do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC tentou evitar que o agravamento da crise da Europa pudesse piorar o quadro e jogar a economia brasileira no chão. O BC agiu, portanto, de maneira correta e tempestivamente.
 Os dados do IBGE são, nesse sentido, um olhar pelo retrovisor. Retratam uma situação da economia antes da mudança de rota feita pelo BC. Certamente, como observou o próprio Banco Central em nota divulgada na última terça-feira, o Brasil não está parado. Mas ainda não existem dados para que se possa medir com precisão o ritmo atual da atividade econômica. A inflação, por sua vez, dá sinais de arrefecimento e o próprio mercado já projeta um IPCA em torno de 5,5% para o próximo ano.
 O governo não pode cair na tentação de forçar uma retomada mais rápida da atividade econômica. Se fizer isso, a inflação certamente voltará. Em recente entrevista ao Valor , o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que desta vez o governo será moderado nos estímulos ao crescimento. Segundo ele, o governo não pretende repetir o que fez em 2008/2009, quando liberou isenções de impostos no valor de R$ 25 bilhões. O objetivo principal do mix da política econômica é criar espaço para a queda dos juros.
 Na mesma entrevista, Mantega garantiu que o governo está "totalmente comprometido" com a meta "cheia" de superávit primário das contas públicas de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). O ministro, no entanto, fez um alerta sobre as pressões no Congresso para a criação de mais despesas. "Hoje, somos menos ameaçados pela crise externa do que por medidas que podem aumentar os gastos do governo de forma preocupante", disse.
 A solidez fiscal é, hoje, o que mais diferencia o Brasil dos países em crise. A dívida pública líquida está caindo como proporção do PIB e todos os demais critérios de solvência são extremamente favoráveis. O país não pode, em nenhuma hipótese, perder esse patrimônio. Uma frase do ministro Mantega resume a situação: "Há uma baita crise internacional que está derrubando os países que não têm situação fiscal sólida. Nós, que temos uma situação sólida, não podemos ser derrubados por nós mesmos". É importante que os demais integrantes do governo e os políticos da base aliada reflitam sobre isso.

"Cbic"

 

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