
AGÊNCIA CBIC
Segunda oficina sobre Taxonomia Sustentável Brasileira debate desafios e avanços de implementação no setor da construção

A segunda oficina sobre a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) para o setor da construção, promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Ministério da Fazenda, reuniu especialistas para debater os avanços e desafios da implementação dessa ferramenta essencial para investimentos sustentáveis no Brasil. O evento ocorreu na tarde desta segunda-feira (24), em formato online, e contou com a participação de representantes do governo, consultores e integrantes do setor.
Durante a oficina, Ayuni Sena, assessora técnica do Ministério da Fazenda, destacou que a taxonomia busca estabelecer critérios técnicos para definir a contribuição de projetos e atividades econômicas para os objetivos sustentáveis. “A ideia é que a gente abrace a maior parte da economia brasileira usando para isso a classificação da CNAE, que já fornece pelo menos uma boa base para a estruturação do processo”, afirmou. Segundo ela, a classificação adotada para abranger a economia brasileira utiliza a CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), garantindo uma base estruturada para a identificação de setores e iniciativas.
Um dos principais pontos debatidos foi a necessidade de que a taxonomia garanta que projetos sustentáveis contribuam para pelo menos um dos objetivos ambientais e sociais sem comprometer outros. “Ela precisa atuar de uma maneira que não cause danos a outros objetivos. Não adianta contribuir para um objetivo se isso acabar prejudicando o alcance de outro”, explicou Ayuni Sena. Além disso, foi ressaltada a importância das salvaguardas socioambientais para assegurar padrões mínimos de proteção.
Nilson Sarti, vice-presidente da área de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC, enfatizou a importância de uma compreensão aprofundada do setor da construção para garantir que a taxonomia seja utilizada da melhor forma possível. “É fundamental conhecer bem o nosso setor e construir um caminho que permita que a taxonomia seja aplicada de forma eficiente e realista”, afirmou.
Roberto Oranje, consultor técnico de sustentabilidade que está atuando na TSB, reforçou a necessidade de compreender as “dores” do setor da construção e incorporar sugestões que possam ser aplicadas de maneira prática. “Queremos ouvir as dificuldades e as experiências do setor, de preferência com exemplos concretos, para que possamos implementar soluções eficazes”, disse. Ele destacou a importância da eficiência energética, de estratégias bioclimáticas e do reaproveitamento de recursos como pilares fundamentais da sustentabilidade no setor.
Outro desafio abordado foi a falta de dados sobre carbono incorporado nos materiais de construção. Mara Luisa Alvim Motta, da Caixa Econômica Federal, apontou a necessidade de ferramentas que permitam mensurar e padronizar essas informações, facilitando comparações entre diferentes certificações de sustentabilidade. “Hoje, nós ainda não temos informações concretas sobre carbono incorporado nos materiais. Isso é uma grande dificuldade, pois as certificações utilizam parâmetros diferentes, dificultando a comparação”, explicou. Ela destacou ainda que a definição de regras claras será essencial para garantir a aplicação efetiva da taxonomia.
Ao final do encontro, os participantes reforçaram a importância da consulta pública como ferramenta para aprimorar a construção da taxonomia e garantir que ela atenda às necessidades do setor. Ayuni Sena ressaltou que “o setor da construção é bastante organizado e tem se envolvido bastante na discussão, com potencial de trazer muitas contribuições”. A discussão continuará nos próximos meses, com a expectativa de avanços significativos na integração da sustentabilidade na indústria da construção brasileira.