Reocupação de Centros Urbanos Degradados: Perspectivas empresariais no encontro da CBIC 

Na quinta-feira, 1º de agosto, Salvador (BA) sediou o evento “Encontro com o Poder Público – Reocupação de Centros Urbanos Degradados”, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O encontro teve como objetivo mobilizar autoridades e especialistas para discutir estratégias e promover a reocupação de áreas centrais em declínio nas cidades brasileiras. 

O evento contou com cinco painéis, incluindo um dedicado à visão dos empresários sobre a reocupação dos centros urbanos. Entre os destaques do painel, Nilson Sarti, Vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC, comentou sobre a importância da iniciativa. “É uma missão passar por cima dos entraves e mostrar exemplos positivos. Estamos vendo um trabalho espetacular em locais como Rio de Janeiro e Salvador”, afirmou Sarti, destacando a relevância de projetos de revitalização como o desenvolvido na cidade carioca. 

Claudio Hermolin, presidente do SINDUSCON-RIO, compartilhou os resultados do projeto Reviver Centro no Rio de Janeiro. Hermolin explicou que a iniciativa foi um marco para revitalizar o centro da cidade através de uma colaboração efetiva entre setor público e privado. “O sucesso vem da parceria entre o público e o privado. No Rio, a lei do Reviver Centro trouxe um aumento significativo de empreendimentos residenciais na área, melhorando a qualidade de vida e reduzindo o trânsito e a poluição”, destacou. 

Após a implementação da segunda fase do programa Reviver Centro, foram licenciados ou estão em licenciamento cerca de 37 projetos, dos quais 11 já foram lançados, oferecendo mais de 1.650 unidades residenciais na região. Até o momento, 1.240 dessas unidades foram efetivamente vendidas, com 66% destinadas a famílias com renda de até 10 salários mínimos. Dentre essas vendas, 70% foram para moradores finais e 30% para investidores. Entre as famílias com renda mais baixa que adquiriram os imóveis, 19% residiam no Centro, 5% na Zona Sul, 15% na Baixada, 38% na Zona Norte e 23% na Zona Oeste. Esse resultado indica uma melhoria significativa na qualidade de vida de aproximadamente 2.500 pessoas, com a expectativa de reduzir deslocamentos, desafogar o transporte público e aliviar o trânsito na região. 

Marcelo Falcão, empresário e proprietário da SOMAUMA, relatou sua experiência no centro de São Paulo, enfatizando a importância da transformação urbana através do retrofit e do desenvolvimento de espaços que atendam às novas demandas dos consumidores. “É essencial transformar o espaço urbano para criar lugares que as pessoas realmente queiram ocupar. A experiência é o que conta”, afirmou Falcão. 

Luciano Lopes Prima, diretor da Prima Empreendimentos, trouxe à tona os desafios enfrentados na revitalização do Centro Histórico de Salvador. “A modernização do Centro Histórico requer investimentos substanciais em infraestrutura e mudanças na legislação. Também enfrentamos resistência por parte das instituições financeiras”, explicou Lopes Prima, exemplificando o projeto do Hotel Fasano Salvador como um caso de sucesso na transformação de áreas urbanas históricas. 

O evento evidenciou a necessidade de estratégias e parcerias para enfrentar os desafios da reocupação urbana. As discussões ressaltaram que não é apenas uma questão de investimento financeiro, mas também de inovação e colaboração entre diversos setores. 

A CBIC e os participantes do evento pontuaram a importância de continuar promovendo e desenvolvendo iniciativas semelhantes para transformar as áreas centrais das cidades brasileiras e melhorar a qualidade de vida urbana. 

O tema tem interface com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção”, objetivo 2.5 – “O Futuro da Minha Cidade”, da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi).