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AGÊNCIA CBIC

29/03/2012

Prêmio Top Imobiliário

"Cbic"
29/03/2012 :: Edição 287

Jornal O Estado de São Paulo – 29/03/2012

 

Prêmio Top Imobiliário

O Jornal O Estado de São Paulo publicou hoje um caderno especial sobre o Mercado Imobiliário. Apesar dos desafios, o setor tem motivos para manter o otimismo. 

 
MERCADO IMOBILIÁRIO PRONTO PARA OS DESAFIOS
 
As instabilidades econômicas enfrentadas pelo País reduziram, mas não eliminaram o otimismo dos empresários do mercado imobiliário, que, depois de bois momentos em 2010, se vê diante de incertezas. O setor passou por alinhamentos em 2011 – o aumento do poder aquisitivo, a reestruturação dos financiamentos imobiliários, o declínio dos juros-, teve de encarar o desaceleramento da economia provocado pela crise europeia, que rebaixou o PIB de 2011 para o patamar de 2,7%, segundo o IBGE. O setor imobiliário, porém, conseguiu manter seu vigor, com índice de Velocidade de Vendas de 57,2% e oferta final de 19,7 mil unidades, cerca de três mil a mais do que no ano interior.


 

Novos desafios na segunda etapa

Segunda fase do programa enfrenta atrasos e continua pouco atrativa para a iniciativa privada, mas governo acredita que meta será cumprida

 Um dos carros-chefes da última eleição presidencial, o programa Minha Casa, Minha Vida venceu a desconfiança criada na época de seu lançamento e cumpriu a meta de contratar um milhão de moradias em sua primeira fase, encerrada em 2010. Agora, em sua segunda etapa, o desafio será dobrado: dois milhões de habitações até 2014. E não foi só o número de moradias que aumentou: a área total das residências, os valores de subsídios e até o limite de renda das famílias participantes foram elevados.
 No entanto, se hoje é um projeto mais maduro e grandioso, o programa volta a enfrentar um antigo problema: a pequena penetração em grandes cidades, especialmente em empreendimentos da iniciativa privada para a primeira faixa de renda – famílias que ganham até R$ 1.600,00.
 Os altos preços dos terrenos nas regiões metropolitanas, grande obstáculo da primeira fase do programa, continuam a ser o maior entrave. Além disso, como houve melhorias nas especificações de acabamento, a execução dos projetos foi encarecida.
 O governo chegou a elevar o teto do subsídio da primeira faixa de renda, de R$ 52 mil para R$ 65 mil, outra reivindicação antiga das empresas do setor.
 Mas o aumento, segundo João Cláudio Robusti, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon- SP), não foi suficiente para acompanhar a subida de preços, que afeta a construção civil de modo geral. "Há uma defasagem de valores entre 13% e 14%", afirma.
 Robusti explica que, com o teto atual, as empresas privadas tendem a se afastar de projetos da primeira faixa de renda do Minha Casa, Minha Vida. Além disso, o dirigente lembra que a meta de moradias para estas famílias já acumula um grande atraso por conta da demora na definição das especificações da segunda fase, que tomou boa parte do ano passado. "Houve um problema de contratações entre janeiro e setembro de 2011. O governo demorou muito para definir os novos critérios.
 Não se produziu nem metade do que deveria na faixa 1." Outro ponto que tem causado discordância entre os empresários é a adoção do Valor Potencial de Contratação (VPC), que impõe limites de contratação para cada construtora.
 A medida, de acordo com Robusti, pode fazer com que os imóveis mais baratos, conhecidamente menos lucrativos que os empreendimentos das faixas superiores (para famílias com renda entre R$ 1.600,00 e R$ 5.000,00), sejam deixados de lado pela iniciativa privada, já que, com o limite, as construtoras terão de selecionar melhor quais projetos apresentarão propostas.
 "As empresas pequenas e médias, responsáveis por 83% das contratações da faixa 1 (na primeira fase do programa), vão começar a priorizar imóveis da faixa 2", explica o vice-presidente do SindusCon-SP. O último relatório divulgado pela Caixa Econômica Federal – com dados atualizados até o dia 29 de fevereiro – aponta que, das 555.787 unidades contratadas até então, nada menos que 355.130 pertenciam à faixa 2, enquanto apenas 151.748 se enquadravam na primeira categoria de renda.
 Para José Urbano Duarte, vice- presidente de governo da Caixa Econômica Federal, o VPC não deve ser tão temido pelas construtoras. "Nós sempre tivemos um limite de endividamento e capacidade de financiamento das empresas. Então, isso não é novidade. Na medida em que se executa a obra, recupera-se a capacidade de recontratar aquilo que entregou", afirma ele, garantindo que isso não vai atrapalhar o fluxo de contratações do programa. "Se alguma situação como esta vier acontecer e se perceber que é importante rever uma coisa ou outra, não temos dificuldade nenhuma em evoluir e rever os procedimentos que garantam a continuidade dos processos de contratação." Duarte também minimiza a desproporção de projetos para a primeira faixa de renda. Segundo ele, as diferenças são aceitáveis, justamente por conta da demora do governo na definição dos novos critérios para a primeira faixa de renda – as contratações de projetos paras as faixas 2 e 3 ocorreram normalmente durante o ano passado.
 "Não tenho a menor dúvida de que cumpriremos a meta. A expectativa de contratação para os próximos meses e anos nos dá essa confiança", diz ele, lembrando que a primeira etapa do Minha Casa, Minha Vida também enfrentou questionamentos, mas acabou sendo cumprida integralmente. "Muitas pessoas não acreditavam, e no final foi feito." Parcerias entre governos. Para recuperar o tempo perdido, em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou a construção de 100 mil unidades no Estado de São Paulo, incluindo a região metropolitana da capital, uma das que mais sofrem com o déficit de moradias. A medida, no entanto, só foi possível através de uma parceria entre os governos federal e estadual.
 O primeiro arcará com o subsídio padrão do programa Minha Casa, Minha Vida, que é de R$ 65 mil por unidade, enquanto o segundo entrará com um aporte de R$ 20 mil por cada moradia. No total, a União investirá R$ 6,15 bilhões e o governo de São Paulo, mais R$ 1,9 bilhão no projeto.
 Na opinião de Duarte, as parcerias entre os governos podem ser o impulso necessário para que o programa consiga se aproximar da meta geral de dois milhões de habitações até 2014.
 Até porque, segundo ele, não é preciso que os convênios sejam realizados apenas através de investimentos diretos: isenção tributária e até provisão de infraestrutura são alternativas viáveis. "Os municípios podem participar, facilitando a racionalização dos processos de análise, a expedição de Habitese, concedendo isenção tributária e investindo em infraestrutura, além da definição de zonas de habitação de interesse social", afirma.
 Como prova da importância do programa para a equipe da presidente Dilma, na revisão dos gastos governamentais deste ano, o Minha Casa, Minha Vida saiu sem um arranhão dos temidos cortes orçamentários – o investimento total da segunda fase é estimado em R$ 125,7 bilhões.
 Isso porque, além de ser um grande trunfo eleitoral, o setor habitacional é uma das mais importantes alavancas da economia nacional e ainda encontra bastante espaço para crescimento – basta reparar que os números da construção civil têm crescido em ritmo maior que o Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos. Resta agora governo e iniciativa privada acertarem suas diferenças.

 

Um ano de ajustes e de equilíbrio

Especialistas consideram que 2011 foi um bom ano para o setor, com crescimento firme, dentro das expectativas

 O momento de euforia passou. Em 2010, o mercado imobiliário esteve em ebulição. Foi um momento histórico, com a retomada do mercado após a superação dos efeitos da crise financeira internacional no fim de 2008 e início de 2009. Naquele ano, o Brasil registrou crescimento de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) – o maior avanço desde 1986, quando o País vivia o Plano Cruzado e registrou o mesmo índice de crescimento. "Foi um ótimo momento, o maior número de lançamentos desde 1985, ou seja, desde que a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) realiza estudos e levantamentos nesse sentido", diz Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp. "Foi um ano excepcional", concorda Emí- lio Kallas, vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). E em 2011, como o mercado imobiliário se comportou?
 Os especialistas dizem que foi um ano de equilíbrio. Houve um crescimento, mas dentro do esperado. "Foi bom, dentro da média do mercado", diz Kallas. O balanço do mercado imobiliário de São Paulo em 2011, apresentado pelo Secovi-SP no início deste mês, atesta que foi um ano de ajustes para o mercado de imóveis novos residenciais na capital paulista. Mas o volume de lançamentos manteve-se nos patamares de 2010, com reposição de oferta.
 "Consideramos um ano bom, com ritmo de vendas de imóveis novos acima da média histórica, considerando que foi um momento de ligeira instabilidade econômica, com reflexos das crises americana e europeia", afirma Kallas. Para o diretor de economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Eduardo Zaidan, o Brasil não ficou imune à crise europeia. "Mas o País conseguiu manter o vigor." Em 2011, a construção civil registrou um aumento de 5%, e isso deve ser contínuo nos próximos anos. "Isso é o ideal, um crescimento perene, sem sobressaltos", define Zaidan. Para ele, o mercado imobiliário está ligado à renda. "Se há renda, as pessoas podem comprar." Ele explica que a construção civil está aliada à economia do País. "Se a economia vai bem, a construção civil também estará." O presidente do Secovi-SP, Cláudio Bernardes, concorda e acrescenta que, nos últimos anos, o Brasil viveu alinhamentos importantes, como o aumento do poder aquisitivo, a reestruturação dos financiamentos imobiliários com o crédito atrativo nos bancos e com os juros em declínio, aliado à demanda efetiva. "Então houve um aquecimento do mercado", diz Bernardes. Em 2011, o valor comercializado na cidade de São Paulo foi de R$ 13,3 bilhões – com um crescimento de 0,7% na média de 2004 para cá. O Índice de Velocidade de Vendas anual foi de 57,2% – próximo da média de 60,2% calculada de 2004 até 2011. "A velocidade de vendas foi boa. Teve um pouco mais de estoque, mas acredito que isso vá se acomodar", considera Kallas. A oferta final de dezembro de 2011 foi de 19,7 mil unidades – um pouco maior do que a registrada em dezembro de 2010, que foi de 16,5 mil unidades.
 Bernardes acredita que estamos experimentando uma acomodação do processo de produção, "por uma série de razões, uma delas é o desaceleramento da economia, que reduziu a estimativa do PIB para quase 3% em 2011". Para ele, a expectativa de crescimento do mercado será no ritmo da economia. "Se a economia aquecer, o mercado acompanha", afirma Bernardes. "Vivemos um período bom", diz Kallas. Fatores como o crescimento da economia, manutenção do mercado interno aquecido, aumento da renda familiar, baixas taxas de desemprego, elevado déficit habitacional, além dos eventos esportivos mundiais aqui no Brasil, vão manter o mercado aquecido.
 Otimismo. Com este quadro, as projeções para 2012 são otimistas. Os países europeus ficarão com o PIB estabilizado, com variação de 0,2% a 0,4% em relação ao de 2011. Os Estados Unidos iniciarão a retomada do crescimento, com PIB aproximado de 2%. Os países emergentes, como Brasil, Rússia, Índia e China, podendo crescer em torno de 6,3% – sendo que a China pode chegar a 8,5%. "Para o Brasil, esperamos que o PIB chegue a 3,5%", diz Bernardes.
 "Não vejo nada que possa atrapalhar o nosso mercado – só vejo coisas boas", diz Kallas. Para ele, a redução da taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses, é importante. "Acredito que pelo menos vamos repetir o ano de 2011", acrescenta. "A demanda está latente, então depende do desenvolvimento da economia", diz Bernardes. Na sua opinião, o elevado déficit habitacional justifica a continuação de crescimento do mercado imobiliário para este ano. "Temos a previsão da necessidade de quase 2 milhões de unidades por ano até 2022 para cobrir o déficit, mais o crescimento vegetativo", afirma. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado no Construbusiness prevê que, de 2010 a 2022, será necessária a construção de 23,5 milhões de novas moradias, das quais 6,2 milhões para suprir o déficit habitacional e 17,3 milhões para atender ao crescimento vegetativo. Kallas alerta também para o crescimento da classe C. Até 2014, esta classe terá algo em torno de 113 milhões de pessoas – um crescimento de 71% nos últimos sete anos. "Esta classe precisa ser atendida", afirma. Um estudo conjunto do Plano CDE, Planilhar e Serasa mostra que a compra ou renova- ção da moradia é o principal item de consumo de todas as classes, desde a A até a D e E. Para Zaidan, a demanda é mais qualitativa do que quantitativa. "Acredito que a demanda agora é por tamanho, localização e por melhor qualidade." Ele diz que o Brasil deve privilegiar o crescimento, fazendo reformas internas. "Estamos no caminho certo, mas com uma velocidade baixa", afirma.
 Crédito. Os recursos para o credito habitacional também são relevantes. Em 2011, os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com captação em cadernetas de poupança, proporcionaram cré dito de R$ 79,9 bilhões – com crescimento de 42% sobre 2010. O montante equivale a 493 mil unidades financiadas em 2011, aumento de 17% sobre o volume de 2010. Com relação aos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), houve um crédito de R$ 34,2 bilhões. O crédito imobiliário atingiu R$ 114,1 bilhões em recursos, com a soma das fontes SBPE e FGTS. "Acredito que a carteira de crédito apresenta-se saudável", afirma Kallas.
 De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o índice de inadimplência foi o mais baixo dos últimos oito anos, que chegou a 2% em 2011. Bernardes divide uma preocupação com relação aos financiamentos imobiliários lastreados por recursos da caderneta de poupança. "Meu receio é no futuro não ter funding para estruturar as operações", afirma.
 "Se houver um novo crescimento, será preciso estudar mecanismos para produzir imóveis", diz. Os especialistas enxergam que há uma previsão de esses recursos se esgotarem, pois o saldo da poupança não tem crescido tanto quanto a demanda por imóveis. Mas outros tipos de financiamento estão em análise.
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 Números otimistas
 R$ 13,3 bilhões foi o valor comercializado em São Paulo em 2011
 57,2% foi o Índice de Velocidade de Vendas no ano passado
 19,7 mil unidades foram oferecidas até dezembro de 2011
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Setor de construção segue confianteHá temores e preocupações, mas otimismo se mantém

 Famílias e empresas adiam seus investimentos e a indústria da construção teme que este movimento afete o seu desempenho neste ano. Isso, porém, não afeta de forma significativa as expectativas do segmento, segundo pesquisa realizada com empresários do setor e divulgada na revista Conjuntura da Construção em dezembro último.
 A pesquisa revela que os empresários esperam um crescimento em ritmo menor, mas firme. E, apesar de se mostrarem confiantes nesse crescimento, há uma inquietação em relação ao ritmo de expansão da demanda nos próximos meses.
 Eduardo Zaidan, diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), afirmou à revista que "esse é um padrão natural e esperado de acomodação do sentimento dos empresários da construção. Ninguém imaginava que o ritmo de crescimento registrado em 2010 fosse se manter. Estamos apenas menos otimistas, mas a expansão continua, sobretudo no que se refere ao emprego." Na mesma matéria, segundo afirma Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, "os empresários esperam que o governo continue atento às demandas do setor para sustentar o crescimento. Ainda há muito o que fazer, tanto no campo macroeconômico – caso típico dos pro gramas habitacionais – quanto no microeconômico – es pecialmente no que se refere aos estímulos à competitividade das empresas da construção."
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 Os empresários mostram-se menos otimistas do que no final de 2010, segundo sondagem desenvolvida pela SindusCon. Mas, apesar de preocupações crescentes com inflação e crescimento, o otimismo se mantém em relação à condução da política econômica do País.

 

Financiamento deve superar R$ 100 bi

Crédito imobiliário com uso de caderneta de poupança deve crescer cerca de 30% neste ano em relação a 2011, estima a Abecip

 O ano de 2012 pode ser o primeiro na história do Brasil a superar a marca de R$ 100 bilhões em crédito imobiliário com uso da caderneta de poupança. A estimativa é da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que acredita em uma expansão de cerca de 30% em relação a 2011. Em números, a previsão é que os empréstimos atinjam a soma de R$ 103,9 bilhões, batendo com folga o volume recorde de 2011, de R$ 79,9 bilhões.
 Embora as estimativas para 2012 fiquem abaixo da média registrada nos últimos anos – com altas de até 65% -, a Abecip acredita que os números são condizentes para o crescimento sustentado do crédito imobiliário no País.
 Segundo o presidente da entidade, Octavio de Lazari Junior, esse arrefecimento pode ser o momento ideal para as empresas reorganizarem seus quadros de custos e se tornarem mais enxutas e produtivas.
 "É importante que agora tenhamos um período de arrumação, até para as construtoras poderem rever seus bancos de terrenos e projetos e regularizar eventuais atrasos em empreendimentos em construção", afirma.
 Outra prova do bom momento vivido na área é que, apesar da desaceleração que afetou diversos setores da construção civil em janeiro, o crédito imobiliário apresentou alta de 22% em relação ao mesmo período do ano passado: R$ 5,68 bilhões, ante R$ 4,65 bilhões. Outro fator de destaque é a baixa inadimplência, que em 2011 ficou em apenas 2%, número bem abaixo que os vistos em financiamentos de automóveis (4,9%) e cheque especial (10,1%).
 A projeção da Abecip é que esse ritmo de crescimento leve o crédito imobiliário a um volume de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos próximos anos, o que representaria o dobro das cifras atuais. "Nós estamos hoje com 5% do PIB e temos expectativa de fechar perto de 10% até 2015", confirma Lazari.
 Segundo dados da associação, o Brasil tem uma das mais baixas relações PIB e crédito imobiliário do mundo e, até por esse motivo, a crença do setor é que existe muito espaço para crescimento. Só para ilustrar, enquanto o Brasil opera 5% do PIB em financiamento de imóveis, outros países emergentes, como Índia e China, estão na faixa de 6% e 11%, respectivamente. A diferença fica ainda mais desproporcional ao se comparar com Holanda, que opera 106% de seu PIB em crédito, ou Dinamarca, com 104%.
 Fontes alternativas. A expansão do crédito imobiliário, no entanto, deve obrigar o mercado a procurar fontes alternativas de funding. Isso porque, como o volume financiado atinge taxas de até 65% de crescimento e o saldo médio da poupança raramente supera 18% ao ano, o esgotamento dos recursos da caderneta de poupança é tido como certo pelo setor, que já há alguns anos trabalha com a viabilização de alternativas.
 "O mais importante é que hoje já existem fontes alternativas de captação de recursos para continuar financiando o crescimento do crédito imobiliário. Estamos operando o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), cuja carteira já soma mais de R$ 28 bilhões, já podemos operar a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e está bastante maturada a implantação da LFI (Letra Financeira Imobiliária).
 Então, se houver, por qualquer motivo, o esgotamento da poupança, já temos os recursos necessários para continuar crescendo", explica Lazari.
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 BOM MOMENTO
 Octavio de Lazari Junior "É importante que tenhamos agora um período de arrumação para as construtoras regularizarem eventuais atrasos"

 

Novas opções para novos e usados

Cenário positivo: diretor da BRFE acredita que crédito imobiliário vai crescer 30% em 2012

 O setor imobiliário terá em 2012 um ano melhor que o anterior com muitas opções entre imóveis novos e usados para quem quer adquirir a casa própria. A previsão é de Fabio Nogueira, diretor da Brazilian Finance & Real Estate (BFRE), empresa de investimentos imobiliários. "Todo ano tem sido melhor que o anterior, com exceção de 2008, que foi marcado pela crise global. O aumento dos preços fez com que confundissem com bolha, o que não se confirmou, pois os preços se estabilizaram", argumenta.
 Ao comentar a previsão de crescimento de 30% no crédito imobiliário, Nogueira reafirma que o cenário é muito positivo. "Não há nada no horizonte que seja motivo de preocupação, e o juro básico está caindo." Responsável pela criação do primeiro Fundo de Investimento Imobiliário em 1999 (inclui o Shopping Pátio Higienópolis e o Hospital Nossa Senhora de Lourdes, entre outros), a BFRE também se orgulha de ter inovado ao criar o financiamento imobiliário para uso livre – o financiamento é garantido por um imóvel já quitado. Os recursos obtidos no seu refinanciamento podem ser usados livremente na compra de um segundo imóvel ou até mesmo para viagens, estudos ou o que o cliente queira. "Registramos em 2011 um grande número de pessoas, em diferentes regiões do País, que usaram o sistema para comprar um apartamento maior, sair de um imóvel de dois dormitó- rios para um de três. A pessoa vai para uma nova casa e paga o financiamento com o que passa a receber de aluguel do imóvel velho refinanciado."
 O diretor informa que a BFRE está trabalhando por mais novidades neste ano. Com uma rede superior a cem unidades no País inteiro, informa que a produção de 2011 mais que dobrou em relação a 2010, na base de R$ 70 milhões/mês. "Agora aguardamos o sinal verde do Banco Central (refere-se à compra da BFRE por parte do Banco PanAmericano) para envidarmos nossos esforços, conseguindo maior escala para oferecermos muito mais financiamentos ao brasileiro. O bom é que atingimos a normalidade, ou seja, os preços não estão subindo, devendo permanecer estáveis ao longo do ano."
 Nogueira entende ainda que a queda dos juros poderá estimular a procura pelos Fundos de Investimento Imobiliário. "O fato é que aumenta o interesse por ofertas de novos produtos e os FII são uma boa alternativa. Acho que estão no caminho de se tornarem uma opção popular", acredita.
 Os FII aplicam recursos em negócios imobiliários (imóveis em construção ou prontos), sendo que o retorno do capital investido se dá por meio da distribuição de resultados (o aluguel pago por um shopping, por exemplo). A rentabilidade média varia de um fundo para o outro, havendo isenção do Imposto de Renda sobre os rendimentos distribuídos para os cotistas pessoas físicas. Entre os 70 FII com cotas negociadas hoje na BM&FBovespa há vários shoppings, hotéis e hospitais, além de edifícios comerciais.
 Segundo a responsável pela área de fundos do Banco Banif, Catarina Pedrosa, se a taxa de juros continuar seu movimento de queda ao longo do ano, o rendimento dos fundos se tornará mais atrativo. "Isto porque a grande maioria dos fundos hoje está muito ligada a rendimentos. É por isso que, no início do ano passado, quando a taxa estava ainda em elevação, as cotas dos fundos caminharam de lado", explica, chamando a aten- ção do investidor para o fato de verificar bem antes de adquirir uma cota de FII se o aluguel do produto não enfrenta problemas de recebimento.
 O Índice BM&FBovespa (Imob), que enfrentou no ano passado um movimento de queda, iniciou 2012 com pontuação positiva. A carteira do Imob é formada por 21 ações de empresas representativas da construção civil, intermediação imobiliária e exploração de imóveis. Criado em 2009 para medir o comportamento das ações do setor imobiliário, estreou com uma valorização de 205%, tendo caí- do para 10,4% em 2010 e para -27,7% em 2011. Entre janeiro e fevereiro deste ano recuperou-se, passando a 20,4%.
 Para o analista do setor imobiliário da Banif Corretora, Flávio Conde, o Imob não é necessariamente um bom termômetro do setor, já que não reflete o que acontece realmente nas empresas, mas sim o risco do mercado financeiro. "Basta ver que 2011 foi um bom ano para as construtoras, incorporadoras e vendedoras do setor, mas com os papéis caindo. O fato é que a crise na Europa criou uma insegurança muito grande no mercado de ações, sendo que o setor de construção civil é mais sensível. A decisão de comprar um imóvel é a mais importante que se faz na vida. Não é como comprar um sanduíche ou um xampu, pois com crise ou sem crise as pessoas têm de comer e lavar a cabeça. Mas aí o investidor vende a ação preocupado com a queda das bolsas lá fora, sem fundamento algum, sem olhar a situação real e o desempenho da empresa", explica.
 Para quem quer se dar bem, Conde aconselha a comprar ações do setor como se fosse comprar um imóvel. "É preciso consultar analistas especializados, e nós temos hoje cerca de 15 peritos na área. Tem de visitar as empresas, conversar com pessoas ligadas aos empreendimentos e com corretores que leem os balanços. É preciso também levar em conta a qualidade dos empreendimentos. Ou seja, tem de se informar ao máximo", orienta. / M.R.
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 Índice Imob
 205% foi a valorização das ações no ano de 2009, quando foi criada a carteira
 10,4% foi o patamar atingido em 2010
 20,4% foi o patamar atingido entre janeiro e fevereiro de 2012
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Os estrangeiros estão chegando

Investidores do exterior focam suas atenções no mercado brasileiro, que enfrentou alguns problemas, mas continua aquecido

 Com a crise nos Estados Unidos e sua propagação por quase toda a Europa, o mercado imobiliário brasileiro passou, ao longo de 2011, por alguns ajustes, mas continuou aquecido.
 Tanto que os investidores estrangeiros estão mais e mais focando seus interesses por aqui e uma das maiores franquias americanas já planeja ter 500 imobiliárias espalhadas por todo o território nacional em quatro anos.
 O otimismo do setor baseia-se em estudos da evolução do mercado imobiliário, incluindo uma pesquisa da Associação de Investidores Estrangeiros no Setor Imobiliário (Afire, sigla em inglês), que dá como certo o fato de o Brasil estar bem próximo de ocupar a segunda colocação no ranking de melhor mercado imobiliário do mundo em termos de atração de investidores estrangeiros, ficando atrás somente dos Estados Unidos.
 Nova York ainda é a primeira colocada no ranking das localidades que mais atraem investidores estrangeiros. Mas a cidade de São Paulo deu um salto considerável, passando do 26º lugar registrado em 2011 para o quarto lugar neste ano. Superou todas as capitais europeias e também dos países que integram os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Tal desempenho é atribuído às garantias legais em vigor e a eventos, sobretudo esportivos, além do seu crescimento econômico.
 Há quatro anos operando em solo brasileiro, a Century 21 Brasil Real Estate tem 693 corretores, 151 lojas (das quais 76 já comprando e vendendo imóveis), 75 em fase de instalação e outras 72 franquias podem ser confirmadas até dezembro.
 "Até 2016 teremos 500 lojas.
 Afinal, a média de crescimento da empresa em 2011 foi de 300% em relação a 2010", comemora o presidente da Century 21, Ernani Assis. Ele atribui o sucesso justamente ao fato de o mercado imobiliário brasileiro continuar em ascensão, de aumentarem as facilidades na obtenção de crédito e ao déficit habitacional ainda grande. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País ganha a cada ano 1,5 milhão de novas famílias.
 Presente em 73 países com um total de 8.804 agências e 121 mil corretores, a Century 21 já tem representantes em 21 estados brasileiros e no Distrito Federal, atuando sobretudo (60%) em áreas do interior, exceto em São Paulo, onde 16 das 31 franquias operam na capital. "A nossa grande preocupação é eliminar as operações informais no País, pois só erradicando esse formato é que conseguiremos dar maior segurança para um negócio financeiro rentabilizado, ou seja, elevar o nível das negociações." Segundo Assis, nos Estados Unidos, somente 14% das transações imobiliárias dispensam a participação de um corretor de imóveis. "Aqui, 60% das transações são feitas entre pessoas físicas.
 Então, o que a gente quer é incentivar uma legislação mais justa para proteger o consumidor.
 Na Espanha é crime fechar um negócio imobiliário sem a intermediação de um agente imobiliário." O melhor negócio, entende o presidente da Century 21, é o que concilia os interesses das duas partes. "Não buscamos uma queda de preços, mas sim uma acomodação. Ou seja, ninguém deve sair prejudicado numa transação de compra e venda de um imóvel. Deve haver um equilíbrio. Nossos corretores representam os dois lados e é assim que funciona no mundo todo.
 Por isso, multiplicamos por dois o número de transações que realizamos. Foram 768 mil imóveis usados no ano passado, mas consideramos que atendemos a 1.536.000 famílias." A procura por imóveis usados cresce porque o preço do metro quadrado do lançamento cada vez mais se aproxima do valor cobrado pelo metro quadrado do imóvel pronto. A diferença de até 40% já é coisa do passado, o que se atribui à elevação dos preços dos terrenos e custos altos da mão de obra qualificada cada vez mais escassa. De maneira geral, os preços praticados ao longo do ano obedeceram às diferenças regionais preexistentes: o Sudeste registrou em média 29% de ajuste positivo em relação ao Nordeste e o Sul exibiu preços 12% mais baratos do que o Sudeste. Em São Paulo, o tíquete médio ficou em quase R$ 900 mil, mas, no Sudeste como um todo, a predominância foi de dois quartos por R$ 445 mil, ao passo que a preferência no Nordeste foi por três dormitórios por R$ 312 mil (tíquete médio) e, no Sul, três quartos por R$ 396 mil.
 Assis destaca ainda o fato de a Century 21 ser a única franqueadora internacional que não cobra royalties. "A maioria cobra 7% sobre o faturamento bruto.
 Nós cobramos apenas uma pequena taxa fixa, mas não ficamos sem receita porque oferecemos uma série de serviços dentro do mesmo ponto de venda, de crédito imobiliário e seguros a leilão de imóveis privados.
 A pessoa compra um imóvel, por exemplo, e ali mesmo já contrata a mudança ou até mesmo profissionais para pequenas reformas.
 Com isso o lucro líquido de nossas imobiliárias é, em média, de 3,14% ante o 1,2% registrado por qualquer outra imobiliária no País. Isso é mágico, mas é na verdade fruto de um modelo de negócio inovador", argumenta.
 Comprando lá fora.Outro movimento marcou o setor imobiliário em 2011: o crescente interesse de brasileiros na compra de um imóvel no exterior. Os preços baixos por causa da crise na zona do euro e nos Estados Unidos, o real valorizado em relação ao dólar e até a facilidade de financiamento em outros países são apontados como os principais fatores para essa disposição.
 Mas há também quem admita estar fugindo da ganância dos que embarcaram na cobrança de preços estratosféricos pelo metro quadrado tanto no Rio como em São Paulo: até R$ 50 mil o metro quadrado numa cobertura na Vieira Souto ou mais de R$ 32 mil o metro quadrado na Delfim Moreira ou entre R$ 20 mil e R$ 30 mil o metro quadrado em áreas nobres da zona sul de São Paulo.
 O setor imobiliário confirma que o ritmo desses negócios em 2011 foi duas vezes maior do que o verificado em 2010 e até 30% superior ao registrado em 1997, quando real e dólar estavam
 equiparados. A grande diferença nas negociações de agora é que a maioria de interessados é formada por brasileiros que buscam por um segundo imóvel, principalmente para passar as férias.
 Tanto que de 11 negócios fechados por brasileiros, dez ficam em Miami, com preços a partir de US$ 250 mil, e apenas um em NovaYork. Ou seja, não se trata tão somente de investimento, mas sim de algo para uso próprio junto a praias.
 Dada a continuidade de consultas a corretores e bancos por parte dos interessados, analistas apostam no prosseguimento desta tendência. A maior parte paga à vista, mas há quem dê 40% de entrada e financie o restante, aproveitando os juros anuais, que não ultrapassam a casa dos 5%. Nesse sentido, alguns brasileiros chegaram a comprar vários imóveis, quase que alugando- os de imediato para pagar as dívidas assumidas com bancos.
 O brasileiro também estende sua procura por imóveis no exterior aos países vizinhos. Destaque para a sua presença no Uruguai.
 Dos US$ 7 mil em negócios imobiliários fechados diariamente em Punta del Este, em 2011, 40% foram pagos por clientes do Brasil – 67% procedentes de São Paulo. "O interesse é tamanho que vamos abrir nossa primeira loja lá em maio, fazendo a conexão direta de São Paulo com Punta del Este", informa o presidente da Century 21.
 La Barra, Jose Ignacio, Playa Brava, Bosque e Beverly Hills são as regiões que mais atraem brasileiros. "Nelas, 78% das transações são de novos empreendimentos e 22% de imóveis de revenda. Em Jose Ignacio, por exemplo, o metro quadrado de mansões custa US$ 2.300." O dirigente destaca as facilidades que o governo uruguaio dispensa aos estrangeiros que lá queiram plantar raízes: só exige renda estável e não possuir antecedentes criminais.
 Os estrangeiros têm direitos e proteções idênticos aos dos uruguaios para comprar e vender imóveis em todo o seu território.
 "A igualdade é garantida por lei e o seu sistema de registro de imóveis é sólido, bem como o sistema bancário, com leis de privacidade. O país é política, social e economicamente estável, possuindo economia aberta e preços, fluxo de capital, convertibilidade de moeda e repatriamento de capital e dividendos livres", conclui.

Valor de venda chegou a R$ 25 bilhões

Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp, chama atenção para a necessidade de atender à demanda da classe C e do topo da classe A
 
 O mercado imobiliário de São Paulo viveu um grande momento em 2011. Os levantamentos da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) mostram que a Região Metropolitana de São Paulo registrou recorde no Valor Geral de Vendas (VGV) de lançamentos: foram R$ 25 bilhões. "É um valor alto, maior do que o PIB de alguns países", afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp.
 Em 2011, foram lançadas 67.359 unidades. Este número só perde para o ano anterior, que teve 70.781 unidades lançadas. Para Pompeia, uma grande parte da alta produção foi para atender à classe C, beneficiada com o programa Minha Casa, Minha Vida. "É um programa que considero uma mola propulsora da habitação." O diretor da entidade acredita ainda que, mesmo que o mercado tenha uma produção parecida nos próximos dez anos, ainda haverá demanda para a classe C.
 A capital paulista tem grande peso nos números da região metropolitana. Só na cidade de São Paulo foram lançadas 37.670 unidades, mais do que a metade do total na região metropolitana, cuja área total construída foi de 8.265.908 metros quadrados – a capital é responsável por 4.947.729 metros quadrados.
 Os apartamentos de dois dormitórios continuam sendo os grandes astros de lançamentos, com 35.222 unidades na região metropolitana. Deste total, 17.313 unidades foram lançadas na capital. "O apartamento de dois dormitórios continua em alta, pois é voltado para a classe média", observa Pompéia. "Muitas pessoas migraram para São Paulo. Subiram de classe social e conseguiram aumentar a qualidade do local onde moram", acrescenta.
 O segundo modelo mais lançado foi o apartamento de três dormitórios – 18.943 unidades, das quais 11.091 apenas na capital.
 Os apartamentos de um dormitório aparecem em terceiro lugar, com o lançamento de 7.124 unidades – a grande maioria, 6.677 unidades, na cidade de São Paulo. A região metropolitana teve também o lançamento de 4.018 apartamentos de quatro dormitórios – 2.689 na cidade de São Paulo.
 Na avaliação do diretor da Embraesp, os lançamentos de apartamentos de quatro dormitórios estão diminuindo porque houve uma grande produção deles em São Paulo entre 2007 e 2008 e ainda há muitos em estoque. "Nesses dois anos, foram lançados mais apartamentos de quatro dormitórios do que na década inteira anterior", observa.
 Com base nestes dados, Pompéia acha que 2011 foi um ano forte para o mercado imobiliário.
 "Como se sabe, ainda há demanda para a classe C, mas curiosamente também para o topo da classe A", conta.
 Ele acredita que o mercado imobiliário produziu poucos imóveis de luxo e alto luxo.
 "Existe demanda garantida para o topo da classe A." Na avaliação da Embraesp, os imóveis de luxo são os que custam de R$ 3,5 milhões a R$ 8 milhões; os de alto luxo, de R$ 8 milhões a R$ 19 milhões.
 Os preços dos imóveis também apresentaram um pequeno aumento em 2011. Os apartamentos de um dormitório, apesar de serem menores – em média, com 46 metros quadrados de área útil -, são os mais caros. O preço médio praticado foi de R$ 399 mil – o que dá um valor médio de R$ 8.620 por metro quadrado. "Este tipo do imóvel é voltado para a classe A e foi oferecido em locais nobres, como Itaim, Vila Nova Conceição, Vila Olímpia, Brooklin, Moema e Jardins", informa.
 Os apartamentos de dois dormitórios, com média de 55 metros quadrados de área útil, tiveram preço médio de R$ 257 mil (R$ 4.649 por metro quadrado). Os apartamentos de três dormitórios, com média de 82 metros quadrados, foram oferecidos em média por R$ 414 mil (R$ 5.037 por metro quadrado). Os imóveis de quatro dormitórios, com área útil de 167 metros quadrados, têm valor médio de R$ 1.151.500 (R$ 6.899 por metro quadrado).
 Entre os lançamentos comerciais, a Região Metropolitana de São Paulo registrou recorde em 2011, com 12.118 conjuntos oferecidos em 58 lançamentos.
 Só na capital, foram 41 lançamentos, com a oferta de 7.259 unidades. O preço praticado foi elevado. A área útil média de um conjunto comercial na região metropolitana é de 45 metros quadrados – foi comercializado pelo preço médio de R$ 425 mil, R$ 9.400 o metro quadrado. Na capital, a área útil média é de 43 metros quadrados e o preço sobe para R$ 469 mil (R$ 10.880 o metro quadrado).
 "Este é um nicho de mercado que sofreu muito com a falta de produção anterior e a partir de 2010 os empreendedores aproveitaram a brecha", avalia Pompéia. Outro dado interessante é que há uma procura por escritórios fora das regiões tradicionais como Avenida Paulista, Avenida Faria Lima e Avenida Luís Carlos Berrini.
 "Tivemos lançamentos importantes em bairros como Santana, Santo Amaro, Butantã, Saúde e Tatuapé. Ou seja, as pessoas buscam alternativas para ficar mais perto de suas casas, o que lhes garante melhor qualidade de vida."
 Para este ano, Pompéia acredita que a produção vai ser menor em relação ao ano passado, mas ainda vai ser bom.
 Há, segundo ele, 4 milhões de metros quadrados prometidos para serem entregues. "Os lançamentos concorrem com os imóveis que estão ficando prontos." Além disso, o diretor da Embraesp acredita que existem alguns gargalos que podem comprometer estas entregas previstas. "O mercado sofre com a falta de mão de obra especializada, com a falta de material de construção e insumos." Para ele, estes problemas não poderão ser resolvidos a curto prazo. "Pela falta de mão de obra especializada seriam necessários mais cursos técnicos para formar este pessoal. O que vejo é o mercado buscando mão de obra até estrangeira para cobrir a falta."
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 Mobilidade
 LUIZ PAULO POMPÉIA
 DIRETOR DA EMBRAESP
 "Muitas pessoas migraram para São Paulo. Subiram de classe social e conseguiram aumentar a qualidade do local onde moram"
 

Mercado de imóveis deve seguir o PIB

A partir de 2012, o crescimento do mercado imobiliário deve ser de 3,5% a 4%, próximo à expansão da economia. A previsão foi feita ontem pelo presidente do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi- SP), Cláudio Bernardes, na entrega do prêmio Top Imobiliário, promovido pelo Grupo Estado.

 

 

A experiência a serviço do cliente

Muita demanda e poucas ofertas espalhadas em imobiliárias diversas. Este cenário criou uma nova figura no mercado imobiliário: os house hunters, caçadores de imóveis que saem às ruas à procura de novos negócios para locação e venda.
 "Ainda é embrionário, mas é um profissional que está tomando corpo, aos poucos, no Brasil", afirma Emílio Kallas, vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
 O estoque baixo de imóveis para oferecer aos clientes foi o motivo da criação de um departamento de house hunters na Lello Imóveis. "Nós tínhamos procura de imóveis, mas as oportunidades passavam e decidimos parar para pensar o que poderíamos fazer para virar o jogo", conta Roseli Hernandes, diretora da imobiliária.
 Com 17 filiais em São Paulo, a imobiliária criou este departamento há dois anos e mantém pelo menos um profissional deste em cada escritório.
 "São profissionais que ajudam os clientes ao concentrar as novidades do mercado em um único lugar", afirma Roseli.
 "Foi um trabalho árduo da nossa parte. Não foi uma saída que encontramos em livros, tivemos de desbravar e formar este profissional", conta ela. O house hunter é um corretor registrado, que trabalha em tempo integral na busca de imóveis.
 "Este profissional tem status de consultor, tem que conhecer muito do mercado imobiliário. Deve conseguir responder a qualquer pergunta de clientes", diz Roseli. A saída para oferecer ao cliente as novidades do mercado deu certo após um ano de implantação, dedicado a várias reuniões e testes. E a empresa comemora os resultados. Em fevereiro deste ano, a Lello conseguiu captar mil imóveis, dos quais 50% para locação e 50% para venda. "É um volume respeitável", comenta a diretora. O house hunter trabalha 90% do tempo na rua, dedicado à busca de novos imóveis.
 Marcelo Barreto é um destes caçadores de oportunidades.
 Ele era corretor em outra imobiliária quando surgiu o convite para se tornar house hunter. "Mesmo sabendo das dificuldades, aceitei o desafio", revela. Ele conta que o house hunter deve também ter um enorme conhecimento das tendências do mercado imobiliário.
 "Muitas vezes o cliente vem de fora e não tem informações da cidade para escolher o melhor local. Não sabe qual empreendimento ou bairro vai atender suas expectativas." Para ele, ser um house hunter bem-sucedido engloba diversas habilidades. "É preciso ter conhecimento do mercado, domínio em direito imobiliário, entender o zoneamento da região onde atua, conhecer todas as ruas do local – assim como os melhores colégios, o comércio, as empresas, empreendimentos e a vocação do local." E, por isso, o trabalho é bem minucioso. Ele procura, de rua em rua, os imóveis que estão livres para locação ou venda na região onde atua, na Mooca, zona leste de São Paulo. "O house hunter precisa ser uma pessoa comunicativa, que mostre segurança no que fala", alerta Roseli.
 Trabalho de detetive. O caçador de oportunidades faz uma vasta investigação para conseguir contatos com proprietários.
 Para isso, deve saber falar com porteiros e moradores para ganhar confiança. Se, de um lado, o profissional deve mostrar motivação e honestidade ao dono do imóvel, de outro, deve oferecer segurança ao cliente.
 "Desta forma, conseguimos bons negócios para ambos", afirma Barreto. Antes de assumir o cargo, ele conta que passou por um treinamento interno de um mês – mas os estudos continuam constantes. Além de cursar a faculdade de marketing, Barreto frequenta treinamentos contínuos e palestras oferecidos pela empresa.
 "É um profissional que deve se manter atualizado e afinado com o mercado", ressalta Roseli.
 "O mais importante da minha função é adquirir experiência e ter dedicação. Não podemos nos deixar levar pela dificuldade de encontrar o imóvel esperado pelo cliente. Temos que persistir e acreditar que sempre há opções no mercado que poderão agradá-lo", diz. E quando ele consegue conquistar o que o cliente quer, fica gratificado.
 "Quando buscamos imóveis residenciais, o envolvimento emocional é forte, pois a pessoa busca o local ideal para morar, onde vai seguir sua vida e criar raízes."
 

 

 

Para vendedoras ano de crescimento

Empresas aproveitam evento para comemorar o incremento das vendas no ano passado e a consequente expansão do setor
 
 As empresas que trabalham com as vendas no mercado imobiliário de São Paulo acreditam que 2011 foi um ano positivo, de crescimento e bons resultados. E algumas começam este ano com o pé direito: comemoram a entrega do Prêmio Top Imobiliário. "É o reconhecimento do nosso trabalho", acredita o diretor-presidente da Itaplan, Fábio Rossi Filho. "O Top Imobiliário é uma tradição no mercado, é um evento que congrega todos participantes do setor e é uma vitrine para as empresas mostrarem o que estão fazendo", conta o presidente da Fernandez Mera, Gonzalo Fernandez. "O nosso mercado tem uma importância social grande. Geramos muito emprego e renda. A premiação mostra quem são os líderes no mercado", acredita o diretor de novos negócios da Abyara Brokers, Bruno Vivanco.
 "O prêmio é um evento que reúne as melhores empresas e profissionais do mercado. É um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido em busca de resultados cada vez mais expressivo", conta o diretor da Habitcasa, Maurílio Scachetti. Milton Goldfarb, diretor-executivo da PDG Realty, diz que o prêmio é bom para os funcionários da empresa e também para os próprios clientes. "Todos do mercado sempre esperam o Top Imobiliário. Existe a expectativa de quem desempenhou mais e menos, quem será a personalidade do ano e, enfim, o Top faz com que as empresas sejam reconhecidas, suas marcas se fortaleçam e o nosso mercado seja cada vez mais valorizado, além de ser um evento de confraternização", diz Mauricio Eugênio, sócio-diretor da Elite Brasil Inteligência Imobiliária. "O Prêmio Top Imobiliário é o principal do mercado, reconhecido como o mais sério e prestigiado do País", diz a diretora de atendimento da Lopes, Mirella Parpinelle.
 A Avance, que estreia no ranking, promete repetir e até superar a colocação no ano que vem. Segundo o diretor comercial, Jair Davello, o prêmio é muito gratificante, principalmente para as equipes de vendas. "A Avance registrou um movimento de vendas bastante significativo, com grandes lançamentos e produtos como um em Guarulhos, que, em menos de 30 dias, vendeu mais de mil unidades. Esperamos que este ano também seja muito bom e próspero", conclui.
 "As nossas vendas foram 20% superiores do que em 2010", afirma Fernandez. "Em 2011, o grupo LPS registrou recorde de vendas, atingindo o valor de R$ 18,2 bilhões em VGV, e também a maior receita líquida, Ebitda e lucro líquido da história. Além disso, um dos marcos do ano passado foi a consolidação do grupo como líder em vendas no mercado secundário, com vendas de R$ 3,9 bilhões, um aumento de 200%", comemora Mirella. "O último ano foi quando conseguimos consolidar a empresa entre as melhores do mercado", avalia Scachetti, que acrescenta que a Habitcasa ampliou a zona de atuação, indo para algumas cidades do interior e litoral. "O ano de 2011 foi muito bom, momento de muito trabalho e consolidação para a Elite Brasil. Mesmo com as altas e baixas do mercado, estamos sempre em busca do crescimento constante", diz Eugênio. "A Abyara Brokers teve, em 2011, crescimento maior do que o mercado. Para nós, foi um ano positivo", afirma Vivanco. Na Itaplan, o ano também foi bom e de investimentos. "Estamos nos preparando para o futuro", diz Rossi Filho.
 O diretor-executivo da Brasil Brokers, José Roberto Federighi, confia num "crescimento importante" da empresa, tanto em lançamentos como em vendas para este ano. Para ele, a presença da empresa no ranking mostra a pujança do setor: "É o reflexo de um trabalho constante de capacitação e treinamento de nossa força de vendas. Apesar de não termos atingido nossas metas de lançamento, alcançamos nossa meta de vendas, que é o nosso maior prêmio."
 E para 2012, há previsão de investimentos e, como consequência, muito trabalho. Todos apostam em um ano de ajustes. "Estamos investindo isso", afirma Rossi Filho, da Itaplan. Mirella diz que a Lopes quer se consolidar como a maior no segmento de consultoria de imóveis. "Além disso, o grupo vem trabalhando sua expansão no segmento de prontos e está intimamente ligado ao projeto de aquisições de marcas e consolidação do financiamento imobiliário, via CrediPronto. As aquisições permanecem nos planos de crescimento da companhia para o ano de 2012", revela.
 Na Fernandez Mera, os investimentos foram focados nas pessoas e em tecnologia. "Cada vez mais o mercado exige profissionais preparados e estamos atrás disso", afirma Fernandez, que revela que a empresa procura modernizar e facilitar o trabalho dos corretores através de ferramentas inteligentes, para alçar voos maiores em 2013, com a abertura de uma filial em Brasília. "Assim, completamos os cinco maiores mercados do País", diz Fernandez.
 "Para este ano, a Habitcasa pretende crescer ainda mais, impulsionada pelo forte trabalho das equipes de venda e pelo cenário positivo da facilidade do crédito imobiliário e aumento da economia da família em todo o País", revela Scachetti. "2012 será o ano de retomar o crescimento e a confiança dos consumidores. A partir deste ano teremos um crescimento sustentável", afirma Eugênio, da Elite Brasil. Na Abyara Brokers, Vivanco acredita que será um ano igual ao passado. "O que significa que vai ser bom e será um ano na busca do equilíbrio".
 

 

 

PARA VENDEDORAS ANO DE CRESCIMENTO

 
Para presidente do Secovi, não há mais muito espaço para aumentos exagerados nos preços
 

 O crescimento do mercado imobiliário deve, a partir deste ano, ser bem próximo à expansão da economia. Para o presidente do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi- SP), Cláudio Bernardes, em 2012 o volume de vendas será entre 3,5% e 4% maior que o registrado em 2011."E essa é uma tendência.Cada vez mais a variação do mercado ficará próxima do desempenho do PIB (produto interno bruto)", disse Bernardes, que participou ontem da cerimônia de entrega do prêmioTop Imobiliário, promovido pelo Grupo Estado.

 Se depender do financiamento da Caixa, a demanda por novos imóveis não vai esfriar, já que a oferta de crédito vai crescer neste ano. Segundo Paulo José Galli, superintendente regional da Caixa, o banco trabalha para tentar superar a estimativa de volume de crédito contratado para este ano-inicialmente projetada em R$ 90 bilhões, crescimento de 12% em relação a 2011.
 Bernardes, do Secovi, salientou, no entanto, que o forte ritmo de crescimento nas vendas imobiliárias registrado nos últimos cinco anos não é sustentável.
 "É óbvio que uma acomodação ocorrerá", frisou.
 Marcos Vinicius Vaz Bonini, diretor de expansão, marketing e relacionamento da Comgás, concorda com o presidente do Secovi-SP. O executivo disse que, em 2011, dos 110 mil novos clientes da Comgás, metade veio de novos imóveis. No entanto, disse, caso o ritmo de crescimento seja menor, a Comgás sentirá qualquer impacto apenas a partir de 2014.
 Isso porque a companhia trabalha com os prédios que já estão em pé.
 Embora haja a expectativa de crescimento menor nas vendas, Bernardes acha que os preços não vão cair: "Não há espaço para novas altas. Mas também não há para quedas", afirmou.
 Mão de obra. A escassez de terreno na capital paulista e a falta de mão de obra qualificada, por sua vez, são preocupações das construtoras. Ernesto Zarzur, presidente da EZTec e vencedor do Top Imobiliário na categoria Personalidade do Ano, disse que qualificar os funcionário é rotina em sua empresa." Não encontram os ninguém pronto para começar", disse. "Temos na EZTec uma verdadeira escola que alfabetiza e treina, na própria obra, o funcionário para as funções que temos necessidade." A procura por terrenos na Grande São Paulo é outra atividade que tornou-se rotineira na EZTec. "Aqui na capital tem sido cada vez mais difícil", admitiu Zarzur.
 Com o arrefecimento no ritmo de alta nos preços, o imóvel também não será mais tão atrativo como investimento. "É uma aplicação segura e continuará sendo. Mas certamente a alta no preço não atingirá os níveis que já atingiu", disse Bernardes. "Ainda assim, continuará vantajoso." Prêmio. O Top Imobiliário está em sua 19.ª edição, e é uma realização do Grupo Estado, com o apoio da Caixa e da Comgás e parceria do Secovi-SP e da Embraesp.
 "Prestigiamos este setor com o prêmio justamente pela grandeza que ele tem e sua importância na economia nacional", disse o diretor-presidente do Grupo Estado, Silvio Genesini.
 Neste ano, foram eleitas as empresas PDG Realty, na categoria Incorporadoras; a MRV, entre as construtoras; e a Lopes, na categoria Vendedoras.
 
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 Desafios
 ERNESTO ZARZUR PRESIDENTE DA EZTEC
 "Aqui na capital tem sido cada vez mais difícil (encontrar terrenos)."
 CLÁUDIO BERNARDES PRESIDENTE DO SECOVI-SP
 "(Imóvel) é uma aplicação segura e continuará sendo. Mas certamente a alta no preço não atingirá os níveis que já atingiu."
 

 

 

O novo patamar do crescimento

A capital paulista sofreu com a diminuição de três ingredientes na receita: a economia arrefeceu,  a confiança diminuiu e a demanda por imóveis se retraiu um pouco
 
 O mercado imobiliário caminha para o patamar do desenvolvimento sustentado. Vários são os indí- cios desse processo, alicerçados em pesquisas mensalmente realizadas pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), que acompanham o desempenho da área em termos de volume de vendas e de lançamentos, com base em dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), e na observação da linha histórica do segmento.
 Para que se possa avaliar o comportamento do mercado, é preciso considerar um período de tempo maior. Imóvel não é produto similar aos de uma linha de produção industrial. Entre a concepção e a entrega final das unidades de um empreendimento, são consumidos três ou mais anos. Assim, ignorar essa especificidade pode resultar em interpretações equivocadas. A análise isolada do número de unidades vendidas, ou como foram vendidas e a que preço, sem considerar o conjunto das operações, pode não conduzir à correta avaliação. É a apreciação global dos indicadores disponíveis que revela um setor e sua evolução, principalmente se esse segmento tem elevado ciclo operacional.
 À luz dessa premissa, cabe olhar o passado recente de nossas atividades. Os anos 1980 e 1990 são considerados décadas perdidas para a indústria imobiliária brasileira. Excetuando-se os programas habitacionais no final do governo Figueiredo, pouco aconteceu de substancial na produção de moradias no País. Nesse período, o problema do setor e da sociedade teve um denominador comum: a falta de financiamentos.
 A situação começou a mudar somente a partir de 2002, quando medida do Banco Central provocou a volta de recursos para o crédito imobiliário. Era o então chamado FCVS virtual, um dinheiro que deveria ter sido destinado à habitação, e não o foi. Mas a grande mudança passa a acontecer de fato em 2004, com o marco regulatório que veio garantir segurança aos agentes financeiros, às empresas e aos compradores de imóveis no Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
 Desde então, o mercado imobiliário vem experimentando um notável crescimento, em consequência direta do aumento do poder aquisitivo e da volta dos financiamentos, com prazo e taxa de juros compatí- veis com o bolso do comprador.
 Em 2004, os empréstimos realizados com recursos da caderneta de poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somaram R$ 3 bilhões, em âmbito nacional, correspondentes a 54 mil unidades. De lá para cá, o incremento foi excepcional. Chegamos em 2011 com R$ 80 bilhões em financiamentos (um recorde histórico), equivalentes a 493 mil habita- ções, e a previsão para este ano é de quase R$ 104 bilhões.
 Essa curva ascendente teve um pico em 2010, que foi um ano incomparável. E houve uma razão concreta: o Produto Interno Bruto (PIB) registrou taxa de 7,5%.
 Dinamismo econômico, renda maior, confiança no futuro, forte demanda por imóveis, financiamento abundante e produção condizente foram os ingredientes da receita do surpreendente sucesso do setor.
 E haveria tudo para essa receita continuar funcionando em 2011 não fosse uma nova crise abalar a economia mundial. O Brasil não ficou imune à desaceleração internacional, como comprova o aumento de apenas 2,7% do PIB em 2011.
 O mercado imobiliário na capital paulista, que por ser o maior do País é também o mais sensível, sofreu com a diminuição de três ingredientes na mencionada receita: a economia arrefeceu, a confiança diminuiu e a demanda se retraiu um pouco. Tal fato repercutiu no desempenho do setor, que passou a fazer o necessário ajuste para reencontrar o ponto de equilíbrio ideal, agora com vistas a um crescimento sustentado.
 Embora a comercialização no ano passado tenha superado os ní- veis históricos médios, até mesmo com Valor Geral de Vendas (VGV) ligeiramente maior, o mercado teve desempenho menor se comparado unicamente aos elevados números de 2010.
 Isso não significa uma desativação preocupante, como alguns insistem em afirmar. Na verdade, o setor está se ajustando às novas condições. Afinal, a grande fun- ção social do mercado imobiliário é equilibrar oferta e demanda, para que se consiga a estabilidade de preços.
 Essa é a ciência dos negócios imobiliários. Uma ciência esquecida pela euforia que envolveu a todos, graças a um cenário econômico exuberante, vis-à-vis à realidade de outros países, e que agora se assenta em seu devido lugar.
 Assim, sem entusiasmo exagerado, mas com objetividade, é de esperar que o mercado de imóveis continue a apresentar bons resultados em 2012 e nos próximos anos. Inclusive cada vez mais bem distribuído no atendimento a diferentes faixas de renda familiar.
 Até 2022, será necessário produzir 23 milhões de novas moradias no País, de cerca de 1,9 milhão de habitações por ano. Isso implica trabalhar muito para que programas governamentais, como o Minha Casa, Minha Vida, funcionem para todos, inclusive nas metrópoles. Implica, ainda, propor e defender a adoção de novos modelos de ocupação urbana, sem os quais é impossível viabilizar os empreendimentos e, por consequência, equilibrar oferta e demanda. Estes são os novos desafios de nosso setor.
 PRESIDENTE DO SECOVI-SP, PRÓ-REITOR DA  UNIVERSIDADE SECOVI E TITULAR DA INGAÍ  INCORPORADORA S.A
 
 

 

 

 

Empresas já têm 21 ações na Bolsa

As novidades não param de surgir na área: mercado imobiliário atrai quem busca aumentar seu patrimônio com boas aplicações
 
 Além do sonho da casa pró- pria, acalentado hoje ainda por cerca de oito milhões de famílias em todo o País , o mercado imobiliário também exerce sua atração entre as pessoas que buscam solidificar seu patrimônio com boas aplicações. Além dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), em que os investidores lucram com shopping centers, hospitais e edifícios comerciais, há na Bolsa de Valores de São Paulo uma carteira com 21 ações das empresas mais representativas do setor imobiliário. E não faltam novidades na área, como uma modalidade diferente de investimento recém-implantada no Piauí.
 A novidade, desenvolvida pelo Grupo Cilp e que já conta com dois projetos em andamento em Teresina, é um tipo de investimento em grupo. "Vimos algo parecido em outros países, especialmente nos Estados Unidos, e aí resolvemos aproveitar o boom imobiliário brasileiro", conta um dos idealizadores da Sociedade de Propósito Específico (SPE), o arquiteto Rafael Dias. Ele entende que a instabilidade do mercado de ações, provocada pela crise econômica nos Estados Unidos e na Europa, e os juros baixos da poupança são grandes aliados do novo negó- cio implantado na capital piauiense.
 Segundo Dias, o produto é muito melhor do que comprar um imóvel na planta, esperar valorizar para depois vender. E abre oportunidade de investimento para qualquer pessoa, não apenas para os grandes investidores, construtoras ou incorporadoras. "O investidor compra em cotas uma parte da incorporação. É semelhante a um clube de investimento, mas sem a questão do aluguel previsto nos fundos de investimento imobiliário. O cotista já tem a sua parte valorizada no dia seguinte à compra, pois ele já passa a contar com a futura benfeitoria agregada."
 Outra preocupação da SPE é garantir a execução do empreendimento, sem desperdícios. O arquiteto garante que o sistema montado não permite desvios de dinheiro e nem gastos desnecessários. "O lucro ocorre porque o custo da construção é inferior ao valor da venda. O retorno vem sem a necessidade de esperar a valoriza- ção do metro quadrado. A construtora recebe à medida que executa as obras. Ou seja, as parcelas são liberadas assim que as obras se desenvolvem."
 A rentabilidade do investimento é calculada em até 2,8% ao mês no prazo de 18 meses. O primeiro produto em construção, desde novembro do ano passado, vai ser entregue em 12 meses. Trata-se de um condomínio de dez casas, com 180 metros quadrados cada uma, na zona leste da capital. Ao todo, 66 pessoas compraram o total de 160 cotas, de R$ 10.500 cada uma. Já foi lançado o segundo condomínio, na mesma região. Desta vez serão 30 casas, com 160 metros quadrados cada uma. Foram colocadas à disposição dos interessados 270 cotas, de R$ 19.500 cada uma, com o registro já de 60 cotistas.
 Ao comprar uma cota, o investidor se torna sócio do projeto. Os recursos são depositados numa conta aberta em nome da SPE. Ao final da construção, as casas serão vendidas, com os recursos retornando àquela conta bancária para serem distribuídos entre os investidores, conforme o percentual de cotas de cada participante. Dias revela que entre os cotistas do primeiro projeto pelo menos cinco já demonstraram interesse em comprar um dos imóveis. Com base nas projeções de analistas de que o mercado imobiliário piauiense continuará aquecido pelos próximos três anos, a SPE já pensa em ampliar seu leque de opções, incluindo projetos de prédios e empreendimentos comerciais.
 O arquiteto mostra-se entusiasmado com as perspectivas de crescimento do setor imobiliário em seu estado. Revela que, nos últimos meses, pelo menos cinco grandes incorporadoras demonstraram interesse pela região. Mas não quis revelar nomes, para não atrapalhar as negociações. "O fato é que as grandes construtoras exploraram todo o nosso entorno para finalmente chegarem aqui", diz, referindo-se à grande exploração imobiliária dos últimos anos no Nordeste, sobretudo em Salvador, Recife, Natal, Fortaleza e Maceió.
 Com tudo isso, Dias prevê uma valorização dos terrenos em seu estado. "Aqui, o valor do terreno não passa de 15% do valor do negócio, enquanto nas capitais vizinhas como Fortaleza o metro quadrado chega a representar 33%. Então, o valor do metro quadrado por aqui está muito barato, e ainda tem bastante espaço para crescer. Já se percebe que o terreno vale mais que o seu próprio tamanho. Vale pelo seu potencial gerador, isto é, por tudo aquilo que seu uso poderá garantir, como no caso de uma área destinada a um shopping, por exemplo. E, afinal, o nosso menor problema é falta de espaço", brinca.
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 OTIMISMO
 Rafael Dias
 "O lucro ocorre porque o custo  da construção é inferior ao valor da venda. A construtora recebe  enquanto executa as obras
 Fabio Nogueira
 "2008 foi marcado pela crise  global. O aumento dos preços  fez com que confundissem com bolha, o que não se confirmou
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A festa do mercado imobiliário

O Top Imobiliário é realizado pelo jornal O Estado de S.Paulo, com a participação do Secovi, apoio da Caixa e da Comgás, com parceria da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), órgão responsável pela elaboração do ranking das empresas – que atribui pontos com base em pesquisas de lançamentos na Região Metropolitana de São Paulo. Neste ano, na 19ª edição do evento, a cerimônia de entrega do prêmio foi realizada ontem, na Sala São Paulo.
 Todos os anos, o setor vive uma data especial: a premiação do Top Imobiliário. No início, quando este mercado era apenas uma fração do que é hoje, a comemoração era simples, com apenas alguns homenageados. E a primeira cerimônia foi realizada no auditório de O Estado de S.Paulo. Depois, passou a ocupar grandes locais de eventos da cidade de São Paulo e hoje é uma grande festa e uma referência do bom trabalho das empresas do mercado paulista.
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 OS DEZ MELHORES DESEMPENHOS EM CADA SEGMENTO:
 
 PDG Realty, entre as incorporadoras; Lopes, entre as vendedoras; e MRV, entre as construtoras, são as empresas que obtiveram mais pontos em 2011, no ranking montado pela Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), que resulta na premiação das dez melhores empresas de cada segmento. Os rankings referem-se à Região Metropolitana de São Paulo, incluem todos os lançamentos residenciais e todas as unidades, assim como lançamentos de prédios comerciais. Para compor os rankings, a Embraesp desenvolveu uma norma de pontuação para cada uma das três categorias de agentes do mercado envolvidas nos empreendimentos, de modo a constatar, de maneira equilibrada e ponderada, a relevância de cada um.
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"Cbic"

 

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Abril/2025

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