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Prêmio da CBIC quer incentivar busca de soluções
Por Daniel Akstein Batista | Para o Valor, de São Paulo
Profissional da construção civil, Marcos Moreira Lacerda voltou de uma viagem a Londres realizada em março confiante que poderá repetir no final do ano o que já havia conseguido em passado: vencer uma das categorias do Prêmio de Inovação e Sustentabilidade – Concurso Falcão Bauer, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que chega este ano à sua 20ª edição.
A visita à capital inglesa fez parte do prêmio conquistado pela empresa de Lacerda e outras companhias. Lacerda e equipe – Sederval Antonio Ferrari, Fernando Bretas e Luiz Augusto Gonçalves Sergio -, da Casa Express, de Itapira (SP), venceram na categoria sistemas construtivos, com painéis pré-moldados mistos de concreto armado e blocos cerâmicos, usados principalmente em casas do programa Minha Casa Minha Vida. Na categoria novos materiais, o engenheiro Fernando Lente de Andrade, da Polar Comércio de Plásticos (em Joinville, SC), inovou na instalação elétrica com um produto denominado Linha Boreal. Já na categoria pesquisas, quem levou a melhor foi a equipe da Embre, Empresa Brasileira de Engenharia e Fundações, da UnB.
O objetivo do prêmio é reconhecer e divulgar pesquisas de produtos e sistemas inovadores que contribuam para a modernização do processo construtivo. "O prêmio começou com o setor buscando que as pessoas do meio se manifestassem propondo novas técnicas, desde grandes máquinas a pequenas ferramentas", explica Sarkis Nabi Curi, presidente da Comissão de materiais, tecnologia, qualidade e produtividade da CBIC.
Em 2012, o Prêmio recebeu 63 inscrições, um recorde nas 19 edições. No total são mais de 350 trabalhos catalogados. "Os projetos antes eram simplórios, acanhados. O setor evoluiu", diz Curi. "Tínhamos gargalos que não deixavam as inovações andarem, como problemas de tecnologia"
Os projetos normalmente já estão no mercado. O de Lacerda, por exemplo, desde 1999 é utilizado, mas teve um "boom" há pouco tempo. "Nos primeiros dez anos, fizemos 5 mil unidades. Depois, 50 mil", conta ele, que é formado em direito e, aos 52 anos, também é técnico em estruturas navais. "Nosso produto resolve um dos problemas da construção, que é encontrar mão de obra qualificada. No nosso processo damos só uma semana de treinamento e já conseguimos fazer grandes empreendimentos em tempo recorde", diz, contando que o preço final da construção cai até 30% em relação às obras tradicionais.
O prêmio conquistado em 2012 por Fernando Lente de Andrade, de 53 anos, não foi o seu primeiro na CBIC. Pelas caixas d'água de polietileno, já venceu anteriormente. "Os reservatórios antes eram de cimento e tinham amianto, que se mostrou cancerígeno", afirma.
Agora, o produto vencedor foram as linhas de caixa de passagem elétrica, que reduzem o tempo das instalações em paredes de concreto. "É um produto que traz à construção civil agilidade e uma economia de 38% no valor", diz o engenheiro.
Lançada há dois anos, a 'Linha Boreal' vem sendo utilizada há um ano, e o prêmio conquistado fez a empresa de Andrade aumentar seu lucro. "Hoje estamos no limite da produção. Tínhamos uma folga de 20%, que não temos mais."
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