
AGÊNCIA CBIC
16/05/2012
Poupança e a cruzada por juros mais baixos
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16/05/2012 :: Edição 317 |
Brasil Econômico/BR 16/05/2012
Poupança e a cruzada por juros mais baixos
A alteração na remuneração da poupança deverá produzir, neste primeiro momento, efeitos bem menos profundos do que os esperados. Para evitar a migração dos recursos aplicados em fundos de renda fixa, DI e títulos do Tesouro para a tradicional caderneta, que se tornou uma das opções mais atrativas de investimento em época de corte de juros, os novos depósitos, realizados a partir de 4 de maio, já estão com índice de correção atrelado às oscilações da Selic, que vem apresentando, nos últimos meses, movimento contínuo de queda.
No entanto, a medida só ganhará força se outras iniciativas forem adotadas tempestivamente. A redução das taxas de administração dos fundos é uma das ações imprescindíveis.
Fundos com tarifas acima de 1% ainda tendem a ser menos competitivos que os depósitos em poupança até 3 de maio, que permanecem com as antigas regras (taxa referencial (TR) mais 0,5% ao mês).
Desestimular por completo a poupança pode ser perigoso.
Os recursos são empregados em programas voltados à construção da casa própria, que não podemser abandonados deumahora para outra.
Os agentes financeiros continuam a prever inflação acima do centro da meta (4,5%) para 2013, devido, em parte, à redução do juro real. O governo, no entanto, não dá sinais de que perderá as rédeas nesse sentido.
Variáveis externas poderãoimpactar negativamente a inflação, principalmente a partir do segundo semestre deste ano, como aumentos de preços de alimentos, serviços ou petróleo.
As bolsas devem se beneficiar pouco com a medida, embora seja excelente oportunidade para atrair novos investidores com perspectivas de longo prazo. Apesar dos esforços com educação financeira e altos investimentos em plataformas tecnológicas de negociação, como o Easynvest, home broker da Título Corretora, que já surtem efeitos positivos, o próprio perfil do poupador ainda o afasta do mundo das ações. Conservador, ele não tem apetite por riscos, nem expertise para enfrentar o sobe e desce do mercado. Mas este cenário deve mudar, pois os investidores deverão buscar novas opções de maior rentabilidade.
A alteração, implantada em um momento de forte cruzada contra a prática de juros considerados altos para o mercado mundial, corrobora, sobretudo, a preocupação do governo em regular a atuação dos agentes financeiros, não apenas no que tange aos investimentos. A intenção é provocar a redução em todas as demais taxas cobradas, com destaque às praticadas na concessão financiamento pessoal e cheque especial. Incentivar o consumo e popularizar o crédito estão entre os objetivos.
Embora a atual situação econômica brasileira seja promissora, principalmente quando comparada a dos países europeus e aos EUA, cabe ressaltar, no entanto, que os ventos do desenvolvimento só se sustentarão a partir de intervenções mais drásticas que garantam redução da carga tributária, uma das maiores do mundo, e que promovam investimentos substanciais em infraestrutura.
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A alteração na remuneração da poupança só ganhará força se outras medidas forem adotadas tempestivamente.
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