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AGÊNCIA CBIC

01/08/2013

País perde em produtividade para emergentes

"Cbic"
01/08/2013

Valor Econômico

País perde em produtividade para emergentes

Crucial para alavancar o crescimento econômico de qualquer país, a produtividade do trabalho (a quantidade produzida por trabalhador) vem caindo nos últimos anos no Brasil. Tomando os Estados Unidos como parâmetro, a produtividade do trabalho local correspondia a 19% da produtividade americana em 2000 e caiu para 18% em 2012. Não bastasse a queda, a produtividade brasileira do trabalho é a pior entre uma série de países desenvolvidos, entre outros emergentes e até mesmo dentro da América Latina – todos na comparação com os Estados Unidos.

O Brasil consegue ficar à frente da Índia e da China, mas nos dois países a tendência do nível desse indicador econômico é de alta. No caso da Índia, a produtividade do trabalho representava 7% da americana em 2000 e hoje corresponde a 10%. Na China, o número saltou de 6% para 17%, o que significa que o nível de produtividade do Brasil era três vezes o chinês em 2000 e hoje tem uma diferença apenas residual. Os dados estão em estudo de Regis Bonelli e Julia Fontes, pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Os números mostram, contudo, que esse quadro de atraso de Índia e China em relação ao Brasil não deve se manter por muito tempo, pois o ritmo de crescimento das taxas de produtividade nos dois países é superior ao do Brasil. Entre 2000 e 2012, a taxa média de crescimento da produtividade do trabalho indiana ficou em 5,1% ao ano e a chinesa, o dobro disso (10,4% ao ano). Ambas, porém, são uma enormidade se comparadas à taxa de crescimento brasileira em igual período: de 1% ao ano.

Julia Fontes, do Ibre, avalia que o mais preocupante não é o nível, mas a taxa de produtividade local, "baixíssima" em sua avaliação. "O Brasil tem taxa de produtividade do trabalho de países desenvolvidos", diz a economista. Na Austrália, por exemplo, essa medida cresce a um patamar bem próximo ao do Brasil, de 0,9% ao ano, segundo o estudo. Mas o nível de produtividade do país chega a 87% do valor americano – quase cinco vezes o brasileiro.

Segundo Julia, está cada vez mais claro que o crescimento econômico do país está mais e mais dependente dos ganhos de produtividade. O problema, diz, é que os setores da economia que mais se expandem e que empregam mais gente são justamente os menos produtivos, com destaque para o setor de serviços. "O setor representa 67% do PIB, emprega muita gente e tem um nível e uma taxa de produtividade horríveis", diz Julia.

A baixa produtividade, contudo, não atinge o setor de serviços como um todo. Segundo Julia, há serviços bastante produtivos, como intermediação financeira e tecnologia da informação – que crescem a altas taxas de produtividade, mas empregam pouca gente. Intermediação financeira e seguros, por exemplo, segundo um índice chamado pela economista de "coeficiente de emprego", precisam de apenas quatro trabalhadores para gerar R$ 1 milhão em valor adicionado, mas empregam apenas 1% da população ocupada.

Já o segmento "outros serviços", no qual figuram cabeleireiro e manicure, emprega 27% da população ocupada e exige 62 pessoas para gerar R$ 1 milhão de valor adicionado. "É uma diferença gritante", afirma, ao ressaltar que a taxa de produtividade de "outros serviços" cresce a um ritmo pífio, de 0,3% ao ano, enquanto "intermediação financeira" cresce a uma taxa de 4% ao ano. Mesmo a indústria da transformação, quando comparada aos serviços como um todo, não está tão mal. Com 16% do total da população ocupada, o setor precisa de 25 trabalhadores para gerar R$ 1 milhão.

Segundo Carlos Eduardo Calmanovici, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadores (Anpei), os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) – fundamentais para o aumento da produtividade – são feitos majoritariamente por empresas do ramo da indústria, mas isso não quer dizer que P&D seja mais importante para um setor do que para outro.

Segundo ele, independentemente do setor, o Brasil perde competitividade por uma questão de custo. "Os salários subiram no Brasil e, em dólares, são elevados. O problema é que esse aumento da massa salarial não vem acompanhado de aumento da produtividade, prejudicando a nossa competitividade, os estímulos aos investimentos e o crescimento da economia de modo geral".

Para Julio Bezerra, diretor da empresa de consultoria empresarial Boston Consulting Group (BCG), as dificuldades do Brasil em aumentar a produtividade da economia nos últimos anos podem ser explicadas em boa parte por uma visão empresarial de curtíssimo prazo, além da falta de mão de obra qualificada, gargalos em infraestrutura, falta de investimentos e burocracia. Segundo ele, muitas empresas na década passada buscaram atender à demanda crescente apenas contratando mais gente e à custa de melhorias de eficiência. A incorporação de gente no mercado de trabalho explica, segundo Bezerra, 75% da expansão econômica do período.

Para ele, a queda do ritmo de crescimento da população economicamente ativa (PEA) e os limites de baixa do desemprego exigem que as empresas mudem o foco, com ganhos de produtividade vindos da automação produtiva, de esforços para aumentar o valor de produtos e, especialmente, da educação. "Em geral, o país tem um déficit de talento ligado ao problema ainda não resolvido da educação".

 



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