Zero Hora/RS
Obras para a Copa podem parar
CRISE DA AREIA Projetos de trânsito para BRT, sistema de ônibus com maior velocidade, devem ser paralisados por falta de insumo, diz construtor O impasse sobre a extração de areia do Rio Jacuí pode ter a primeira consequência mais drástica nos próximos dias. A ameaça recai sobre dois projetos de mobilidade urbana preparatória para a Copa do Mundo na Capital.
As obras dos corredores da Bento e da Protásio param esta semana afirma Nilto Scapin, diretor do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado (Sicepot), referindo-se à nova pavimentação em concreto das avenidas Bento Gonçalves e Protásio Alves, que servirão para o trânsito de BRTs, sistema de ônibus com maior velocidade e capacidade de passageiros.
As obras têm no consórcio a participação da Conpasul, empresa na qual Scapin é sócio. Apesar de já ter feito alerta 15 dias atrás, alega que foi possível driblar a falta de areia buscando o insumo mais caro em outras regiões. Agora, a escassez estaria causando espaçamento nas entregas de concreto e será preciso escolher obras para sacrificar. Até o momento, os transtornos foram reduzidos devido ao feriadão e à chuva, o que diminuiu o ritmo das obras, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon), Paulo Garcia.
Segundo Scapin, melhor parar a obra do que correr o risco de ter de esperar por material com o trânsito interrompido no local. A Secretaria de Gestão da Capital afirma não ter sido notificada de nenhum problema e, por enquanto, o cronograma está mantido. O Sicepot diz que fará a notificação hoje.
Diante de liminar concedida pela Justiça Federal no dia 15 de maio, obrigando as três mineradoras que abastecem 95% do mercado da Região Metropolitana a suspender a extração devido a danos ambientais, as entidades ligadas ao setor voltaram a sustentar que cabe ao governo gaúcho tentar solução para o problema.
Entre os assuntos discutidos ontem em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo gaúcho foi destacada a necessidade de implementação do zoneamento ecológico econômico, para estabelecer critérios para a exploração de recursos naturais em cada região. O tema será tratado em reunião no dia 3 de julho.
Diante do questionamento de que poderiam estar usando areia extraída de forma irregular, os sindicatos alegam ser apenas consumidores, lembram da omissão do Estado na fiscalização e ainda ressaltam a antiga defesa do uso do Guaíba como opção ao Jacuí, o que também depende de estudos que vão levar pelo menos dois anos para serem concluídos.
CAIO CIGANA
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