
AGÊNCIA CBIC
O PIB surpreende, mas segue em zigue-zague
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02/09/2013 |
Valor OnLine O PIB surpreende, mas segue em zigue-zague Os dados da atividade econômica, divulgados pelo IBGE, mostram uma surpreendente expansão de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano sobre o primeiro. A taxa de crescimento superou as expectativas mais otimistas e a composição da retomada é mais sólida do que no passado recente, quando o consumo crescia à frente da produção. A economia brasileira, apesar da pouca crença de economistas e analistas do setor privado, se mostrou em franca recuperação no primeiro semestre deste ano, quando o PIB apresentou variação de 0,6% e de 1,5% no primeiro e segundo trimestres, respectivamente. A agropecuária (3,9%), os serviços (0,8%) e a indústria (2%) deram importante contribuição para esse desempenho. O destaque, no entanto, ficou por conta do expressivo aumento do investimento. A formação bruta de capital fixo (investimentos em máquinas, equipamentos e na construção civil) cresceu 3,6% no segundo trimestre em comparação ao primeiro e a taxa de investimento subiu para 18,6% do PIB, embora ainda esteja aquém dos 19,6% de 2010. Depois de amargar cinco trimestres consecutivos de queda, o investimento está há três trimestres – desde o último período do ano passado – em expansão. Já o consumo avança de forma modesta. O reequilíbrio entre esses dois componentes garante a ampliação da capacidade produtiva mais adiante e a transição de uma economia puxada mais pela oferta do que pela demanda. As exportações aumentaram 6,9%, enquanto as importações cresceram 0,6%. A demanda externa desta vez deu uma contribuição positiva para o crescimento da economia no período. O passado, portanto, parece perfeito. Mas há, no mercado, quem vislumbre um futuro ameaçador. A expectativa do governo é de que a atividade econômica desacelere no terceiro trimestre, mas volte a crescer de forma mais acentuada nos três últimos meses do ano, encerrando o exercício na casa dos 2,5% ou até um pouco mais. Os índices de confiança do consumidor melhoraram nas últimas semanas, depois de piorarem substancialmente em julho. Já os dos empresários ainda não reagiram. O Banco Central crê que o processo de recuperação da confiança é fruto da firme atuação do Comitê de Política Monetária (Copom), que já elevou a taxa Selic em 1,75 ponto percentual, de 7,25% ao ano para 9% ao ano. O governo conta, também, com o eloquente desempenho do segundo trimestre para reanimar os empresários ainda reticentes; e confia que as concessões, se bem sucedidas, vão colocar uma pá de cal no mau humor dos investidores com o país. Há uma missão oficial na China para atrair investidores para o leilão de petróleo do campo de Libra e a área econômica não tem medido esforços para resolver as pendências com as empresas privadas interessadas nas concessões de rodovias, aeroportos, portos e ferrovias. Já os economistas que acompanham dia a dia os indicadores que medem o pulso da economia antecipam que a recuperação do segundo trimestre terá fôlego curto e que o terceiro trimestre poderá não crescer ou até mesmo ser ligeiramente negativo. Essa abrupta interrupção decorreria das novas condições dos mercados internacionais após maio, com impacto sobre a depreciação da moeda local, das acentuadas quedas nos índices de confiança do consumidor e da indústria e das manifestações de protesto que tomaram as ruas do país em junho. De forma geral, os analistas econômicos começaram a rever as projeções de crescimento para 2013 para percentuais entre 2% e 2,5%, mas os prognósticos para o terceiro trimestre estão sendo reestimados para baixo. Nesta semana a divulgação de dados sobre os dois últimos meses vai dar mais clareza à intensidade da desaceleração ocorrida. O IBGE divulga a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de julho. O mercado não espera um dado bom. Há o receio, também, de que a indústria automotiva, cujos indicadores de agosto saem na quinta feira, apresente queda de produção. Uma primeira constatação diante dos dados divulgados na sexta feira pelo IBGE é que o pessimismo instaurado nos mercados estava além da realidade.
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