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AGÊNCIA CBIC

18/05/2011

O mapa da mina para o emprego

 

"Cbic"
18/05/2011 :: Edição 100

Jornal Correio Braziliense/BR – 18/05/2011

o mapa da mina para o emprego

Regiões mais pobres, como o Norte e o Nordeste, lideram a abertura de
vagas com carteira assinada. Indústria e construção contratam mais no
Centro-Oeste

» CRISTIANE BONFANTI

» LARISSA GARCIA

ESPECIAL PARA O CORREIO

O Brasil criou 272.225 empregos formais em abril. O resultado mostra queda
de 10,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram abertas 305.068
vagas. Mas, independentemente desse desempenho nacional, estados da Região
Norte, como o Amazonas e o Pará, e do Nordeste, como a Bahia, ampliaram a
oferta de trabalho com carteira assinada na mesma comparação.

A Paraíba, que havia apontado saldo negativo de 206 postos entre março e
abril de 2010, abriu 1.902 vagas no mês passado. Os dados reforçam a tendência
de desconcentração da economia brasileira, movimento que, ao longo dos últimos
anos, vem beneficiando as áreas mais pobres do país.

Com forte expansão, estados conhecidos como exportadores de mão de obra para
os grandes centros urbanos passaram a atrair investimentos e trabalhadores.
Dados do Ministério do Trabalho mostram que, de 2008 para cá, depois do estouro
da crise financeira internacional, o Norte do país apresentou o maior
crescimento na criação de empregos formais – foram abertas 144.277 vagas no ano
passado, ante 60.582 dois anos antes – um aumento de 138,1%. No Nordeste, a
elevação foi de 89,8%, de 266.642 para 506.186. Enquanto isso, a abertura de
vagas no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste cresceu em ritmo mais lento, 49,1%,
39% e 30,8%, respectivamente.

Volta para casa

No primeiro quadrimestre deste ano, os resultados para todo o Brasil foram
animadores: 880.717 empregos. No Centro-Oeste, que abriu 105.513 postos no
período, atrás do Sudeste e do Sul, o desempenho foi puxado pelos setores da
indústria da transformação, dos serviços e da construção civil. Em abril, o Centro-Oeste criou 21.237 vagas,
ante as 10.551 abertas em março. No DF, houve uma criação líquida de 5.244
postos, com expansão de 174% em relação aos 1.913 de março.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, chamou a atenção para o desempenho mais
modesto da região Nordeste nesse período, devido às chuvas que prejudicaram o
cultivo da cana de açúcar. Ainda assim o ministro confirmou a tendência de
desconcentração da mão de obra no Brasil. "Atualmente, o fluxo migratório
é diferente. Os nordestinos estão voltando para os estados de origem. Além
disso, a região está atraindo trabalhadores de fora", salientou.

Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Armando Castelar, o aumento
do preço das commodities (produtos primários com cotação internacional), depois
da crise mundial, beneficiou diretamente a economia de estados agrícolas.
"É um efeito de longo prazo, uma desconcentração positiva da atividade
econômica. Claramente, são estados que, além de estarem fora do eixo Rio-São
Paulo, são ligados à agricultura", observou.

Além da força da agricultura, o governador de Roraima, José de Anchieta
Júnior (PSDB), afirmou que a construção
civil
tem forte impacto no aquecimento do mercado de trabalho. "Nos
últimos três anos, fizemos obras estruturais muito importantes para o estado.
Agora, estamos reconstruindo a BR-174, que liga a Região Norte aos países do
Caribe, e isso tem criado empregos tanto na capital quanto no interior",
disse. Segundo ele, com a regularização fundiária, a tendência é de que a
produção agrícola avance mais. "A vocação do estado é o setor primário.
Também devemos ter mais oportunidades no comércio, devido à estabilidade econômica
e ao aumento da renda da população", ressaltou.

O economista da Opus Investimentos José Márcio Camargo destacou, ainda, a
importância dos programas de transferência de renda tocados pelo governo
federal, mais precisamente o Bolsa
Família
, para alavancar a atividade no interior do país. "Essas
medidas aumentam a demanda da população por bens e serviços e,
consequentemente, impulsionam o mercado de trabalho. Nos anos 1990, começou um
movimento de interiorização. A tendência é que isso continue", apostou.

Nova geografia

Na Bahia não é diferente. Com 30.474 vagas formais criadas apenas nos quatro
primeiros meses deste ano, o estado tem se destacado no setor de serviços e na construção civil. "Mesmo depois
da crise, seguimos apresentando recordes na criação de empregos. Cerca de 80%
dos postos foram abertos por micro e pequenas empresas. E o Bolsa Família teve relevância,
principalmente, no interior do estado", disse o diretor-geral da
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do estado, Geraldo Reis. Ele
contou que as alterações no cenário econômico estão mudando a cara da Bahia.
"Quem sai do Aeroporto Internacional de Salvador e segue pela Avenida
Paralela percebe a construção de bairros inteiros. Além disso, tínhamos apenas
dois shoppings. Nos últimos três anos, outros três foram erguidos",
afirmou. A perspectiva é de que o estado cresça, em média, 5% ao ano até a Copa
do Mundo de 2014.

O economista da Faculdade da Academia Brasileira de Educação e Cultura
(Fabec-RJ) Max Monteiro, alerta para os problemas sociais que a interiorização
das vagas e a migração de trabalhadores para as regiões Norte e Nordeste podem
causar. "O questionamento é sobre os transtornos a que esses fenômenos vão
levar. A Coreia do Sul fez 30 anos de reforma educacional para ter a atual
quantidade de engenheiros e técnicos. Nós precisamos de capital humano de
qualidade para que as novas necessidades do país sejam satisfeitas. Caso
contrário, se não tivermos base para o aumento da demanda, a consequência será
a inflação", observou.

Apagão

De fato, com o recorde na criação de empregos, a preocupação de governos e
empresas é encontrar profissionais capacitados. Um dos setores mais críticos é
o da construção civil, por causa
do crescimento do mercado imobiliário
no país e das obras do Programa de
Aceleração do Crescimento
(PAC).
Estudo da Confederação Nacional da
Indústria
(CNI) revela
que a falta de mão de obra qualificada atinge 89% das construtoras.

A
situação é comum no Amazonas. Ao comemorar a criação de 18.586 vagas apenas nos
primeiros quatro meses deste ano, a secretária do Trabalho do estado, Iranildes
Caldas, ressaltou a dificuldade em encontrar profissionais. "Infelizmente,
esse é o gargalo no Amazonas. Hoje, todos os pedreiros e carpinteiros bons já
estão empregados", disse.



"Cbic"

 

 

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