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AGÊNCIA CBIC

27/11/2023

Novos paradigmas na qualificação de profissionais na construção: desafios e soluções

No dinâmico cenário da construção civil, marcado por avanços tecnológicos e desafios constantes, os paradigmas para a qualificação de profissionais emergem como pauta central. O tema, de alta relevância para o setor, foi amplamente discutido em um dos painéis da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), durante o evento Construa Maranhão.

Ricardo Michelon, vice-presidente de Política de Relações Trabalhistas da CBIC, destacou a importância fundamental das pessoas como insumo primário no setor da construção. “O nosso setor tem alguns insumos principais: um deles são os materiais que a gente aplica nas nossas obras e outro é o recurso financeiro, e tem um outro insumo que são as legislações, aprovações e permissões, mas talvez o principal insumo seja as pessoas. E é nesse contexto que a gente gostaria de colocar o nosso foco na discussão.”

Michelon ressaltou a paradoxal realidade enfrentada pela construção civil, onde empresas demandam profissionais qualificados, enquanto uma parte significativa da sociedade enfrenta o desemprego. Essa disparidade, conforme apontado em diversas pesquisas sobre os desafios do setor, evidencia a escassez de profissionais qualificados como um dos principais obstáculos. O vice-presidente da CBIC enfatizou que o setor precisa enfrentar esse desafio com inteligência, propondo soluções que unam as pontas dessa equação complexa.

No centro desse debate está a atuação de instituições como o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Michelon destacou a presença dessas instituições em todos os estados brasileiros, sua capacidade técnica e operacional, além dos recursos disponíveis. Para ele, o desafio reside na inteligência de articular esforços, visando uma abordagem mais ampla e integrada para enfrentar a carência de profissionais qualificados. “A gente pode contribuir muito dando caminhos e colocando esse tema na mesa”, enfatizou Michelon, apontando para a necessidade de colaboração e cooperação entre setor privado e instituições educacionais.

A necessidade de repensar os paradigmas para qualificação de profissionais na construção civil foi destacada pelo superintendente regional do Sesi Maranhão, Diogo Diniz Lima. Em sua fala, Lima ressaltou a importância estratégica da construção, classificando-a entre as cinco atividades mais relevantes na contribuição para o sistema. Ele salientou a abundância de mão de obra no país, diferenciando-o de outros lugares, e defendeu uma abordagem mais estratégica e proativa por parte do setor.

O superintendente regional do Sesi Maranhão também abordou a dimensão social emergente dessa questão, enfatizando que o setor da construção é tão crucial para o Produto Interno Bruto (PIB) que tem o poder de influenciar a formação da agenda, não apenas direcionada aos empresários, mas também aos trabalhadores. Lima apontou a necessidade de utilizar as ferramentas disponíveis para despertar o estado, tirando-o da zona de conforto e direcionando esforços para garantir o básico, pois, como ressaltou, “não se constrói sem mão de obra.” 

“Achar essa mão de obra e ter essa mão de obra no mercado garante produtividade e um custo possível para a realização das obras”, concluiu Diogo Diniz Lima, sublinhando a importância de uma abordagem mais estratégica e proativa na qualificação de profissionais para o setor da construção civil. 

A vice-presidente de Responsabilidade Social da CBIC, Ana Cláudia Gomes, destacou a complexidade da questão ao afirmar: “As pessoas não querem trabalhar na construção civil, não têm orgulho de ser. Isso é inclusive uma campanha da Comissão de Responsabilidade Social da CBIC, que é a ‘Orgulho de Ser a Força que Constrói o país’.” Esse desafio, segundo Gomes, vai além de simples capacitação técnica; trata-se de resgatar o orgulho e a valorização dos profissionais da construção.

Ana Cláudia Gomes argumentou que a responsabilidade pela transformação desse cenário recai sobre os gestores do setor. Ela enfatizou a importância de permitir que os trabalhadores se apropriem de seu trabalho: “A gente precisa que esse trabalhador volte a ter orgulho de ser o trabalhador da construção civil. E acho que isso é uma função do gestor, pois você tem que permitir que aquele trabalhador se aproprie do trabalho dele. Precisamos permitir que os nossos times tenham esse orgulho de pertencer, entendam o contexto, a importância do que estão fazendo.”

Além disso, a vice-presidente ressaltou a necessidade de os empresários compreenderem que o reconhecimento das empresas no setor dependerá cada vez mais do compromisso com o desenvolvimento e formação de suas equipes.”Os empresários precisam entender que as empresas deles serão cada vez mais reconhecidas pelo seu time, pelas pessoas que vão formar e desenvolver.”

No que se refere à mão de obra, Ana Cláudia Gomes frisou a importância de os empresários investirem no treinamento e desenvolvimento. ”O empresário também precisa entender que a mão de obra não vai chegar pronta, ele precisa investir no treinamento e desenvolvimento dessa mão de obra.” Para ela, a construção de um novo paradigma na qualificação profissional na construção não apenas exige mudanças estruturais, mas também um comprometimento integral dos gestores e empresários com a valorização e capacitação de seus colaboradores.

Concluindo o debate, Dionyzio Klavdianos, vice-presidente de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, destacou a complexidade do tema, ressaltando a singularidade da indústria da construção civil. “Esse é um tema complexo e a gente está cansado de ver como as coisas estão acontecendo, mas é que a construção civil não é uma indústria qualquer, é uma indústria talvez a mais antiga do mundo, desde quando as pessoas se tornaram racionais. Então ela tem uma história muito grande que talvez nenhuma outra indústria tenha”, afirmou Klavdianos.

A fala do vice-presidente ressalta a importância de compreender a construção não apenas como uma atividade econômica, mas como parte integrante da história e evolução da sociedade. No entanto, Klavdianos alertou para as consequências da falta de mão de obra qualificada na indústria, uma preocupação urgente que afeta diretamente a capacidade de crescimento e inovação do setor.

“O que podemos deduzir dessa falta de mão de obra? A gente está perdendo mão de obra para Uber, iFood, e a gente está vendo isso e não está fazendo nada. E como a indústria depende da mão de obra e a gente não está conseguindo reter e dar condições para esse trabalhador que faz a construção acontecer”, destacou Klavdianos, apontando para a competição desigual enfrentada pela construção na busca por profissionais qualificados.

Para Klavdianos, superar os desafios atuais exige uma abordagem inovadora e integrada, envolvendo colaboração entre setores, investimentos em programas de qualificação e a criação de condições mais atrativas para os trabalhadores da construção. “A busca por soluções eficazes se torna essencial para garantir a sustentabilidade e a prosperidade da indústria da construção no Brasil”, finalizou. 

O tema tratado tem interface com o projeto “Segurança e Saúde no Trabalho e Relações Trabalhistas na Indústria da Construção”, da Comissão de Política e Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi); com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção”, da Comissão de Responsabilidade Social (CRS/CBIC), com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional), e com o projeto “Inteligência e Estratégia para o Futuro da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT/CBIC), em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).



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