Brasil Econômico/BR
Novos negócios na esteira da responsabilidade ambiental
TEXTOS IOLANDA NASCIMENTO
Mudanças legais impulsionam a criação de empresas de diferentes áreas
A maior responsabilidade da sociedade com o meio ambiente, seja pela maior conscientização de empresas e consumidores ou pelas exigências legais, tem possibilitado também o surgimento de novos e promissores negócios.
A Estação Resgate, fundada em 2009, e a Rica Water, criada há cinco anos, são empreendimentos que surgiram na esteira dessa demanda e que acreditam que a tendência de uma economia mais sustentável é irreversível.
Tanto que seus fundadores investiram todas as suas economias na implantação dos modelos de negócios, já que àquela época as linhas de financiamento eram ainda mais escassas.
A Estação Resgate recicla resíduos da construção civil, transformando toda essa espécie de entulho em materiais utilizados, por exemplo, em pavimentação de estradas, ruas e avenidas e na fabricação de concreto para aplicação em fases não estruturais de construções.
Já a RicaWater desenvolve tecnologias exclusivas para tratamento de efluentes e reúso de água, como aeradores que não utilizam químicos e estações de tratamento compactas, soluções que gastam até cinco vezes menos energia elétrica em seus processos. "O nosso diferencial está na sustentabilidade integral", diz Kadu Bulla, diretor da Rica.
Fundada por Gilberto Meirelles, a Estação inovou também no modelo de negócio: são cinco unidades em funcionamento, quatro em fase de implantação e em cada uma delas a composição societária é diferente. "É similar ao sistema franquia, mas não igual, e em cada uma a minha participação na sociedade pode variar de acordo com a distância, o que representa um maior ou menor envolvimento na gestão", explica Meirelles, acrescentando que os novos sócios foram chegando à medida que o negócio foi se mostrando vitorioso.
Atualmente, diz Meirelles, cada unidade tem média de 15 funcionários e o faturamento varia de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão por ano, de acordo com o tamanho da operação.
"Todas as unidades são lucrativas e o retorno do investimento ocorre em torno de 2,5 anos", afirma. Os negócios da Estação ganharam bastante impulso, segundo o executivo, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, e com a sua reedição em 2014, ele espera um novo salto. "Em 2009, quando começamos, existiam no máximo 10 recicladoras no Brasil e hoje são cerca de 300, mas o País recicla hoje no máximo 20% do seu potencial, mas era quase zero em 2009. Estou me preparando para crescer muito mais e ter um grande investidor." Na Rica Water, este será o ano da virada.
Desde que foi criada, a empresa só arrecadou para pagar as despesas e seus três jovens sócios tiveram de se desdobrar em outras funções para manter os investimentos no sonho de torná-la uma referência em sustentabilidade nessa área de atuação. Alguns investidores anjos foram seduzidos pelo projeto no meio do caminho e, ainda hoje, ficam com parte das vendas. "A nossa tecnologia é muito nova e precisava de tempo para ser maturada e testada, além disso o mercado começa a acordar para necessidade de tratar efluentes e reusar água", diz o diretor da Rica, que deverá fechar o ano com R$ 600 mil em vendas. "O suficiente para cobrir os custo e começar a distribuir um pro labore." Segundo o executivo, as vendas estão tão fortes este ano que a empresa já planeja investir no aumento da capacidade, em 2014.
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