Nossas regras são ultrapassadas

ENTREVISTA Paulo Garcia, presidente do Sinduscon-RS Driblar a carência de mão de obra qualificada e a burocracia são duas das principais propostas que o engenheiro Paulo Vanzetto Garcia, diretor da GC Engenharia, terá à frente do seu segundo mandato como presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS). Empossado na noite de segunda-feira, na Capital, para o biênio 2011/2013, Garcia concedeu a seguinte entrevista:

Zero Hora   Quais os principais desafios que o senhor terá neste segundo mandato?

 Paulo Garcia   Quando assumi a entidade em 2009, dizia que tinha a sorte de estar entrando em um momento completamente diferente da construção civil, de crescimento muito forte. O que muda agora é que estamos estabilizando esse crescimento. Atingimos um patamar e navegamos em uma velocidade de cruzeiro. Precisamos avançar, a construção precisa crescer mais. Temos um déficit habitacional. Precisamos pensar em saneamento básico, em novas escolas. E isso requer alguns desafios, como a mão de obra qualificada.

 ZH   Depois de um 2010 de auge e um 2011 mais comedido, qual a projeção que o senhor faz para o setor em 2012?

 Garcia   Todos os indicativos mostram que a construção civil tem um longo período de vento a favor. Até pela opção de política econômica do governo Dilma. Mas precisamos fazer mudanças, atualizar o país. O Brasil de hoje, economicamente, vai aos solavancos porque nossas regras são ultrapassadas. Tanto as regras trabalhistas quanto as tributárias.

 ZH   Que tipo de investimento e qual será o perfil de quem irá puxar o mercado de vendas a partir de agora?

 Garcia   Tenho expectativa de que a nova classe média continue sendo a mola propulsora da construção. Na análise que temos dos últimos anos houve uma mudança do perfil do consumidor, exatamente na direção da nova classe média. Os apartamentos de dois quartos estão vendendo mais do que os de três. Em Porto Alegre, apartamentos na faixa de até R$ 200 mil representam em torno de 60% das vendas.

 ZH   Quais as maiores dificuldades que a construção civil enfrenta no Estado?

 Garcia   Dificuldades na contratação de mão obra especializada e burocracia. O tempo médio para a aprovação do projeto, em Porto Alegre, fica em torno de um ano.