
No ENIC, especialistas apontam que investir em pessoas é chave para aumentar a produtividade no setor

A importância estratégica da mão de obra para o crescimento da produtividade no setor da construção brasileiro foi tema central do painel Mão de Obra: O desafio da produtividade no Brasil, duramente o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da sexta-feira (11/04). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo. O debate reuniu especialistas e lideranças do setor para discutir os gargalos e as soluções para reter talentos, atrair novos profissionais e desenvolver lideranças em um cenário atual de transformações no mundo do trabalho.
A produtividade dentro da construção está relacionada com a gestão de pessoas, segundo os especialistas que participaram do painel. O presidente da CBIC, Renato Correia, destacou que o caminho está em pensar dois aspectos importantes: entender como a produtividade é medida em cada empresa e rever a cultura organizacional. “A forma que nós tratamos os nossos operários tem que mudar radicalmente, em como investimos em treinamento e estimulamos a remuneração, precisamos entrar em um novo paradigma. E esse é um assunto para o dono da empresa, sentar, ajudar e resolver”, apontou.
Para a mediadora Ana Cláudia Gomes, vice-presidente de Responsabilidade Social da CBIC, que abriu os debates, é fundamental avaliar o nível de satisfação dos trabalhadores. “Nada pode ser aprimorado se não for previamente medido. Mudar as relações de trabalho dentro dos canteiros de obra muda esse jogo”, destacou. Ela também ressaltou a importância de as organizações se adaptarem às novas gerações, abrindo espaço para esse novo perfil de profissionais. Nesse sentido, mencionou o CBIC Jovem, programa criado há dez anos com o objetivo de formar e preparar jovens lideranças que irão perpetuar o trabalho das entidades da construção em suas regiões.
O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
Estratégia diferenciada – Um dos grandes desafios do setor, segundo Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, é a industrialização da construção. Ele defendeu a ampliação da modularização como forma de acelerar e modernizar as obras no país. “Capacitar a mão de obra em todos os níveis — do estagiário ao engenheiro, passando pelos profissionais do canteiro — é o caminho para alcançar esse objetivo”, afirmou.
A CBIC tem desenvolvido pesquisas sobre a mão de obra dentro da indústria e trabalha em três eixos: atração de talentos, industrialização e comunicação para entender o cenário. Segundo Ricardo Dias Michelon, vice-presidente de Política de Relações Trabalhistas da CBIC, o setor tem desafios específicos que precisam de medidas bem pensadas para cada demanda. “A nossa indústria é diferente, tem uma cultura de trabalhar sob medida, temos uma sazonalidade, é itinerante, é nessas diferenças que a gente precisa se debruçar, é onde a gente precisa achar ações incentivo a curto prazo e de quebra de paradigmas a longo prazo”, explicou.
Já Vinicius Benevides, diretor da Dimensional Engenharia, também presente no painel, destacou a necessidade de compreender os anseios dos trabalhadores, que hoje valorizam cada vez mais a flexibilização das jornadas — algo que a atual legislação trabalhista ainda não contempla totalmente. “O Brasil já conta com canteiros de obras extremamente seguros, oferece diversos benefícios e tem o segundo maior salário médio de entrada no setor. Diante desse cenário, é preciso refletir: o que ainda falta para atrair e reter esses profissionais?”, provocou.
Para receber uma nova mão de obra e reter talentos, Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, apresentou uma série de formações que o órgão propõe, lembrou da importância do empresário fazer esse movimento de qualificação da equipe e adiantou que neste ano eles pretendem atender 33 mil empresas. “É preciso pensar que a formação não é o fim e sim o meio para realizar. É preciso investir em pessoas, desde a entrada desta mão de obra no mercado até a mudança de cultura. Por exemplo, temos a questão das mulheres que têm um interesse maior do que o de homens no setor, vamos abrir essas portas. É assim que se aumenta produtividade”, concluiu.
O tema tem interface com o projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção”, da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).