
AGÊNCIA CBIC
11/08/2011
Ministra cobra construção sustentável
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11/08/2011 :: Edição 155 |
Jornal Diário do Comércio – MG/MG 11/08/2011
Ministra cobra construção sustentável
Para Izabella Teixeira, o meio ambiente precisa fazer parte da solução, e não ser visto como uma restrição.
A ministra do Meio Ambiente discursou no 4º Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável
A ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, lançou um desafio aos empresários, durante o SBCS11 – 4º Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, encerrado sexta-feira, no centro de convenções do Sheraton São Paulo WTC. "Coloquem na mesa um projeto de desenvolvimento de economia sustentável para a construção civil", conclamou a ministra.
Para Izabella Teixeira, o meio ambiente deve fazer parte da solução. "Nesse processo de engajamento, o meio ambiente não deve ser uma restrição como foi no passado. A economia verde precisa levar em conta a erradicação da pobreza, os limites do planeta, o risco e a vulnerabilidade de um crescimento populacional que deve atingir 9 bilhões de habitantes até 2050."
A ministra lembrou a importância da Rio 20 para o setor da construção. "A Rio 20 será uma conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, e não apenas sobre o meio ambiente. A economia verde será um dos temas, e o debate será conduzido num contexto que envolve não só o Ministério do Meio Ambiente, mas também outros, como o das Cidades, o setor produtivo e os consumidores, para enriquecer a discussão sobre a mudança dos atuais padrões de produção e consumo", destacou a ministra. "Apesar de ser uma conferência de chefes de Estado, precisamos do engajamento político da sociedade e de vocês, empresários", salientou Izabella Teixeira.
Na solenidade de abertura, estiveram presentes representantes dos governos estadual e municipal, de entidades do setor, empresas apoiadoras e parceiras do evento: Odebrecht, Holcim, Saint-Gobain Weber Quartzolit, Cyrela, IABr – Instituto Aço Brasil, Sabesp e Caixa Econômica Federal. Para o presidente do conselho deliberativo do CBCS, Marcelo Takaoka, o simpósio é importante "para que os empresários aceitem grandes desafios de aumentar a felicidade no contexto urbano".
A mesa foi composta pelo ambientalista Fabio Feldmann, conselheiro do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS); pelo representante do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Volf Steinbaun; o empresário Ciro Scopel, do Secovi; Guinter Parschalk, representante da AsBEA; Salette Weber, do ministério das Cidades; Sérgio Watanabe, do Sinduscon São Paulo; Marcos Penido, secretário adjunto estadual da Habitação; e Rosana Ferrari, presidente do Departamento de São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP). A diretora do CBCS Diana Csillag relatou a presença do Instituto Brasil Pnuma – o Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
No segundo dia do SBCS11, Robert Hutchinson, diretor-executivo de Pesquisa e consultor da Rocky Mountain Institute (RMI), organização voltada para soluções com tecnologias limpas para as áreas de energia, construção civil e transportes, realizou uma conferência. Hutchinson lançou algumas provocações para que os participantes pudessem refletir sobre o tema da economia verde. "Investimento em eficiência energética faz parte da economia verde", declarou Hutchinson. Ele mostrou como os projetos americanos de retrofit envolvem os agentes com bônus e metas com altos graus de exigência. "Mas o principal é que haja comunicação e compreensão por parte de todos os envolvidos, inclusive os futuros usuários, que tendem a desprezar as medidas de redução de consumo de energia implantadas nas edificações."
O painel sobre integração entre projetos de grande escala e o espaço urbano, moderado pelo professor Roberto Lamberts, supervisor do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina, apresentou outra série de palestras. Aberta com o professor da Universidade Nacional de Ciência e Tecnologia de Taiwan Cheng-Li Cheng, mostrou como os taiwaneses lidam com os riscos impostos pelos ciclos climáticos da ilha de Taiwan.
"Todo o gerenciamento de reuso, reciclagem e contenção da água segue o princípio de retorno à natureza. Precisamos ter uma atitude mais humilde", disse Cheng. Esse retorno à natureza orienta os projetos de reformulação urbana da cidade de Taipei. Cheng mostrou ainda que os desastres climáticos ocorrem por culpa do crescimento desordenado, provocando deslizamentos de encostas, rompimento de barragens e inundações.
O painel seguiu com a professora e pesquisadora da Universidade de Atenas e do Conselho Europeu sobre Coberturas Frias, Afrodite Synnefa, que revelou as novidades no setor que melhoram a qualidade térmica das edificações e das cidades. Ela comentou ainda o uso de materiais com cores frias em pavimentações. Perguntada sobre os problemas com excesso de luminosidade, Synnefa respondeu que os bons projetos resolvem qualquer tipo de desconforto para motoristas e pilotos de helicópteros.
O CBCS divulgou posicionamento para recomendar que, antes de qualquer política pública, seja feita uma análise das alternativas técnicas disponíveis. "Soluções precipitadas podem causar prejuízos ambientais e econômicos para a cidade e a população", conclui o documento.
O professor da Universidade de Columbia Trent Lethco, urbanista associado ao Arup, preparou um discurso com soluções voltadas para a cidade de São Paulo. "Existem soluções para São Paulo", disse Lethco. Ele lembrou que muitos dos atuais problemas já foram enfrentados por metrópoles americanas.
Mostrando o caso de Manhattan, em Nova York, Lethco lembrou que os pocket parks e outras reformulações criam pontos de interesse capazes de agregar significado às comunidades. Redes de caminhos para pedestres, ciclovias e recuperação de espaços como "minhocões" abrem espaços de ocupação urbana sem emissão de CO2. Mais: gestão de calçadas, gerenciamento de caminhões de entrega de cargas, faixas exclusivas para carros com mais de um ocupante e patrulhas de remoção de acidentes podem melhorar a mobilidade de qualquer centro urbano.
Inovação – No painel, mediado pelo professor de Materiais e Componentes de Construção Civil da Escola Politécnica, o simpósio lançou o tema da inovação no contexto da sustentabilidade. Sobre isso, o professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do Comitê Técnico de Materiais do CBCS, Vanderley John, abordou novas aplicações de materiais existentes. Ele apresentou casos como o do concreto fotocatalítico, materiais com mudança de fase e fachadas com energia zero.
No mesmo painel, o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas Sergio Angulo discutiu as dificuldades das empresas e dos fabricantes de materiais para o atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Angulo apontou alguns caminhos como a reciclagem de baixo custo no próprio canteiro e o uso de resíduos de construção e demolição em aplicações como pavimentação. Para o pesquisador, ainda existem alguns empecilhos que o debate e a regulamentação precisam encaminhar. Ele deu exemplos: madeira com biocida, gesso misturado com concreto e argamassa pigmentada.
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