
AGÊNCIA CBIC
01/06/2012
Mesmo com ganho menor poupança é opção segura
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01/06/2012 :: Edição 330 |
Estado de Minas/MG 01/06/2012
Mesmo com ganho menor poupança é opção segura Com queda dos juros básicos da economia ao patamar mais baixo da história, rendimento da caderneta terá redução. Mas analistas recomendam aplicação para quem tem até R$ 10 mil
O engenheiro Fernando Mayr, de 72 anos, torce para que sua bola de cristal funcione outra vez. Ele recorda que no governo Collor optou por retirar os recursos da caderneta de poupança e comprar um imóvel meses antes do confisco. Desta vez, em momento de mais calmaria, ele aposta na cautela. Por isso, manteve parte dos investimentos na poupança e outra parcela no CDB. "Vou esperar mais informações e clareza. Enquanto não tiver visão ampla, prefiro não mudar", diz ele.
A bola de cristal do engenheiro Mayr está em sintonia com a visão dos analistas financeiros. No geral, as avaliações estão sendo feitas em cima de apostas. Apesar de a taxa de juros da economia (Selic) estar no menor nível em sua história, em 8,5% ao ano, e de terem entrado em vigor as novas regras da caderneta de poupança, a aplicação ainda é recomendada para os investidores mais cautelosos e com capital abaixo de R$ 10 mil.
Se a poupança for comparada com os fundos de renda fixa, por exemplo, há unanimidade entre os analistas: só vale a pena a mudança se a taxa de administração do fundo estiver abaixo de 1% ao ano. "É preciso lembrar ainda que a caderneta de poupança tem seu ganho garantido por lei e não sofre qualquer tributação. O mesmo não acontece com os fundos de renda fixa, que têm incidência do Imposto de Renda, que cresce quanto menor for o prazo de resgate, além da taxa de administração dos bancos", afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
No caso das aplicações em CDBs, o professor de finanças Lucas Sodré alerta que o investidor deve estar atento às taxas de administração, que no Brasil são elevadas. "Mas são apenas os novos depósitos na poupança que estão sujeitos às regras da Selic. Os anteriores estão preservados pelos rendimentos antigos. Se o investidor estiver satisfeito, não precisa mexer", afirma Sodré. Quem aplicou na caderneta de poupança a partir de 4 de maio – quando as novas regras entraram em vigor – passa a ter rendimento de 5,95% ao ano, abaixo da antiga remuneração de 6,17% mais Taxa Referencial (TR).
Gangorra Taxa de juros e aplicações em bolsa de valores são como uma gangorra financeira, avalia Paulo Vieira, professor de finanças. "Quando os juros caem, a pessoas aceitam correr mais risco e tendem a ir para a bolsa, que é uma alternativa válida para a realidade de juros em queda", diz Vieira. O cenário internacional, no entanto, leva os investidores a ficarem mais inseguros em relação à bolsa de valores.
Ele lembra que há duas taxas Selic para serem avaliadas. A Selic básica e a de mercado, que mede a taxa média dos títulos do governo. "Se a Selic mãe cai, as filhas também vão cair", ressalta. No caso das aplicações em títulos do governo, ele ressalta que é importante ficar atento ao Imposto de Renda, que chega a ser de até 22,5% sobre o rendimento bruto nas aplicações de até seis meses, de 20% no período de seis meses a um ano, de 17,5% no período de um a dois anos e de 15% no prazo acima de dois anos.
De acordo com o Banco Central, a captação da poupança a partir de 4 de maio, com a taxa de juros atrelada à Selic, mais que dobrou em comparação com o primeiro trimestre, dada a menor rentabilidade de outras aplicações. Apesar desse cenário, o aposentado Antônio Márcio Machado, de 62 anos, prefere manter seus recursos em fundos de investimento e CDB, com variações mensais entre 0,5% e 0,7%. Ele diz que, dada a entrevista de quem trabalhou no sistema financeiro, nunca cogitou em optar pela poupança. "Ainda não vale a pena, nem para longo, nem para curto prazo. Só é boa opção para quem tem até R$ 10 mil", afirma.
Bradesco e Caixa cortam taxas
Horas depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar o sétimo corte seguido da taxa básica de juros, e baixar a Selic de 9% para 8,5%, bancos públicos e privados seguiram o mesmo fluxo e cortaram as taxas para o consumidor. Os primeiros a anunciar reduções foram a Caixa Econômica Federal e o Bradesco, com cortes de até 66,8%, mas hoje outros bancos devem anunciar também suas novas taxas. O Santander disse que "repassará a queda da Selic para os produtos de empréstimos e financiamentos destinados à pessoas físicas e jurídicas". O mesmo vale para o Banco do Brasil, que deve mexer até no crédito imobiliário.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu ultimato às instituições financeiras, dando prazo de um mês para que as taxas de juros fossem cortadas em no mínimo 30%. E prometeu fiscalização contínua para impedir que a redução fosse compensada com aumento de tarifas de serviço. Atendendo ao chamado do governo federal, o Bradesco confirmou a redução das taxas para pessoas físicas e empresas. As novas condições são válidas a partir de segunda-feira. No empréstimo de capital de giro, a taxa mínima caiu de 2,43% para 2,39% ao mês, e a máxima de 5,37% para 5,33% ao mês. Para os clientes pessoa física do Bradesco, a taxa de juros mínima do crédito pessoal foi reduzida de a partir de 1,97% para 1,93% ao mês. Na modalidade CDC veículos, a taxa mínima foi reduzida de 0,97% para 0,93% ao mês, e a máxima de 2,95% para 2,91% ao mês.
Na Caixa, os cortes são válidos para taxas em linhas como crédito consignado, cartões e financiamento de veículos. Para funcionários públicos e empregados de empresas que possuem convênio com o banco público, a redução da taxa máxima de empréstimo consignado foi de 15,69% no total anual, passando de 1,95% ao mês para 1,67%. Para os clientes que recebem salário na Caixa, o juros do cartão de crédito caiu de 1,99% para 0,89% ao mês, enquanto para os demais cartões foi criada uma taxa única de 1,90% ao mês em substituição às taxas antigas, que variavam de 4,85% a 1,99%. Além disso, a redução beneficia também segmentos empresariais, com reduções para financiamento de veículos novos. Nesse caso, as mínimas passaram de 1,47% para 0,75%, enquanto as máximas caíram de 1,88% para 1,61%._(PRF)
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