
AGÊNCIA CBIC
25/11/2011
Mercado de trabalho sai à caça de talentos
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25/11/2011 :: Edição 224 |
Jornal Brasil Econômico/BR 25/11/2011
Mercado de trabalho sai à caça de talentos Pesquisas revelam que a falta de capacitação técnica é a maior responsável pela não contratação
No ranking dos países com dificuldades no preenchimento de vagas disponíveis no mercado de trabalho, o Brasil ocupa a terceira posição, divulgou a Pesquisa Anual de Escassez de Talentos do Manpower Group 2011. Para 57% dos 876 empregadores brasileiros, o maior empecilho na seleção e contratação de colaboradores é a falta de qualificação de mão de obra, principalmente, nas áreas técnicas.
"Durante anos, o Brasil privilegiou o ensino universitário, em detrimento dos cursos técnicos e tecnólogos. Essa defasagem ainda continua.
Para complicar, a maioria dos cursos de graduação não conseguem suprir as necessidades de um mercado cada vez mais exigente, em vista das constantes mudanças e avanços tecnológicos que acontecem em todos os setores", aponta Márcia Almström, Diretora de Recursos Humanos da Manpower Brasil.
Falta engenheiro na praça Entre os profissionais com cursos universitários a maior demanda, sem dúvida, é por engenheiros de todos ramos. "Existem 600 mil engenheiros ativos no país. Mas, segundo pesquisas de órgãos de classe, até 2014, serão necessários mais 300 mil engenheiros para suprir a demanda do mercado brasileiro.
Em contrapartida, as faculdades de Engenharia formam apenas 30 mil profissionais por ano", afirma Fernando Montero da Costa, diretor de operação da Human Brasil.
Ás áreas mais deficitárias são engenharia naval, civil, química de petróleo e gás, minas e agronomia. "Em consequência, os setores mais afetados pela falta de profissionais qualificados são os da construção civil, extração de petróleo, logística, transporte e produção industrial", relata João Xavier, diretor geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos, de São Paulo.
E quando a contratação exige uma alta especificidade de conhecimentos, como a do setor de óleo e gás ou de geotecnia, ramo da engenharia civil importante na construção de rodovias e pontes, ai o caldo entorna de vez. "São carreiras para as quais existem pouquíssimo cursos no Brasil, seja de graduação ou de pós.
A saída, muitas vezes, tem sido contratar especialistas estrangeiros para preencher as vagas oferecidas", diz Montero da Costa.
Procura-se profissional multiplata forma Especialização ou mestrado, presencial ou à distância, não importa. Ao que tudo indica, a melhor saída para os profissionais diplomados conseguirem boas colocações no mercado parece ser mesmo a educação continuada em cursos pós faculdade: "A pós graduação é exatamente o aprofundamento no conhecimento em uma área mais específica.
Os resultados são melhores quando o profissional tem certeza do que quer, do que gosta e do que precisa", diz o diretor da Ricardo Xavier Recursos Humanos.
Mas uma pós graduação não serve apenas para suprir as carências da formação acadêmica.
Os cursos também ajudam na formação de um profissional multiplataforma, personagem cada vez mais solicitado pelas empresas.
Hoje não basta que um engenheiro seja um craque em movimentação de solo para a fundação de pilastras de uma gigantesca ponte oceânica, por exemplo. Além de esperar que o candidato seja uma verdadeira enciclopédia a respeito de assunto tão específico, as empresas dão preferência ao especialista que também entenda de gestão de pessoas, de negócios ou finanças.
A situação se repete em quase todos os setores." Um profissional de marketing que também entenda de e-commerce e saiba fazer a interação entre empresa, consumidor e redes sociais, por exemplo, tem maiores chances de conseguir uma boa vaga no mercado de trabalho do que aquele que é competente apenas em sua área", exemplifica Márcia Almström.
Quando menos é mais A mudança de perfil na procura de um super candidato se deve, em parte, à crise econômica que atinge países da Europa e os Estados Unidos, que têm empresas espalhadas por todos os continentes. Para diminuir custos, os empregadores preferem dar chance a poucos colaboradores qualificados trabalhando em equipes enxutas. Para atingir esse objetivo, claro, aumentam o grau de exigência sobre os candidatos. "O que não significa que os salários oferecidos sejam condizentes com o grau de exigência das empresas para o preenchimentos dos cargos", enfatiza João Xavier, executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos.
Tem mais: são tantas as mudanças que ocorrem em um pequeno espaço de tempo em áreas como informática, computação e sistemas de comunicação, por exemplo, que basta um mínimo de descuido para que o profissional se sinta defasado. "As áreas de Tecnologia demandam cada vez mais um aprimoramento contínuo, pois as mudanças acontecem em uma velocidade espantosa", conclui Rubens Hannun, diretor presidente da H2R, de São Paulo, empresa especializada em pesquisas de mercado.
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Maior procura por supercandidato se deve, em parte, à crise econômica mundial, que levou as multinacionais a preferirem poucos colaboradores qualificados trabalhando em equipes enxutas para reduzir custos.
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